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Reportagens EDIÇÃO 41 - OUTUBRO 2010

A hora da escolha


Na hora de escolher a carreira, é bom se informar, planejar a longo prazo e não temer uma guinada no futuro

Já é outubro e uma nova fase de vestibulares se aproxima. Enquanto uns estão focados somente nas matérias a estudar, para outros persiste um antigo drama: a escolha do curso que se transformará na sua futura profissão. Um passo que traz muitas dúvidas, ainda mais porque, em geral, precisa ser tomado em um momento já cheio de questionamentos e incertezas: a adolescência. A responsabilidade em decidir o caminho, a pressão da família e todo o nervosismo que as provas causam levam muitos a fazerem escolhas precipitadas ou mesmo erradas. Mas será que existe uma receita para escolher a profissão certa? De acordo com a psicóloga pós-graduada em gestão de pessoas, Cecília Chaves, 40 anos de idade e oito de profissão, receita não existe, apenas existem processos para acertar mais do que errar.
Buscar informações sobre as profissões que mais chamam a atenção, investigar os cursos que as universidades em que gostaria de estudar oferecem, tentar se autoconhecer e também ouvir a opinião dos pais e familiares. Isso mesmo, compartilhar os momentos de reflexão com a família pode render bons frutos. “Por excesso de liberalismo, muitos pais se omitem com a desculpa de não querer interferir na vida dos filhos, mas eles têm uma grande importância neste momento de escolha. Não no papel de dizer o que ele tem que cursar e sim conversar sobre o que significa o trabalho na vida e tentar identificar as aptidões do jovem”, observa. “Se mesmo assim a dúvida persistir o melhor é buscar ajuda com um psicólogo que trabalhe com a orientação profissional. Aplicar só um teste não basta, é preciso fazer toda orientação para a melhor escolha”, ressalta Cecília.
ADAPTAÇÃO - De acordo com a psicóloga, apesar de ser importante escolher certo, uma forma de diminuir a pressão é saber que essa escolha profissional não é necessariamente definitiva. Novos caminhos vão surgir durante a faculdade, o mercado de trabalho pode exigir adaptações ou uma grande guinada na carreira. “Escolher uma profissão representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, as habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se pretende ter. Então a faculdade deve ser encarada como um alicerce para a construção da vida profissional”, orienta. Afinal, é cada vez mais comum encontrarmos profissionais trabalhando fora da área para a qual se formou e isso não significa um fracasso, quer dizer que está se aceitando os novos desafios que a vida trouxe.



Carreira em xeque

As carreiras tradicionais, como Medicina, Direito, Engenharia e Administração, ainda são as mais procuradas nos vestibulares. Mas as transformações econômicas impulsionaram novas e promissoras carreiras, especialmente as que envolvem inovações tecnológicas e área de informática. Só é importante ficar atento a algumas armadilhas. Não acredite que cursar uma faculdade conceituada vai livrá-lo do desemprego e assegurar o sucesso profissional. Decidir-se por uma carreira apenas porque ela está em alta no mercado é outra armadilha e normalmente o caminho mais rápido para o abandono de uma profissão.
O cuidado deve ser redobrado em carreiras com um campo de atuação restrito e que não possibilitam mudar facilmente de área de trabalho. Ao mesmo tempo, o jovem que já se decidiu por uma carreira não deve desistir dela por causa do temor do desemprego – fantasma que ronda todas as profissões. “Independente do curso escolhido é bom ter em mente que o sucesso da profissão irá depender do gostar do que faz, pois assim o profissional terá mais autoconfiança, se tornando pró-ativo o que o fará se sobressair e chegar ao sucesso”, conclui Cecília.



Profissionais de sucesso contam como escolheram sua carreira









“O melhor em ser professor é o contato constante com crianças e adolescentes. Além de ensinar, aprendo muito com eles. Escolhi essa profissão ainda no ensino médio e me sinto realizado, não me imagino fazendo outra coisa. A única coisa ruim que tenho para destacar é o fato de muitas pessoas terem dificuldades em aceitar a necessidade de praticar exercícios e cuidar do próprio corpo”.
José Luis de Freitas, 47, professor e coordenador do curso de Educação Física da Ulbra/Cachoeira e professor na Escola Borges de Medeiros. Há 28 anos na profissão.












“Graças à certeza que tinha sobre ser médica, enfrentei três vestibulares, mas o esforço valeu a pena e me sinto realizada na profissão. A melhor parte é a satisfação de poder ajudar as pessoas e fazer o bem. Além disso, é uma profissão ainda muito valorizada. O ponto negativo é a necessidade de estar disponível sempre e ter que se privar de muitos momentos com a família em nome da profissão”.
Leila Spanemberg, 34, médica ginecologista e obstetra. Há oito anos na profissão.











“Busquei a profissão de administradora por gostar da área empresarial e do agronegócio. As vantagens são o amplo mercado de trabalho, tanto em empresas privadas como públicas, não limita o profissional a áreas específicas e ainda abre um leque de especializações. A maior dificuldade é a pouca fiscalização em relação à obrigatoriedade de participação de um administrador tanto no corpo técnico como no planejamento e desenvolvimento de projetos empresarias”.
Denise Felinberti, 28, administradora de escritório de consultoria agrícola. Há dois anos na profissão. 











“Na época do colégio, já percebi que teria talento para trabalhar com o Direito e vejo que fiz a escolha acertada. O Direito é uma profissão instigante e isso me agrada muito. Além disso, é um curso que abre um leque de oportunidades, desde concursos para magistratura até abrir um escritório de advocacia. A parte ruim é lidar com a precariedade da estrutura do poder judiciário”.
José César Pereira da Silva, 57, advogado e durante 13 anos atuou como professor e por seis anos foi coordenador do curso de Direito da Ulbra/Cachoeira.











“O curso de Arquitetura e Urbanismo é excelente e abre muitas portas. Ao contrário do que muitos pensam, um arquiteto pode fazer todo o projeto arquitetônico de uma casa ou um prédio. O que não pode fazer comparado ao Engenheiro Civil é projetos de estradas e pontes. O mais gratificante é conseguir colocar no papel o sonho de uma casa que muitas vezes vem sendo perseguido por uma vida inteira. O ponto negativo é não ter hora para trabalhar, é uma profissão que exige muito do profissional”.
André Müller, 56, há 30 anos atuando como arquiteto e urbanista.




10 coisas para levar em conta na hora de escolher a profissão

1 Conselhos são bem-vindos, mas não tome decisões a partir dos palpites dos outros.
 
2 Apostar numa carreira só porque ela dá dinheiro é arriscado. Uma profissão que paga bem hoje pode ser uma roubada no futuro. O sucesso pessoal e financeiro de sua profissão dependerá de sua atitude frente a ela e ao mercado, pois escolher profissão por status e bom salário não garante sucesso financeiro de ninguém.
 
3
Gostar de uma matéria escolar é um bom sinal, mas também pode ser uma armadilha. As profissões são mais complexas que as matérias do colégio.
 
4 Sempre é possível começar outro curso. Mas voltar à estaca zero pode ser frustrante para quem já está para se formar por isso muitas vezes essa necessidade de mudança é ignorada o que sempre causará sofrimento.
 
5
Não escolha um curso apenas pela facilidade do vestibular. Pense antes na profissão. Na ânsia de entrar na universidade, principalmente nas federais, é que se abre mão de competir por aquele curso mais disputado e, no entanto, mais desejado.
 
6
Cada época tem as suas profissões da moda. Parecem legais, mas informe-se sobre os cursos e onde os recém-formados vão trabalhar.
 
7 Procure saber tudo o que puder sobre a carreira escolhida. Se continuar confuso, peça ajuda a orientadores profissionais.
 
8 O prestígio da universidade conta na hora de entrar para o mercado de trabalho. Mas lembre-se de que a universidade só dará a base profissional, a melhor qualificação ficará por conta do aluno.
 
9 Procure saber como vivem os profissionais da carreira escolhida. Muitas delas exigem sacrifícios, como trabalho nos fins de semana ou em lugares distantes.
 
10
Não descarte uma vocação só porque há muitos profissionais na área escolhida. Sempre há espaço para um bom profissional. O que fará diferença é a paixão e a atitude pró-ativa do profissional.
 
Fonte:
psicóloga Cecília Chaves





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