Transtorno bipolar é a doença da moda e tem afetado cerca de 8% da população

Uma hora a euforia toma conta e leva o organismo ao seu limite de excitação. É energia que não acaba mais. De repente, bate uma tristeza, um desânimo. São os extremos de uma doença caracterizada por uma profunda instabilidade de humor: o transtorno bipolar, que oscila entre esse estado eufórico intenso e o seu oposto, a depressão. Conhecida desde o século XIX, só agora em que o estresse e a correria do dia-a-dia estão sempre em pauta essa doença comumente confundida com crises de mau-humor ganhou fama.
De acordo com a psiquiatra Fernanda Boeck, 38 anos de idade, sendo 14 de profissão, o transtorno atinge cerca de 8% da população, sendo que 1% sofre no nível grave, onde é comum até suicídios, já que o doente não consegue entender o que está acontecendo em sua vida. “É uma doença séria e de grande impacto na vida do paciente, de sua família e sociedade, causando prejuízos frequentemente irreparáveis em vários setores, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico”, observa.

As duas faces do humor: bipolaridade se caracteriza pelo humor completamente imprevisível

Transtorno bipolar em xeque

. Sintomas
A principal característica é a grande alternância de humor: picos de euforia e de depres-são, entremeados por períodos de normalidade. O tempo dessa alternância varia, acontecendo muitas vezes no mesmo dia. “É importante saber que diferente de quem tem um humor saudável, os que sofrem desse transtorno não costumam ser previsíveis ou flexíveis, nem respondem com proporcionalidade aos estímulos, isso porque perdem o senso crítico e a capacidade de avaliação objetiva das situações. Por não se darem conta do certo e errado podem nem perceber que estão doentes, considerando que essas alterações do humor foram causadas por um fator momentâneo”, ressalta Fernanda.

. Diagnóstico
O diagnóstico da doença bipolar deve ser feito por um médico psiquiátrico baseado nos sintomas do paciente. Não há exames que auxiliem o diagnóstico. 

. Tratamento
Não há cura para o transtorno bipolar, mas trata-se de um mal controlável. Tratamentos à base da substância lítio são os mais usados para estabilizar o humor. Além disso é indicado acompanhamento psicológico nos casos mais graves.

. Causa
A causa da doença bipolar não é conhecida. Sabe-se que os fatores biológicos, genéticos, sociais e psicológicos somam-se em seu desencadeamento. Por exemplo, uma criança que tem um dos pais com transtorno bipolar apresenta uma probabilidade de 25% de manifestar o mesmo problema. Em caso de estresse emocional ou abuso de drogas os riscos ficam de quatro a cinco vezes maiores.

. Quando manifesta
O problema geralmente aparece no final da adolescência e no início da vida adulta. Na infância, muitas vezes é confundido com distúrbio do déficit de atenção e hiperatividade. Raramente começa acima dos 50 anos, e quando isso acontece, é importante investigar outras causas.

Teste

Você pode ser bipolar?

Responda às perguntas e descubra se tem algum grau de bipolaridade

1. Você se considera com muitos altos e baixos de humor?
2. Precisa estar sempre fazendo algo ou buscando coisas novas?
3. Já teve vários momentos de apatia ou tristeza sem motivo aparente?

Em comparação com outras pessoas você...
1. Já ficou muito alegre e radiante ou irritável sem motivo aparente?
2. Já teve fases com muitos planos, falando mais rápido, alto e bastante?
3. Já se arriscou demais em alguns momentos?
4. Já teve fases ou dias de se vestir de um jeito bem mais chamativo?
5. Gasta mais dinheiro com prazeres, futilidades ou aparência?
6. Apresenta mais dificuldade para manter as coisas em ordem e tende à dispersão?
7. Já teve impulsos exagerados em relação à comida, drogas, sexo ou compras?
8. Já teve momentos de maior confiança em que se sentiu muito especial?
9. Muda de planos e objetivos com extrema facilidade?
10. Demonstra instabilidade profissional ou nos relacionamentos afetivos?
11. Tende a se magoar ou a se irritar quando alguém o critica ou desagrada?

Resultado:
Uma a três respostas sim
É pouco provável que tenha algum grau de bipolaridade.
Quatro a sete respostas afirmativas
É provável que tenha algum grau de bipolaridade.
Oito ou mais respostas positivas
É muito provável que possua algum grau de bipolaridade. Reflita e veja se é o caso de procurar ajuda médica.

"É uma doença séria e de grande impacto na vida do paciente, causando prejuízos frequentemente irreparáveis."
Fernanda Boeck