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Entrevista EDIÇÃO 05 - SETEMBRO/2007

Abrindo fronteiras


A escrivã de polícia Olívia Raquel Streck, cachoeirense de 46 anos, enfrenta todos os dias um desafio: exercer uma profissão tipicamente masculina. Ela já trabalhou como secretária de escola, repórter do Jornal do Povo e passou um período cuidando somente das tarefas domésticas. Hoje, se diz realizada na profissão que exerce há 14 anos. Raquel tem dois filhos e uma neta de nove anos.



 Olívia Raquel: desafio diário de exercer uma profissão tipicamente masculina



Você já sofreu algum tipo de preconceito ou assédio por ser mulher e trabalhar em um ambiente onde a grande maioria são homens?
De forma alguma. Sempre fui tratada com muito respeito por todos os meus colegas e também pelas pessoas que atendo. Não vejo problema nenhum em trabalhar somente com homens, até porque já havia me acostumado com essa situação na época em que trabalhei como repórter.


Já sentiu medo ao precisar atender algum suspeito ou se envolveu no drama de alguma vítima?
Medo não, até porque dentro da Polícia somos todos companheiros e um sempre acaba protegendo o outro. Em alguns casos, como quando o suspeito chega embriagado ou exaltado, sempre ficamos desconfiados, mas procuro tratar todas as pessoas que atendo com muito respeito, já que a minha função não é julgar ninguém. Até hoje os casos de estupro e atentado violento ao pudor me comovem muito. Tento não me posicionar, mas é impossível não sentir raiva de quem comete esse tipo de crime.


Como policial você precisa estar sempre armada. Como vê isso?
Como somos obrigados a andar as 24 horas do dia armados, precisei me acostumar. Graças a Deus nunca precisei atirar nesses 14 anos de profissão, até porque não saio muito de dentro da delegacia. As raras vezes que vou para a rua é para cumprir mandado de busca quando sabemos que na casa mora mulher e um policial homem não poderá revistá-la.


Você precisa ter um comportamento diferenciado por ser policial e mulher?
Como todos os policiais, seja homem ou mulher, precisamos filtrar nossas amizades e não freqüentar ambientes muito tumultuados. É claro que levo uma vida normal, saio, danço, vou a festas, mas sempre tomando cuidado. Em Cachoeira, por ser um município mais tranqüilo, não corremos tanto risco, mas não estamos livres de sermos vítimas de crimes por vingança, como acontece freqüentemente nas grandes cidades.


Qual foi o momento mais difícil da sua profissão?
Foi em 1996, quando precisei ficar um mês fazendo reforço na delegacia de Santa Vitória do Palmar. Como era uma cidade desconhecida e eu não sabia que tipo de suspeitos iria encontrar, senti um certo medo, mas no fim deu tudo certo. Gosto muito do que faço e acredito que, como todas as outras mulheres, só acrescentamos na Polícia, pois existem certos casos em que o atendimento feminino é fundamental.


 "O papel da mulher dentro da Polícia é fundamental para garantir a humanização dos atendimentos, principalmente em casos especiais, como agressão à mulher ou estupros."

 






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