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Reportagens EDIÇÃO 15 - JULHO 2008

O mercado não perdoa


Currículos qualificados não garantem mais uma carreira de sucesso

 

Um currículo recheado de grandes feitos não é mais garantia de emprego para os candidatos que estão nessa concorrida busca. No atual mercado de trabalho, para cada vaga que aparece surgem dúzias de candidatos com qualificação. A empresa precisa escolher um. Qual deles? Situações como essas são cada vez mais comuns nas organizações e muitas vezes eliminam profissionais capacitados a ingressar na rede de negócios, fazendo com que eles mudem o curso natural de suas escolhas.



 

Leandro: “Tem que focar o objetivo e correr atrás, mas é importante também não fechar os olhos para outras oportunidades que surgirem”.

 

 

É o caso do jovem Leandro Willke, 28, formado há quatro anos em Engenharia de Produção pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e desempregado há quase dois. O engenheiro especializado em Gerência de Produção tem em seu currículo experiências em metalúrgicas como a Screw e Imply, tendo também exercido a monitoria da Faculdade de Engenharia e bolsista de pesquisa na própria Unisc. Porém, o perfil profissional ativo de Leandro não foi suficiente para a garantia de uma posição no mercado. “Acredito que por não ter me definido para um segmento específico do curso durante a faculdade – pesquisa ou meio empresarial - eu tenha perdido algumas oportunidades”, revela o engenheiro, enfatizando a importância do foco e dedicação ainda na universidade. O candidato, que desde o começo priorizou as oportunidades em sua área, acreditou que sua busca seria facilitada com a conquista do canudo, mas está vivendo na pele o contrário.
A especialista em Psicologia nas Organizações Marcele Tonet, 28, sendo sete na profissão, concorda que a busca por emprego está desigual e para piorar o quadro, revela que muitos formandos não sabem como procurar uma colocação e acabam ficando passivos, com pouca iniciativa, esperando acontecer. Um dos grandes fatores para garantir uma boa colocação no mercado de trabalho, observa Marcele, são os contatos durante a faculdade, onde o estudante deve aproveitar para se relacionar, fazer estágios e cursos: “É aí que vão aparecer as oportunidades. Professores e colegas são esses primeiros contatos, muitas empresas acabam procurando essas pessoas e pedindo indicações. Por isso ter uma boa relação com todos na faculdade e até mesmo com outros profissionais da área de formação ajuda muito na hora da colocação”, orienta. A chamada rede de relacionamentos, ou networking, é uma das ferramentas mais recorridas, indicadas e nunca sai de moda.
Um dos contribuintes para essa realidade, segundo ela, sãos os níveis de exigência das empresas pedindo pessoas cada vez mais qualificadas, em contraposição ao grande número de pessoas buscando uma oportunidade: “Acredito que exista um conflito de interesses: há pessoas qualificadas, mas não na área em que o empresário precisa, e existem pessoas qualificadas, mas o empresário não reconhece ou não quer pagar por isso”, avalia a psicóloga.
Na visão de Leandro, alguns processos seletivos são injustos porque não esclarecem seus reais critérios de avaliação e muitas vezes favorecem candidatos despreparados: “Alunos de faculdades federais e com vivência no exterior saem, em geral, na frente numa seleção. O que acaba prejudicando candidatos esforçados com diferentes realidades”, desabafa. Depois de participar de diversas seleções no Rio Grande do Sul e São Paulo, enviar currículos para todo o Brasil e obter somente respostas negativas, Leandro acabou optando pelos concursos. “Depois da minha última experiência no ramo me senti muito desvalorizado e acabei mudando o meu foco. Hoje a minha prioridade são os concursos pela alternativa de estabilidade que eles oferecem”, afirma.
Situações como a de Leandro são muito comuns no atual mercado de trabalho. Nesses casos, Marcele recomenda que os candidatos não desanimem: “Ninguém deve se sentir diminuído. É importante não levar para o lado pessoal, se desmotivar ou desistir de procurar. A persistência é fundamental na busca de uma colocação”, comenta. Marcele ressalta que é preciso ser persistente, mas não insistente. “Procure uma vaga com um objetivo definido, as empresas não contratam alguém que quer qualquer coisa. É importante lembrar que as empresas precisam de pessoas com iniciativa e que sejam multifuncionais”, garante a psicóloga.



 

"Muitas vezes aparecem oportunidades e o candidato acha o salário muito pequeno esquecendo que todo mundo precisa iniciar para depois ter reconhecimento. É como aquela frase: “o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”
Marcele Tonet."



 

A conquista de um lugar ao sol


A jovem Clarissa Machado Fischer, 25 anos, formada em Enfermagem pela Unisc em agosto de 2006, é mais um exemplo persistência e paciência. Depois da constante busca que durou um ano e meio, Clarissa está empregada desde abril desse ano no hospital da cidade de Jaguarão. A enfermeira atribui o principal fato de ter ficado parada durante esse período ao alto nível de exigência por parte dos empregadores: “Nunca havia trabalhado e quando me formei achei que seria fácil encontrar uma vaga. Porém, muitas portas se fecharam para mim pelo fato das empresas e hospitais exigirem seis meses, um ano ou até mesmo dois anos de experiência, o que é muito injusto”, acredita.
Ela confessa que um dos fatores por ter ficado tanto tempo sem trabalhar foi ter sido bastante seletiva com as oportunidades de emprego: “Como eu queria ficar perto da minha família, busquei vagas somente no sul, principalmente na região. Hoje eu vejo que para ganhar uma oportunidade e adquirir experiência é preciso meter a cara, sem pensar muito. O importante é estar dentro dessa rede de trabalho, independente do lugar”. A enfermeira, que hoje mora a 410 quilômetros de Cachoeira, revela que essa fase de adaptação está sendo um pouco difícil, mas tem consciência que é preciso abdicar de certos privilégios para se construir uma carreira de sucesso. “Estou distante seis horas de casa, numa cidade onde não conheço ninguém e minha carga horária de trabalho exige plantões em feriados e finais de semana, mas sei que esse processo é necessário e passageiro em minha vida, e pode me abrir um leque para novas oportunidades”, observa.

 


Clarissa: “No início não se pode exigir demais. Para ganhar experiência, se for necessário, tem que ir para o fim do mundo. Mas um QI também é fundamental”.



 


FIQUE DE OLHO


Confira orientações da psicóloga Marcele Tonet para a hora da entrevista:

 

- O que vestir: vá com uma roupa adequada ao cargo pleiteado. Atenção mulheres: o segredo é se vestir de modo que passe o máximo de credibilidade e não de beleza.


- Seja sincero, mentir ou criar uma expectativa muito grande em relação a você mesmo e depois ela não se concretizar pode ser muito prejudicial, em algum momento a mentira é descoberta e acaba com outras oportunidades que naquela mesma empresa poderia existir.


- Tente ser o mais autêntico possível, sempre usando o bom senso


- Seja objetivo em relação aos seus objetivos profissionais e não esqueça de demonstrar pró-atividade.


- Informe-se um pouco sobre a empresa que você está indo fazer a entrevista. Isso o destaca em relação aos demais. Todo empresário tem orgulho do seu negócio.


- Valorize-se, pois grande parte do sucesso de uma entrevista depende da empatia que o candidato despertou no entrevistador.


- A resposta esperada: pergunte à empresa sobre o prazo para saber se foi aprovada ou não, e telefone no dia combinado.






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