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Reportagens Edição 179 - Junho de 2023

Como está sua memória?


“A procura por tratamento para as crianças está cada vez maior por parte dos pais. Em muitos casos, a busca acontece em razão do filho apresentar dificuldades de aprendizagem”. Chaiene Nogueira Coimbra

Entenda melhor o que é o TDAH

 

Se você parar para pensar, certamente conhece ou convive com pelo menos uma pessoa que, aparentemente, é muito desatenta com as tarefas do dia a dia. A falta de atenção é vista nos pequenos detalhes: no esquecimento frequente de objetos, na dificuldade de se concentrar para finalizar atividades, na fácil distração com estímulos externos, ou na dificuldade em ouvir quando alguém lhe dirige diretamente a palavra.  

 

Todos esses sinais têm nome: transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Segundo a neuropsicopedagoga clínica Chaiene Nogueira Coimbra, 38, que tem mais de 18 anos de atuação na área da educação, o problema trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento, que pode ser identificado nos primeiros anos de vida. “No caso das crianças, as manifestações comportamentais aparecem de acordo com cada fase, estando sempre em nível maior de intensidade do que crianças da mesma faixa etária”, destaca. 

 

 

Entenda os subtipos 

Chaiene explica que o TDAH apresenta três subtipos: o predominantemente desatento, o predominantemente hiperativo/impulsivo e o subtipo combinado (desatento e hiperativo/impulsivo). Essa classificação é definida por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade nos ambientes em que a pessoa foi avaliada. 

 

Com a popularização do assunto, muitos adultos sem diagnóstico começaram a prestar atenção em si mesmos e atitudes de desatenção, procrastinação e falta de foco passaram a ser possíveis sinais do transtorno. “Enquanto não há diagnóstico e tratamento, há prejuízo em diferentes áreas da vida. Entretanto, no momento em que este diagnóstico vem e se inicia o tratamento correto, certamente, os resultados serão muito positivos, independentemente da idade que a pessoa tenha”, esclarece a profissional.

 

 

Para conviver bem

O TDAH afeta muito além da pessoa diagnosticada, pois os sintomas interferem também na rotina dos que convivem com ela. Conforme Chaiene, é possível conviver bem utilizando algumas técnicas, como simplificar tarefas, dar explicações curtas e uma de cada vez, repetir informações sempre que necessário, reforçar positivamente (elogiar os acertos), conhecer e usar os interesses pessoais (pontos fortes) e incentivar a pessoa a alcançar seus objetivos.  

 

 

Tudo ao mesmo tempo 


 Gustavo Faccin Herbstrith é formado em Medicina pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), com especialização em Neurocirurgia pela Santa Casa, de Porto Alegre. 


Há quem diga que fazer várias coisas ao mesmo tempo é sinônimo de produtividade. Recentemente, surgiram até alguns termos para isso: workaholic, que quer dizer “trabalhador compulsivo”, e multitasking, que significa “multitarefa”. A verdade é que correr de um lado para o outro, lidar com as exigências do trabalho e da casa, além da preocupação com a saúde, são sintomas conhecidos dos tempos modernos. 

 

“O grande problema de fazer várias atividades ao mesmo tempo é que isso não é uma realidade que serve para todos, podendo, inclusive, ser prejudicial. Quando falamos de desempenho cognitivo, nosso cérebro precisa entender que o que está acontecendo naquele momento é algo valioso e que precisa ser lembrado no futuro. Se não seguimos uma lógica organizada, se dividimos a atenção em tarefas aleatórias, ou se temos muitas distrações, o processo de memorização fica mais difícil”, aponta o neurocirurgião Gustavo Faccin Herbstrith, 29. 

 

Junto a todas essas “pressões”, existe também a ansiedade, fator que prejudica e muito a nossa capacidade cognitiva. O médico explica que quanto mais ansiosa a pessoa está, mais o pensamento dela fica acelerado e distraído com as inúmeras ideias e preocupações que estão acontecendo ao mesmo tempo – tudo isso, muitas vezes, de maneira não controlada. “Quando você está ansioso, as preocupações podem ocupar ‘espaço’ nos momentos em que deveria estar atento, fazendo com que esses pensamentos aleatórios prejudiquem a capacidade de prestar atenção”, afirma. 


 

E a impulsividade? 

Segundo Gustavo, o TDAH afeta a memória porque a capacidade de memorização está diretamente ligada à atenção que temos no momento em que está acontecendo o que devemos guardar. Sendo assim, em casos de pessoas com TDAH, essas coisas podem passar desapercebidas e, então, o cérebro não guardará.  

 

“A impulsividade é também um outro sintoma do TDAH, porque esse transtorno nada mais é do que uma dificuldade de frear impulsos, filtrar informações e controlar emoções. Da mesma forma que a atenção é prejudicada, esse filtro de controle de impulsos também é, fazendo com que a agitação leve a ações muitas vezes até imprudentes”, diz.   

 

 

Não existe cura para o TDAH, mas o tratamento pode sim corrigir os sintomas apresentados. É recomendado buscar atendimento especializado com acompanhamento neurológico e psicopedagógico, a prática de atividades físicas e algumas terapias específicas. “Medicamentos para melhorar a ‘performance cerebral’ podem ser utilizados para corrigir o foco e a atenção. No entanto, alguns métodos estão sendo popularizados para pessoas que não possuem o transtorno, como forma de prevenção e aumento da produtividade. É preciso tomar cuidado, pois essas medicações, utilizadas de maneira errada, apresentam efeitos colaterais”, alerta.  






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