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Entrevista Edição 03 - JULHO/2007

Com pouco dinheiro, mas feliz


Mesmo com o orçamento apertado para sustentar uma família com seis integrantes, a dona de casa Sandra Maria da Silveira, 44, não tira um minuto sequer o sorriso dos lábios. Ela enfrenta uma batalha por dia para dar melhores condições de vida aos filhos Claudiomar, 26, Cilandra, 20, e as gêmeas de 15 anos Liliane e Lidiane, esta última portadora de paralisia cerebral. Sandra mostra todo o seu jogo de cintura ao administrar as contas da casa com uma renda média de R$ 700,00, soma do salário do seu marido que é borracheiro e do auxílio que o Governo Federal dá à Lidiane. Moradora do Bairro Fátima, ela já vendeu rapadura e carregou saco de cimento para garantir o alimento dos filhos.



Sandra: para garantir o sustento dos filhos, ela já vendeu pão e rapaduras, trabalhou como doméstica, lavou roupas para fora e carregou sacos de cimento



Como sustentar a família com uma renda de pouco mais de R$ 100,00 por pessoa?
É preciso muita economia para conseguir comprar comida e pagar as contas de água e luz. Somente em remédios e fraldas para a Lidiane, a minha filha que possui deficiência, gasto mensalmente cerca de R$ 250,00. Compramos a alimentação sempre nos supermercados que estão com promoções. Minha filha mais velha chega a percorrer quilômetros atrás de um desconto, nem que seja em um só produto, para sobrar para comprarmos outra coisa.


É muito difícil viver com um orçamento tão apertado?
Na minha vida sempre foi assim, passar o mês com os trocados contados, então já me acostumei, até porque sei que tem gente em situação pior que a minha e vive com muito menos dinheiro. Já tive momentos piores, hoje vivemos bem na medida do possível, claro que com muito esforço e trabalho. Talvez se eu tivesse tido a oportunidade de estudar as coisas fossem diferentes, mas precisei parar na quinta série do ensino fundamental, pois meu pai não tinha como bancar roupas e material escolar para eu e meus sete irmãos irem à escola.


"Na minha infância passei até fome, mas decidi que isso nunca iria acontecer com meus filhos"


Qual foi a fase que você passou mais dificuldade na vida?
Na minha infância passei até fome, mas decidi que isso nunca iria acontecer com meus filhos. Já trabalhei como doméstica, lavei roupa para fora, vendi rapaduras e pães nas ruas e escolas da cidade e por último estava vendendo lingerie e cosméticos. Hoje, infelizmente, não consigo mais trabalhar, pois preciso cuidar 24 horas por dia da Lidiane, já que seu quadro clínico piorou nos últimos anos.
Quando foi a última vez que comprou uma roupa para você ou foi a um salão de beleza?
Nem lembro, deve fazer muitos anos. Como minha prioridade é o bem-estar dos meus filhos, sempre penso neles primeiro. Além disso, não posso me dar o luxo de comprar roupas e deixar faltar comida em casa. Hoje, nossa situação só não é pior porque o Claudiomar e a Cilandra me ajudam às vezes em casa, ele trabalhando como motoboy e ela vendendo lingeries.


Apesar de enfrentar tantas dificuldades você não perde o bom humor. Como consegue isso?
Mesmo nos momentos mais difíceis, como quando o tratamento da Lidiane foi suspenso depois de sete anos porque ela não havia apresentado nenhuma melhora, eu não perdi a fé e nem a esperança. Me considero uma pessoa muito feliz, pois com esforço próprio conseguimos construir uma casa, meu pai trabalhando como pedreiro e eu como servente, uma família unida e nunca mais fiquei sem ter o que comer.






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