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Reportagens Edição 200 - Maio de 2025

Cabelos livres


Denise fez formação em São Paulo e hoje é especialista em definição de curvaturas

Transição capilar como ato de coragem e conexão 

 

Assumir o cabelo natural vai muito além de uma simples mudança de visual. É, sim, um ato de coragem que busca o reencontro com a própria essência. Em meio a tantas imposições estéticas, a transição capilar tem se tornado um caminho de liberdade para mulheres que desejam um estilo de vida mais natural, consciente e conectado com a sua própria identidade.  

 

Denise Maria Gomes Corrêa, 47, tem 10 anos de experiência na área da Beleza. Em sua trajetória, já acompanhou muitas mulheres nesse processo de assumir o formato natural dos cabelos. “Deixar de usar produtos químicos, chapinhas e secadores é libertador! É como se, por muitos anos, tivessem roubado a nossa identidade. Cresci ouvindo dizer que cabelo crespo e volumoso era feio. E para fazer parte dos padrões estabelecidos, muitas de nós recorreram aos alisamentos”, conta. 

 

A palavra-chave é: paciência 

É claro que quem decide fazer a transição capilar, espera que o resultado seja perceptível o quanto antes. Mas é aí que mora o segredo: além de coragem, o processo exige paciência e uma série de cuidados. Para muitas mulheres, o sentimento inicial é de insegurança.

 “Quando isso acontece com minhas clientes, compartilho com elas o meu processo de transição. Isso faz com que elas tenham mais confiança para não desistir”, destaca Denise. 

 

As etapas da transição capilar 

1 - Decisão e informação 
É quando ocorre a escolha de assumir a textura natural dos fios e o início da busca por conhecimento e inspiração. 
 
2 - Crescimento da raiz natural 
O cabelo começa a crescer com sua textura original, enquanto as pontas ainda têm química e, por isso, continuam lisas. 
 
3 - Textura dupla 
Nessa fase, a mulher passa a conviver com duas texturas (natural e alisada), o que exige paciência e cuidados extras. 
 
4 - Cortes regulares ou “big chop” 
Algumas mulheres preferem ir cortando o cabelo aos poucos, enquanto outras fazem o corte “big chop”, que retira toda a parte alisada de uma única vez. 
 
5 - Aceitação e redescoberta 
Com o tempo, vem a aceitação da nova imagem e o fortalecimento da autoestima com o cabelo natural. 
 
6 - Autocuidado e aprendizado 
Esse é o momento de aprender a cuidar do cabelo natural com novos produtos e rotinas. 
 
DICA DA ESPECIALISTA
Para quem já assumiu os cachos, Denise recomenda apostar na hidratação. “Costumo trabalhar com produtos para cada tipo de curvatura: ondulado, cacheado e crespo. É importante pesquisar porque, infelizmente, a maioria dos produtos de qualidade para o nosso tipo de cabelo, ainda são muito caros no mercado”, destaca. 
 
O MOMENTO QUE ROBERTA ASSUMIU OS CACHOS

“Comecei a alisar meu cabelo com 13 anos, quando fiz meu primeiro relaxamento capilar. Apesar do incômodo do cheiro que ficava por uns três dias, a importância desse alisamento para minha autoestima foi gigantesca! Ter o cabelo liso te fazia estar no padrão, pois era considerado bonito, e tudo o que um adolescente queria era se sentir incluído. Foram muitos relaxamentos, escovas definitivas, progressivas, orgânicas, nuclear, atômica, mágica… qualquer coisa que dissessem que alisaria o cabelo, as crespas/cacheadas estavam topando! 
 
Mas esqueceram (e acredito que muitos não sabiam) de nos avisar que isso poderia nos trazer sequelas, talvez não só para a saúde capilar! Se alisa, mudando a estrutura do fio, é porque tem algum produto químico muito forte (na maioria das vezes formol ou derivados), que pode causar danos imediatos, tardios e até irreversíveis no couro cabeludo, e inclusive se acumular de alguma forma no nosso organismo. Disso, só fui me dar conta quando estava chegando aos 30 anos. Em uma consulta com a dermatologista, ela foi clara e objetiva: disse que, se eu continuasse fazendo esses tratamentos, em 10 anos ou menos, começaria a ficar careca, e que não podia assegurar o que o efeito cumulativo da exposição a esses produtos poderia causar em mim. Foi o que eu precisava para, finalmente, dizer um basta! Entendo que ninguém é obrigado a deixar de alisar. Se é importante para tua autoestima se manter lisa, segue o baile! Desde que isso não afete a tua saúde! Mas lembre: se alisa, tem formol (mesmo que seja com outro nome).” 
 
Trecho do depoimento de Roberta Bulsing, 45, médica ginecologista e obstetra. Ela passou pelo processo de transição capilar de 2010 a 2020. Atualmente Roberta mora em Porto Alegre e quando morou em Cachoeira ostentou os títulos de Broto Cachoeira do Sul (1994) e Princesa da Fenarroz (1998)





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