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Entrevista Edição 04 - AGOSTO/2007

Eu vou vencer este câncer


Fé e disposição é o que está ajudando o advogado e corretor de imóveis Fábio Figueiredo, 53 anos, a enfrentar um câncer no cólon com metástase no fígado há mais de um ano e meio. Casado e pai de dois filhos, ele descobriu que estava com a doença em dezembro de 2005. Fábio passou por um longo tratamento, cirurgias e sessões de quimioterapia e em março deste ano, quando estava confiante que havia se livrado da doença, veio a confirmação em um exame de rotina: o câncer estava voltando e ele precisava retomar a luta. Mesmo assim ele não se abalou e garante que apesar de todo o sofrimento, a doença veio para fazê-lo enxergar a vida de uma outra maneira.

Como você descobriu que estava com câncer?
Estava sentindo fortes dores abdominais e então procurei um médico e fiz alguns exames. A notícia chegou no dia 23 de dezembro de 2005. No momento da confirmação pareceu que meu chão estava cedendo, as coisas ficaram desordenadas, afinal foi a primeira vez que me deparei com a possibilidade concreta de morrer. Passei o Natal em casa e no ano novo já estava internado no hospital me preparando para a minha primeira cirurgia. É uma doença que não faz só o doente sofrer, mas toda a família.


Fábio: depois de achar que estava livre do câncer, veio a notícia que a doença havia voltado


Como encarou a notícia?
É até engraçado, mas a primeira coisa que perguntei ao médico foi: vou perder meu cabelo? Mas aí me dei conta que isso era o que menos importava. Não sei dizer o que foi pior, se quando descobri a doença em 2005 ou se foi quando descobri que tinha voltado, pois eu não esperava que ia acontecer de novo. Achei que estava livre para sempre. Nessa segunda vez, fui obrigado a perceber que eu não era o super-homem e que precisava iniciar uma nova caminhada. Mas uma coisa teve de bom, eu me livrei daquele medo do desconhecido, pois já sabia o que teria que enfrentar.


Você pensava que ia morrer por causa da doença?
Nunca perdi a esperança, nem hesitei em nenhum momento em buscar tratamento. Não queria sentar e esperar a morte chegar, então fui atrás da cura. Sabemos que qualquer um pode ter câncer, mas sempre pensamos que isso só acontece com os outros e que nunca chegará a nós e de repente vemos que estamos errados. Nesse momento reavaliamos a vida e vemos como ela é simples e nós é que complicamos.


Você sempre foi muito ativo. Como foi mudar a sua rotina de trabalho por causa da doença?
Não tive escolha, precisei mudar bruscamente meu dia-a-dia, mas nunca abandonei por completo as minhas atividades. Sempre que podia participava de reuniões e agilizava meu trabalho. É claro que me sentia muito cansado por causa dos efeitos da quimioterapia. De tudo o que a doença me causou, o que mais me marcou e me afastou da minha rotina foi a perda da sensibilidade nos dedos e nos pés.


O que mudou na sua vida com tudo isso?
Antes eu não me preocupava em sair de férias, só pensava em trabalhar. Hoje, vejo como eu estava errado. Mudei completamente o meu jeito de pensar. Acho que a doença me fez acordar para a vida e ver que todo mundo é igual. Não faço mais planos a longo prazo e nem valorizo as coisas materiais. Apesar da mudança, não me arrependo de nada. E como não posso voltar atrás, para mim o passado só serve como referencial para não errar mais.


"A doença me fez acordar para a vida e ver que todo mundo é igual"






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