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Entrevista EDIÇÃO 10 - FEVEREIRO 2008

Ela se deu bem


Carine Celestino, 26, é uma das cachoeirenses, como tantas outras, que saiu da cidade em busca de melhores oportunidades e conseguiu alcançar o resultado que esperava. Seu nome se tornou conhecido em 2002, quando ela posou nua pela primeira vez, estampando a seção Coelhinhas da revista Playboy.
Apesar de ter começado sua carreira de modelo por um caminho que poucas das suas conterrâneas trilharam, a jovem fez sucesso e conseguiu realizar seu grande desejo: ter condições financeiras para ter uma vida tranqüila. Ou seja, como ela mesma diz: “Dei a volta por cima”.



Carine: ascensão iniciou com ensaio nu para a seção Coelhinhas, da revista Playboy 



Como foi sua trajetória para conseguir a estabilidade financeira que tem hoje?
Nunca vi possibilidade de crescimento e nenhuma maneira que pudesse ficar rica em Cachoeira. Depois que fiz o ensaio para a Playboy surgiu a oportunidade de desfilar no Carnaval em São Paulo. Não pensei duas vezes, fui embora com a cara e com a coragem e no bolso somente os R$ 250,00 que havia ganho com as primeiras fotos nuas. Trabalhei como doméstica e depois fui garçonete. Foi nesse restaurante que fui convidada a trabalhar como assistente de palco da Monique Evans. Lá conheci o Carlos, meu ex-marido. Digo sempre que tudo o que tenho eu devo a ele. Ele foi o homem da minha vida. Ficamos juntos por quatro anos, mas terminamos há um ano.



Por que decidiu posar nua?
Venho de uma família muito pobre e meu sonho sempre foi mudar de vida e ter dinheiro para ajudar minha mãe. O primeiro convite foi feito por um fotógrafo da Playboy quando eu estava passeando em um shopping de Lajeado. Foi esse ensaio, com uma foto publicada na edição, que me abriu portas. Depois dele já apareci sete vezes em ensaios na Sexy e na Premium. Somente o ensaio que eu fiz para a Art em Lã que foi com roupa, o restante foi todo de nudez. Porém, não pretendo mais tirar a roupa para fazer fotos.



Hoje você está com uma boa situação financeira. Foram os ensaios nus que te proporcionaram isso?
De forma alguma. Para ter uma idéia, o primeiro eu ganhei só R$ 250,00. Para mim era muito dinheiro na época, já que eu não tinha nada. Em geral, as revistas pagam muito pouco para mulheres que não são famosas. Quem me deu o empurrão inicial foi o pai da minha filha. Foi com ele que viajei pelo mundo e que consegui montar a minha locadora de DVDs na Espanha, minha maior fonte de renda hoje. Também tenho um apartamento em São Paulo e um no Rio de Janeiro que estão alugados.



Qual foi o ensaio nu mais picante que você já fez e que realmente te deixou constrangida?
Com certeza foi o primeiro. Não foi picante, mas eu era uma menina do interior e fiquei com muita vergonha de tirar a roupa. Depois foi tudo mais tranqüilo, até era desconfortável, mas precisava do dinheiro. Precisava cumprir o meu objetivo de conseguir uma estabilidade financeira e já que estava na chuva era para me molhar. Não me arrependo de nada que fiz e se precisasse faria tudo novamente.



Como foi a repercussão aqui em Cachoeira de você ter posado nua?
O pessoal, em geral, é muito maldoso. Falam horrores para a minha mãe, dizem que sou traficante e que sou prostituta para me sustentar, mas não é nada disso. Hoje não consigo sair na rua sem que o pessoal fique olhando e comentando coisas desse tipo. O dinheiro que tenho foi ganho de forma honesta.



Você recebe muitas propostas para se prostituir?
Sim. Acho que por que me tornei conhecida pelos ensaios nus, os homens acham que faço programas, mas nunca fiz nada disso. O proprietário da agência de modelos que me levou para São Paulo acabou me deixando sem ter onde morar depois que descobriu que eu não queria transar com ele por dinheiro. Na época tive que trabalhar limpando a casa de um amigo para poder ficar com a família dele.



Você está de volta a Cachoeira depois de seis anos afastada?
Não. Fico alguns dias aqui por causa da minha família e da minha filha que passa a maior parte do tempo com a minha mãe. Me divido entre São Paulo, onde ainda mantenho negócios com meu ex-marido, e na Espanha cuidando da minha empresa. Inclusive abri uma locadora aqui na cidade e estou fechando, pois ao contrário da Espanha, essa só dá prejuízo.



Quais os seus projetos para o futuro?
Pretendo seguir com a minha locadora e com os apartamentos que tenho para alugar. Quero também fazer faculdade de Fisioterapia. No mais tenho planos de casar em 2009 com meu namorado que mora no Rio de Janeiro. Quero seguir dando as oportunidades para a minha filha, Maria Eduarda, que completa três anos em março, que a minha mãe não pôde me dar.

 



"Não me arrependo de nada que fiz e se precisasse faria tudo novamente."






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