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Do amor ao sexo Edição 126 - julho de 2018

“Tem razão quem fala mais alto”

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


Será mesmo? Esta é uma afirmação que contraria toda a saúde da comunicação.

A difícil arte da comunicação é, a meu ver, uma das maiores habilidades que um casal possa ter. Aprender a ter objetivos juntos, aprender a fazer sexo de boa qualidade, aprender a criar os filhos, tudo isso faz parte da vida conjugal, mas em todas elas existe a necessidade de uma comunicação adequada. E muitas vezes a inadequação dessa comunicação acaba gerando brigas e conflitos que podem transbordar para os filhos, para o clima do dia a dia, para o humor, podendo até gerar doenças psicossomáticas.

Para alguns casais é como se a comunicação fosse ficar clara à medida em que o volume da voz aumenta, como se o grito fosse o pressuposto da razão. E em absoluto isto é uma verdade. A comunicação não violenta, a comunicação adequada, é aquela que parte do pressuposto de que os dois têm um ponto de vista e que é esta diferença de pontos de vista que deverá ser mediada, entendida, discutida até que se chegue a uma aceitação, talvez, de um ponto de vista ou até mesmo de uma divergência. Só que para isto o casal deve estar desprovido de qualquer sensação de crítica ou culpa.

A agressão verbal apenas faz com que o outro tenha medo e se cale, ou se sinta tão atacado que ataque de volta para se defender. Isto não é o entendimento da comunicação, ou uma comunicação saudável. Isto é apenas subjugação ou disputa, que, para uma boa relação, é completamente negativo.

A ideia de uma comunicação saudável parte do pressuposto de que as pessoas necessitam se ouvir, possam tolerar a explicação do outro até o fim sem se sentirem ameaçadas por este, tendo claro de que aquela colocação é apenas o pensamento do outro e não uma crítica. Depois, lógico, deve poder haver um espaço de colocar o seu ponto de vista, aonde o outro possa escutar também.

Para uma comunicação mais saudável é interessante que se use as colocações “eu penso”, “eu sinto que”, “na minha experiência”, enfim, usando sempre alguma colocação que evidencie que aquilo é uma percepção pessoal, que é um pensamento individual que está sendo compartilhado, que não é a verdade absoluta, que é apenas o pensamento de uma parte daquela conjugalidade. Isso deve ser respeitado pelos dois.

Não é o grito ou imposição que vai levar o casal a chegar a uma comunicação saudável, e sim a percepção de que existem duas ideias, duas histórias, dois pensamentos que devem ser respeitados, escutados e levados em consideração para que, a partir  disso, se possa aceitar o outro e a ideia do outro mesmo que a divergência até possa continuar existindo. Não é o casal passar a ter uma ideia apenas e sim que as ideias que existam entre eles sejam respeitadas mesmo que sejam divergentes.

Entre um casal não existe alguém que ganhe ou que perca numa discussão. O casal, sim, perde quando não respeita que existam ideias divergentes entre eles, perde quando desrespeita o seu cônjuge, perde quando fica sem a capacidade de escutar, perde quando se ofende porque o outro não se agrada dos seus pensamentos, perde quando não aguenta lidar com as suas frustrações e projeta isso no outro, perde quando desrespeita a existência do seu parceiro (a).

Quando o embate se estabelece entre um casal e uma das partes começa a mudar o tom para mais baixo ou menos desafiador, o outro naturalmente não vai encontrar eco nessa discussão. Agora, quando uma das partes começa a “puxar mais forte” a discussão, a tendência do parceiro (a) é “puxar” ainda mais, o que geralmente não leva a lugar nenhum. Ter esta consciência e saber o momento de parar pode levar o casal a se manter saudável em termos de comunicação.

Entender que entre um casal o sentimento não deva ser de disputa nem de competição, mas sim de soma, é algo que deveria ser adquirido no primeiro dia de relacionamento, se fosse possível.



Psicóloga e terapeuta sexual
 






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