O amor que resiste
A força transformadora do maternar
Nesta edição, a Linda abre espaço para relatos que tocam o íntimo do ser mãe. Sabemos que cada maternidade é única, e aqui elas serão representadas por mulheres que viveram a adoção, enfrentaram riscos durante a gestação ou carregaram no peito o peso das tentativas não correspondidas. Porque o amor materno nem sempre nasce fácil — mas quando nasce, floresce e transforma tudo ao redor. Assim como um verdadeiro milagre.
Chaiane Silva Flôres Santos, 32, pedagoga. Mãe da Mariana, 8, e do Davi, 2
“Um dos meus maiores sonhos era ser mãe de um casal, e Deus foi tão misericordioso que me concedeu essa bênção. Mas dentre tantos desafios, me deparei com um que jamais imaginei após a minha segunda gestação. Nenhum médico notou, mas aos oito meses de vida do Davi, o meu instinto de mãe me alertou de que algo não estava bem. Fisicamente ele era perfeito, mas não tinha forças para sugar o peito, emagreceu, não conseguia sentar sozinho, pegar os brinquedos...
Com um aninho de idade, eu e meu marido (Rovani do Canto Santos, 39, auxiliar administrativo) descobrimos, através de uma ressonância magnética, que o Davi tinha sofrido um AVC. Até hoje, não se sabe se foi durante a gestação ou no parto. Mas graças a Deus, a única sequela que ficou foi um atraso neuropsicomotor. Por isso, ele faz tratamento com terapias de fonoaudiologia, psicomotricidade, fisioterapia e terapia ocupacional, mas não faz uso de nenhuma medicação.
Hoje, com dois anos, Davi possui algumas limitações motoras, ainda não caminha sozinho e tem dificuldades na fala. Sonho em ouvi-lo falar ‘mamãe’, ‘papai’ e ‘mana’, e ver meu filho correndo por todos os lados. E que, certamente, a minha fé em Deus foi o que me manteve firme nos momentos mais difíceis durante esse processo.”
Jaqueline Almansa Jacob, 40, fotógrafa e mentora. Mãe da Maria Eduarda, 9, e do Pedro, 5
“Ser mãe de coração por duas vezes, sem passar pelos nove meses de gestação e planejamento, com certeza foi o maior desafio da minha vida. Minha primeira filha, Maria Eduarda, chegou à nossa família com dois meses de vida. Quatro anos depois, veio o Pedro, com apenas 41 dias. Os dois são irmãos biológicos por parte de mãe, e quando nos foi dada essa oportunidade, eu e meu marido, na época (Jacson Blatt de Oliveira, 41, técnico contábil), não pensamos duas vezes.
Ela é o meu primeiro amor, me ensinou a amar alguém além de mim e a dedicar minha vida sem medir esforços. Já o Pedro me trouxe a persistência, me mostrou que eu era bem mais forte do que eu imaginava. Com o apoio de uma profissional excelente, consegui amamentá-lo no meu seio. Foi um processo de quase 24 horas com o bebê no seio ou com sugador elétrico para induzir o leite a descer. Mas esse vínculo construído entre nós foi inexplicável, a minha maior bênção! Ter aqueles dois sorrisos me esperando é a melhor recompensa da maternidade!”
Makelen Sampaio, 30, mentora e consultora de negócios. Mãe da Cecília, 1.
“Ser mãe da Cecília é um presente esperado com muito amor e fé. Eu e meu esposo (Francesco Bernardi, 40, empresário) decidimos tentar engravidar em silêncio, achando que seria rápido; mas vivemos meses de uma espera dolorosa, testes negativos e lágrimas. Quando o positivo chegou, veio também o primeiro grande susto. Com 11 semanas, um exame apontou o risco para as três principais trissomias graves: a síndrome de Down, a síndrome de Patau (que, na maioria dos casos, leva à morte prematura) ou a síndrome de Edwards.
Naquele momento, o chão se abriu. Vieram exames genéticos, biópsia, amniocentese… uma longa espera. Os médicos não acreditavam que a gestação iria até o final, mas o meu coração de mãe sempre acreditou. Cada dia, a cada batida do coração dela, era uma vitória. Em oração, entreguei a vida da minha filha a Deus — e recebi uma promessa: ela seria curada. Aos seis meses de gestação, os resultados confirmaram que a Cecília era perfeita! O coraçãozinho estava funcionando normalmente e todos os órgãos estavam se desenvolvendo. Todos os problemas que ela tinha haviam sumido, nem o médico acreditava que era o mesmo bebê. Para mim, o maior desafio foi conviver com o medo de perdê-la. E a maior recompensa é vê-la crescer com saúde e com um sorriso que ilumina tudo. A vida da Cecília é um milagre — e ser mãe dela, a maior bênção da minha vida, a melhor coisa que já me aconteceu.”
Aline Biscaglia, 40, enfermeira. Mãe da Manuela, 5; do Joaquim e da Catarina, 1 ano e 8 meses
“Foram oito anos de espera, dor e fé. O sonho de ser mãe sempre esteve vivo dentro de mim, mas com o passar dos anos, cada menstruação era uma ferida aberta. Era como se o tempo gritasse que meu corpo estava falhando. Entrei em depressão. Sentia-me frustrada como mulher, esposa e filha. Questionava Deus, me calava, chorava sozinha. Mas foi justamente nesse ponto de dor profunda que Jesus nos encontrou de forma verdadeira.
Eu e meu esposo (Guilherme Luiz Ludtke, 36, fisioterapeuta) nos entregamos a Ele, e algo começou a mudar dentro de nós. Foi então que chegamos a um profissional que nos ajudou a trilhar o caminho. Decidimos pela fertilização, e foi aí que recebemos o nosso maior presente: a Manu. Era o milagre sendo cumprido! Após o procedimento, chegamos a assinar um termo autorizando o descarte dos óvulos que haviam restado. Mas Deus tinha outros planos.
Um tempo depois, recebi uma ligação da moça da clínica, perguntando se eu ainda tinha interesse em tentar novamente com os óvulos que, por algum motivo, continuaram armazenados. Dissemos sim! E foi então que vieram mais dois milagres: a Catarina e o Joaquim.
Entendi que o tempo de Deus é perfeito e que Ele não chega atrasado. A mensagem que deixo para outras mulheres que ainda estão nesse processo é: não desistam! O milagre vai chegar — e quando vier, você vai entender que cada lágrima valeu a pena.”
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