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Reportagens Edição 169 - Julho de 2022

Impotência sexual sem vergonha


Marcos Costa é fisioterapeuta e especialista em Pilates

Disfunção erétil está associada ao estilo de vida 

 

 

Apesar de ser mais comum do que se pensa, a disfunção erétil ou impotência sexual ainda é tabu entre os homens – mas não deveria. A necessidade de quebrar as barreiras e falar abertamente sobre o assunto se deve, especialmente, por tudo o que ele afeta: a autoestima, a autoconfiança e a qualidade de vida dos casais.   

  

No Brasil, a impotência atinge até 25 milhões de pessoas acima dos 18 anos, pelo menos, uma vez na vida e, na faixa dos 40 anos, mais de 40% não conseguem ter relações sexuais com suas parceiras ou parceiros. É importante, no entanto, estar atento aos diversos fatores que podem causar a impotência.   

  

Marcos Costa, 41, fisioterapeuta, afirma que o sedentarismo tem relação direta com a disfunção erétil, além de interferir no aumento de peso, colesterol e triglicerídeos e doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. “O sedentarismo influencia na causa de doenças relacionadas ao coração e à má circulação sanguínea, que são alguns dos principais motivos da impotência sexual masculina. Como consequência, os vasos sanguíneos ficam mais rígidos e dificultam a vasodilatação do pênis, prejudicando a ereção”, explica.  

  

Uma pesquisa realizada pelo Centro de Referência da Saúde do Homem, em São Paulo, fez um levantamento com 300 pacientes que sofriam de impotência sexual. De acordo com os dados divulgados, 90% dos homens que tinham o problema eram sedentários. Nesse sentido, Marcos reforça o importante papel do exercício físico para evitar a disfunção.  

  

“A atividade física atua na melhora do sistema circulatório e, assim, na irrigação sanguínea de todas as partes do corpo, inclusive nos órgãos sexuais. No homem, também é capaz de aumentar a produção hormonal de testosterona em até 40%”, diz. Além disso, é comprovado que a atividade física regular reduz a ansiedade e a depressão e libera endorfina, hormônio que ajuda a promover a sensação de bem-estar físico e mental.  

 
 
As fotos do Marcos Costa foram produzidas no estúdio Casa de Retrato, de Ernani Marques.
 
 
 
Pilates para uma vida sexual mais ativa  
O fisioterapeuta aponta o pilates como um método importante para uma vida sexual mais saudável, auxiliando, ainda, em casos de ejaculação precoce no homem. O pilates, além de melhorar a circulação sanguínea corporal, atua no fortalecimento da região pélvica, ajudando na sustentação e duração da relação sexual.   
  
“O pilates aumenta a capacidade de concentração e melhora o padrão respiratório, que são fundamentais para o controle da ejaculação e relaxamento durante o ato sexual. O aumento da flexibilidade muscular diminui as limitações de movimento e auxilia nas dores e incômodos durante a relação”, destaca.  
 
 
 
O que você come pode influenciar na ereção?  


A nutricionista funcional Camila Schreiner, 40, explica que o estilo de vida saudável é um grande aliado no tratamento dessa alteração, e que dentre os fatores de causa, está a alimentação desequilibrada. “O excesso de peso, especialmente abdominal, é um dos responsáveis pela conversão da testosterona (hormônio masculino) em estradiol (hormônio feminino), reduzindo a libido e favorecendo, também, a disfunção”, diz.   
 
 
O que evitar:  
- Carboidratos refinados (açúcares, pães brancos, massas e farinhas em geral)  
- Gordura saturada (carnes, laticínios gordos e embutidos)  
- Álcool em excesso  
- Sódio (temperos prontos, salgadinhos, embutidos e sal em excesso)  
- Soja e linhaça em excesso  
 
 
O que comer:   
- Ovos, azeite de oliva, romã, melancia, oleaginosas (castanhas e nozes), chocolate amargo (70% ou mais), ostras, peixes ricos em ômega 3 (sardinha, salmão, atum), beterraba, vinho tinto (consumo moderado), abacate e alho  
- Grãos integrais e carnes magras 
- Suplementos/fitoterápicos: coenzima Q10, arginina, zinco, ômega 3, panax ginseng, maca peruana, eurycoma longifolia, tribulus terrestres  
 
 
 
 
Disfunção associada a doenças  

 
A disfunção erétil também pode ser causada por problemas neurológicos e circulatórios, já que a ereção depende diretamente do fluxo sanguíneo para o órgão sexual masculino. O especialista em Clínica Médica e Doenças Endócrinas Frederico de Quadros da Silva, 32, afirma que doenças relacionadas ao metabolismo, como a obesidade e o diabetes, também podem ser causas da impotência.   
  
“A condição pode significar uma grave doença endócrina. As principais consequências são o surgimento de disfunção erétil, propriamente dita, a ejaculação retrógrada, infertilidade e a redução da libido sexual. Além disso, a disfunção erétil também é um sinal de doença cardiovascular. É preciso ficar atento, pois o homem que apresentar problemas sexuais deve ter complicações no coração em cerca de três a quatro anos depois”, explica.    
  
Em relação ao diabetes, o profissional destaca que, se não for tratado adequadamente com controle glicêmico, suas consequências podem refletir também no órgão sexual masculino, comprometendo o fluxo sanguíneo para a região peniana e reduzindo a condução nervosa necessária para a ereção. “O paciente com diabetes possui de 35% a 75% a mais de probabilidade de apresentar disfunção erétil do que o não diabético. Uma pessoa de 70 anos com diabetes tem 95% de probabilidade de ter problemas sexuais”, alerta.   
  
Sobre a obesidade, Frederico explica que, além de interferir na qualidade de vida e na autoestima, também impacta na questão hormonal, devido ao aumento do tecido adiposo e dos hormônios produzidos pelas células de gordura.
 
 
 
 
Sinônimo de masculinidade  

 
É impossível falar de impotência sexual e não associar o distúrbio às doenças psicológicas, como depressão e transtornos de ansiedade, que desencadeiam sentimentos negativos, como medo, nervosismo, traumas, inexperiências e insatisfação.    Para a psicóloga Rita de Cássia Grünewald da Cunha, 31, mesmo quando a disfunção erétil se dá de forma natural, é inevitável o surgimento de consequências psicológicas. “Isso se justifica pelo grande impacto que a disfunção assume, ao afetar o desempenho sexual masculino no seu ponto fundamental: a ereção, visto que esta é sinônimo de masculinidade e virilidade”, declara.   
  
A psicóloga reconhece que tratar desse assunto não é tarefa fácil, mas que ele precisa ser levado em conta devido à importância do sexo na vida das pessoas. Segundo a profissional, 10% dos homens apresentam episódios recorrentes, e a maior parte da população masculina vai sofrer algum tipo de disfunção sexual ao longo da vida. “É perfeitamente compreensível que se prefira o sigilo e a cautela. Ainda assim, quando se trata de impotência, existem, no mínimo, três pessoas com quem definitivamente se deve conversar: a parceira ou parceiro sexual, o médico e um profissional para atendimento psicológico, a fim de avaliar e trabalhar as questões que afetam”, esclarece.   
 
 
 
 
Tratamento com medicação   
 
O urologista Genaro Pereira Trojahn, 39, explica que em algumas situações é necessário o uso de medicamentos para tratar a disfunção erétil. A medicação deve ser indicada para melhorar a ereção ou mesmo para a reposição de testosterona. Para isso, são dosados os hormônios do paciente, a fim de corrigir algumas possíveis alterações do metabolismo.   
  
Contudo, a utilização de medicamentos, e até mesmo a reposição do hormônio sem acompanhamento médico, implicam em riscos graves, dentre eles trombose arterial e venosa, ataque cardíaco, AVC, pancreatite, hepatite, infertilidade e atrofia testicular. “Pacientes com câncer de próstata e câncer de mama masculino tem contraindicação formal de reposição hormonal”, declara.  
  
Genaro afirma que não há uma idade específica para a apresentação dos sintomas. “Com o avançar da expectativa de vida da população em geral, é cada vez mais comum a necessidade de reposição de testosterona, objetivando a melhora da qualidade de vida”, pondera.   





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