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Reportagens Edição 196 - Dezembro de 2024

Mau humor é falta de sexo?


“Quando os motivos são genuínos e sem ameaça de perda de uma relação, quem transa sente felicidade, consequência da liberação dos conhecidos ‘hormônios do bem-estar’”. Julyelle Conceição

 Transar mais não significa ser mais feliz



Todo mundo já ouviu a frase “transe e comece o dia bem-humorado”, ou então “está de mau humor, não deve transar há muito tempo”. Isso porque é comum associarmos a atividade sexual ao comportamento humano. Mas não é bem assim que funciona! Não é o sexo, por si só, que faz bem. É a qualidade da parceria que importa!

 

Afinal, são muitas as variáveis envolvidas nessa questão, que tanto podem proporcionar prazer, satisfação e felicidade; como também podem gerar desprazer, insatisfação, nojo e raiva. “O sexo pelo sexo não garante emoções positivas. Porém, quando é feito com consentimento e desejo, ele pode sim, ser fonte de relaxamento e felicidade”, explica Julyelle Conceição, 37, psicóloga, terapeuta sexual e de casais.

 

 

Mas e a frequência ideal?

Julyelle é especialista em Análise do Comportamento, Sexologia Aplicada e Terapia Sexual. Ela destaca que, cientificamente falando, não existe uma frequência recomendada. “Seria o mesmo que perguntar: quantas vezes devo tomar sorvete na semana para ficar feliz? Não sei. O quanto você gosta de sorvete?”, diz. Ela explica que é normal as pessoas terem outros prazeres na vida para além do sexo, e cada um deles em uma frequência diferente.

 

Conforme a especialista, nos últimos anos, as pessoas têm demonstrado maior valorização pela qualidade do que pela quantidade de relações sexuais. Ela cita uma pesquisa norte-americana, que comparou a frequência sexual e a satisfação na vida de casais com mais de cinco anos de relacionamento. O resultado foi que ter sexo uma vez por semana proporcionava felicidade e que ter relações mais de uma vez por semana não aumentava esse nível de felicidade.  “É um exemplo de que ter mais sexo nem sempre significa ser mais feliz. Ou seja, só existe um problema quando há sofrimento por conta da ausência”, completa.

 

 

Abstinência pode não ser um problema

Da mesma forma, é preciso desmistificar a ideia de que a abstinência de sexo faz mal. Para muitas pessoas, a falta dele não é considerada um problema. “Atualmente, temos o reconhecimento da assexualidade como mais uma orientação sexual. Pessoas assexuais manifestam pouco ou nenhum interesse sexual e não podemos considerar isso um problema de saúde se elas não identificam prejuízos ou sofrimento na vida por causa dessa característica”, afirma.

 

 

VOCÊ SABIA?

 

A frequência do sexo pode mudar (e isso é normal)!


Julyelle explica que a frequência sexual pode mudar ao longo da vida, conforme a fase do desenvolvimento, adolescência, juventude, vida adulta e velhice; ou ainda, de acordo com a situação que a pessoa está vivendo. Aí vão alguns exemplos:

 

Mudanças hormonais, corporais e de estilo de vida por gestação, menopausa ou andropausa: podem impactar o interesse sexual aumentando ou diminuindo esse interesse. Na menopausa, pode ser recomendada a reposição hormonal de acordo com avaliação médica. 

 

Frequência sexual por medo de frustrar a outra pessoa: isso não é saudável! O ideal é que os dois conversem e consigam negociar uma frequência adequada. A masturbação pode tornar-se aliada como forma de equilibrar essa diferença.

 

Dificuldades no relacionamento: quando há algum tipo de conflito, é comum que exista dificuldade de aproximação. Assim como em casos de relacionamento abusivo e violência doméstica, torna-se difícil para a vítima desejar sexo e ela pode ceder por estar sob ameaça.

 

Abuso sexual: esse tipo de acontecimento impacta negativamente o interesse por sexo, tornando essa experiência desagradável, aversiva e até mesmo traumática. Pode ocorrer no relacionamento ou fora dele.

 

Fatores externos que impactam na vida sexual: perda de emprego, morte de alguém querido, problemas financeiros, dentre outras situações, podem tomar o seu tempo e sua atenção de modo a não deixar espaço para o sexo. O que é totalmente esperado! Lide primeiro com isso e perceba, ao diminuir esses estressores, se a frequência sexual é recuperada.

 

Transtornos psiquiátricos: eles também podem impactar na vida sexual. A depressão é caracterizada por uma perda geral de interesse por atividades prazerosas; já a ansiedade, pode evidenciar uma preocupação com desempenho de maneira geral, incluindo o desempenho sexual.






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