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Reportagens Edição 140 - outubro de 2019

Dá um like!


O mundo mágico e bem real das influenciadoras digitais


 

“O lado humano e real é de quem erra e acerta, aceitando as fragilidades e aprendendo com elas”, diz Luiza Noronha

 
Selfies legais. Corpos esculpidos. Moda ‘outfit’. Itens de luxo. Viagens paradisíacas. Para quem está no Instagram, a uma primeira impressão, essa poderia ser a síntese da realidade. Fato esse que acaba contribuindo para a ilusão de que há pessoas com vidas perfeitas, ainda que não seja o objetivo de muitos usuários ao usar a plataforma e não sejam eles diretamente responsáveis pela possibilidade de causar danos psicológicos a quem está do outro lado da tela. Por trás de filtros, maquiagens e edições de imagem está o mundo real. 
 
O Instagram, terra das blogueiras e influenciadoras digitais, é uma das redes sociais mais populares do momento, e também a mais danosa à saúde mental, como mostra a pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido - Royal Society for Public Health - em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. Pensando nisso, a LINDA convidou a influenciadora digital Luiza Noronha para desconstruir padrões e ilusões das redes sociais.
 
 
LUIZA NORONHA: NA REAL
 
Mais de 33 mil seguidores no Instagram @luizanoronha_. Looks do dia, makes e viagens pelo mundo. Essa é apenas uma pequena parcela da vida de Luiza Arena de Noronha. Para a acadêmica de Medicina de 22 anos, há oito no Instagram e há três como criadora de conteúdo, a rede social possui seus benefícios, mas requer atenção. “Essa exposição contribui para que eu deixe de lado a timidez e o medo de falar em público e aprenda a me expressar através das redes sociais, o que é importante também para a vida profissional nessa era digital. Além disso, receber o carinho das pessoas que me acompanham é um ponto positivo”, fala. 
 
 
“NENHUMA VIDA É PERFEITA”

Conforme Luiza, nas redes sociais, as pessoas têm acesso a registros de bons momentos, viagens e produções, mas a vida é muito além disso: “A grande maioria dos usuários mostra apenas suas alegrias e conquistas, o que é natural, mas acaba gerando uma comparação muito grande e a ilusão de que a vida do outro é perfeita, quando sabemos que nenhuma é”. 
 
"Me preocupo em mostrar a minha vida de forma simples e real quando me comunico nos stories (compartilho também fotos sem filtro e sem maquiagem, estudos, TPM, furos na dieta, e por aí vai). Sou uma pessoa normal, que tem medos e inseguranças, sou sensível, um pouco desastrada (risos) e ansiosa às vezes e também tenho dias ruins, como qualquer um. Penso que a tecnologia faz parte da evolução, mas nunca irá substituir a empatia e a emoção”, destaca. 
 
"Acredito que as pessoas gostam de ver e poder se identificar com as situações, assim como eu gosto de acompanhar perfis que mostrem esse lado também”, conta ela, que foi convidada para participar do projeto #SejaReal durante a campanha de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo. 
 
"Então, ainda mais como estudante de Medicina e sabendo das consequências dessa comparação para a saúde mental, acredito ser muito válido que essa ideia de que a ‘grama do vizinho é sempre mais verde’ seja desconstruída e que não tenhamos medo de expor fragilidades e momentos ruins, porque isso é absolutamente normal e todos temos”, conclui. 
 
 
DISTANCIAMENTO SAÚDAVEL

No ‘boom’ da era digital, com pelo menos 3,9 bilhões de pessoas conectadas à internet (o equivalente a 51,2% da população mundial), segundo a ONU, percebe-se que os usuários vivam mais o mundo on-line. Através dele resolvemos praticamente todos os assuntos do mundo off-line e obtemos muita informação ao mesmo tempo e sobre tudo, como observa Luiza: “Tenho tentado deixar o celular mais de lado, mas não é uma tarefa fácil, mas acho que é possível sim obter um equilíbrio”.
Segundo a influenciadora,  é preciso estabelecer um limite entre vida pública e privada: “Não exponho detalhes da minha vida pessoal nas redes, até para viver alguns momentos off-line, o que acredito ser saudável. Mas ainda assim consigo compartilhar o que penso ser útil e interessante para quem me acompanha no Instagram”.  
 
 
SEM LIKES 

Recentemente o Instagram ocultou a contagem de curtidas em postagens. A competição por cliques, a pressão social e a proteção da autoestima dos usuários foram alguns dos motivos que levaram à decisão da empresa como parte de uma série de ações que visam transformar a plataforma em um espaço menos tóxico para a saúde mental de quem a usa. 
Se essa medida poderá trazer impactos negativos para a publicidade e visibilidade dos produtores de conteúdo, Luiza discorda: “Acredito que essa medida contribuiu muito para reduzir a ansiedade da comparação e do desejo de aprovação em forma de likes, sendo muito benéfica para a saúde mental dos usuários. No sentido profissional, não penso que isso tenha atrapalhado, pois ainda podemos ver o número de curtidas do próprio post e compartilhar as métricas com clientes”. 
E o sucesso de Luiza no Insta não para por aí. O que começou como um hobby por fotografia, moda e viagens vingou em parcerias comerciais e participação em eventos e campanhas do ramo. Tanto é que a jovem já participou de ações para marcas como Pandora, Coca-Cola, Hering, Damyller e Óticas Carol, tornando-se embaixadora do maior congresso de empreendedorismo digital do Brasil, o Conedi, ocorrido em setembro, em Porto Alegre. 





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