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Reportagens Edição 153 - janeiro de 2021

Kit gay


Mirela Kruel, 47, diretora de cinema e televisão

Entenda o significado da sigla LGBTQIA+

 

Em tempos onde se fala em “cura gay” – não existe cura para o que não é doença –, “kit gay” – material “Escola sem Homofobia”, que gerou polêmica e foi vetado – e “ideologia de gênero”, como grupos e políticos contrários taxam questões de gênero ou sexualidade, ainda pairam muitas dúvidas e mitos sobre esses temas que ainda são tabus e precisam ser discutidos.

 

Talvez você se pergunte: “LGBT, o quê?”. A sigla ganhou inúmeras versões com o passar do tempo, buscando gerar mais inclusão e dar mais visibilidade a outros gêneros e sexualidades. Parece confuso? Calma lá! A LINDA perguntou a seis leitores da comunidade LGBTQIA+ (adotamos essa aqui) o significado de cada uma das letras que se identificam, bem como suas considerações a respeito. Confira!

 

L (lésbica)
 
 
“Enquanto mulher lésbica, foram muitos os preconceitos que enfrentei e que enfrento até hoje, mas nunca me senti sozinha. O reconhecimento principalmente da minha família de que minha orientação sexual jamais comprometeria os valores que meus pais me passaram e que muito menos comprometeria a profissional respeitada que sou pela minha competência. Essa é a principal questão em relação aos jovens que estão começando a viver as suas orientações. O apoio da família é fundamental para que os preconceitos sociais sejam ressignificados. Para que percam as reverberações negativas que podem impactar na vida das pessoas e da sociedade”.
 
 
!
Identificar-se como gay e lésbica significa sentir atração, seja sexual ou romântica, por pessoas do mesmo sexo. A palavra gay pode ser abraçada por homens e mulheres homossexuais.
 
G (gay) 
 
RENAN LEMOS MENDONÇA, 24, acadêmico de Direito e estagiário do Poder Judiciário
 
“Se hoje eu me identifico dentro do espectro da letra G, foi após anos de experiências boas e ruins, autoanálise, ajuda de familiares e amigos, personalidade forte e alguns privilégios também. A letra G representa, acima de tudo, persistência, em resistir aos mais diversos ataques, e muita força, para ajudar a dar o merecido lugar a todas as outras letras da sigla. A luta por nossos direitos e a união devem se manter constantes e diários”. 
 
B (bissexual)
 
MORGANA GEIS TROJAHN, 23, estudante de Medicina. Também se identifica como pansexual (sente atração por pessoas, independentemente do gênero)
 
“O termo bissexual significa atração por mais de um gênero (mulheres e homens cis ou transgênero, intersexo, não binários e andróginos). Estar me relacionando em determinado momento com um gênero não invalida ou mensura minha sexualidade. Por exemplo, se hoje eu estivesse namorando uma mulher, eu continuaria sendo bissexual. Existem muitos estigmas sociais quanto à bissexualidade, de que ‘são pessoas promíscuas’, ‘estão passando por uma fase’, ‘são pessoas confusas’, que ‘estão em cima do muro’ ou que ‘são incapazes de ter um relacionamento sério e fiel’. Os bissexuais enfrentam preconceitos, sob aquele velho argumento que ‘bissexual é 50% homo, 50% hétero’. Não estamos ‘no meio do caminho’, nós somos 100% bissexuais, nem vamos ‘decidir’ um lado do ‘muro’ porque não estamos em cima dele. A bissexualidade é justamente a ausência desse ‘muro’”.

T (transexual) 
 
SUELEN MORAES, 26, ativista e mulher trans. Acadêmica de Serviço Social e presidenta do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Unisc. É servidora da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul, atuando na Secretaria de Políticas Públicas 
 
“São pessoas que não se identificam com a identidade de gênero atribuída ao nascimento. Com o passar dos anos passam por transição de gênero (através de tratamentos hormonais e cirúrgicos) para que se apresentem socialmente conforme a identidade de gênero a qual se identificam. A população, em sua maioria, sobrevive em situação de extrema vulnerabilidade social. Mesmo com pequenos avanços, o Estado precisa efetivar políticas públicas construídas com vistas ao atendimento dessas pessoas”. 
 
Q (queer)
 
EDUARDO SILVEIRA AYRES, 19, maquiador profissional
 
“Queer, ou mais conhecido como gênero não binário, é a designação a pessoas que se identificam a qualquer um dos gêneros, sejam eles, feminino ou masculino. Ser queer é ser livre, é se sentir bem com qualquer vestimenta ou acessórios designados a um padrão de gênero!”. 
 
I (intersexual) 
 
PATRICK RIGON, 33, multiartista, pintora, tatuadora, grafiteira profissional e modelo, com formação em Design. Também se identifica como bissexual e transexual / vinicius dalla rosa
 
“Intersexualidade não tem a ver com sua identidade de gênero ou com sua orientação sexual, diz respeito ao sexo biológico de nascimento. Existem aproximadamente 40 variações intersexo entre humanos, ou seja, indivíduos com sexo biológico intermediário entre macho e fêmea – isso pode se dar pelos genitais e/ou pelas gônadas e/ou pelos cromossomos e/ou por questões hormonais. 1,7% da população mundial é intersexo [segundo a ONU]. Nem todos os indivíduos intersexo são identificados assim ao nascimento pelos genitais, algumas variações só são descobertas na puberdade ou durante a vida adulta. A maior questão dos grupos que lutam pela causa é pela proibição de cirurgias corretivas e processos de hormonização em bebês”.
 
A (assexual) 
 
Uma pessoa assexual sente pouco ou nenhuma atração sexual por outras pessoas. Segundo os recentes estudos sobre o tema, a assexualidade pode ser considerada uma orientação sexual ou a falta de uma. Um relatório do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), ligado à USP, estima que 7,7% das mulheres e 2,5% dos homens brasileiros são indiferentes ao sexo. 
 
 
Você sabia? 
Em 2019, a homofobia e a transfobia passaram a ser considerados crimes e, em 2020, foram derrubadas restrições à doação de sangue por homens gays no Brasil.





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