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Entrevista EDIÇÃO 40 - SETEMBRO 2010

Olhar para o futuro


Enquanto o comportamento típico da maioria dos brasileiros é se omitir diante de questões públicas que podem mudar o rumo das cidades onde vivem, tem um cidadão que está marcando seu nome na história de Cachoeira do Sul justamente por negar-se à omissão. O empresário, economista e colunista do Jornal do Povo, Paulo Sanmartin, 58 anos, vem lutando bravamente em nome de um dos assuntos mais importantes para o futuro do município, a concessão de abastecimento de água e saneamento básico. Sem aceitar ficar de braços cruzados e ver mais uma vez a cidade perder uma chance de garantir seu desenvolvimento, ele vem questionando o Governo e Ministério Público sobre o contrato pretendido com a Corsan.



Sanmartin: empresário vem sendo um representante do povo na luta pela não renovação do contrato com a Corsan em Cachoeira do Sul





Por que o senhor decidiu entrar na luta contra a renovação do contrato da Corsan?
Desde 1993 essa questão de concessão do serviço de água em Cachoeira do Sul me chama a atenção. Como empresário e administrador eu já tinha a percepção de que deixávamos de aproveitar uma excelente fonte de renda e também que a população estava pagando muito caro pelo serviço. Aconteceu que o então prefeito Pipa Germanos renovou às escuras o contrato com a Corsan, descoberto na gestão de Marlon Santos. Desde essa época se intensificou minha luta contra esse contrato, pois acredito que retomando o serviço o Executivo pode investir os lucros em melhorias para a população ou abrindo licitação pode exigir essas melhorias da empresa vencedora.

O que o senhor já fez de concreto em nome dessa luta?
Já fiz viagens para conhecer o serviço de água e esgoto em outras cidades onde é ele municipalizado ou não administrado pela Corsan, participei de reuniões com a prefeito Sérgio Ghignatti para tentar fazê-lo entender os prejuízos de ficarmos com a Corsan e dediquei horas de estudo a esse caso.

Então o senhor está plenamente convencido de que permanecer com a Corsan não é o melhor para Cachoeira do Sul. Por quê?

Com certeza. Cachoeira tem uma tarifa de água muito cara, enquanto tem cidade onde a população paga cerca de R$ 4,00, nós estamos pagando R$ 18,50 somente de taxa. Fora isso, a exploração desse serviço gera de lucro por mês R$ 1 milhão para a Corsan, ou seja, são R$ 12 milhões por ano, com muito pouco retorno para a cidade. Retomando o serviço, a Prefeitura teria como investir em melhorias para Cachoeira.

Tem sido uma luta árdua contra a renovação com a Corsan, o que lhe motiva a continuar na briga?
Meu amor por Cachoeira do Sul e isso não é demagogia. Amo e acredito nessa terra. Por isso, mesmo sendo difícil, vou lutar até o fim, até esgotar o último cartucho. Essa cidade já me deu tanta coisa boa, está na hora de me doar para retribuir.

Muitos comentam sobre interesse pessoal nessa luta. Ele existe?
Quando ouço coisas desse tipo, falando que tenho interesse em ganhos financeiros, fico pensando: pobre Cachoeira. Será que Cachoeira é tão desgraçada assim que ninguém pode amá-la sem nenhum interesse? Afirmo que meu único objetivo é fazer meu papel de cidadão, até porque o dinheiro que preciso para viver bem já ganho com meu trabalho, que desempenho desde os 13 anos.

Mas o que o senhor já ganhou com essa luta?
A única coisa é a satisfação de estar fazendo meu papel de cidadão. Em relação a ganho material não ganhei absolutamente nada, pelo contrário, só perdi. Essas viagens e ligações para outros municípios em busca de informações sobre o serviço de água e esgoto saem todas do meu bolso.

O senhor tem sido procurado por partidos políticos para ser candidato nas próximas eleições municipais. Tem interesse em algum cargo político?
Nunca tive interesse, mas diante da forma como nossa cidade vem sendo administrada, eu não descarto a possibilidade de ser candidato, mas somente se for para o cargo de prefeito. Entretanto, apesar de me considerar apto para administrar Cachoeira, acredito ser um cargo que me exigiria demais, então hoje nego qualquer convite, mas como disse não é definitivo. Já adianto que se um dia isso acontecer, me candidataria por um partido pequeno e não teria nenhum cabo eleitoral, deixando somente os votos por conta do reconhecimento da população sobre minha capacidade de administrar a cidade.

Essa luta por interesses da coletividade não vem de agora, o senhor já foi precursor da campanha que visa à destinação do Imposto de Renda ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumdica). Qual o seu objetivo?
Como sempre deixo claro: fazer meu papel de cidadão. No início da minha vida me voltei para a consolidação da minha empresa e meu crescimento profissional. Como já consegui isso é hora de focar minhas energias para outras necessidades. Venho tentando desde a década de 90 intensificar minhas lutas
pelo bem dos outros, pois sei , por exemplo, que muitos como eu não concordam com esse contrato da Corsan, mas acabam se omitindo ou esperando que alguém tome a frente.

Quais suas próximas lutas em nome de Cachoeira do Sul?
Existem três questões que pretendo questionar e buscar soluções ou alternativas em nome do desenvolvimento da nossa cidade: 1ª) Georreferen-ciamento; 2ª) Vereadores atrelados ao Executivo por terem indicados para cargos de confiança no Município; 3ª) Concessão para o transporte urba-
no.



“Será que Cachoeira é tão desgraçada assim que ninguém pode amá-la sem nenhum interesse?”







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