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Reportagens Edição 138 - agosto de 2019

Unidos pelo AMOR


Famílias falam sobre aceitação de filhos LGBT+


Na arte, na filosofia ou na religião, um preceito é universal: o amor. Esse é o ímã que move pessoas, constrói famílias e une as diferenças. Parafraseando Lulu Santos, “toda forma de amor” é justa e deve ser respeitada, reconhecida e aceita. Em um país como o Brasil, a pluralidade e a diversidade (sobretudo social, racial, de gênero, orientação sexual e crença) são partes inseparáveis da identidade nacional e da riqueza do nosso patrimônio sociocultural.

 

 

AUTOACEITAÇÃO

Para o acadêmico de Direito Renan Lemos Mendonça, 23, o processo de autoaceitação como homossexual começa cedo: “Nasci guei, sou guei e vou morrer guei com muito orgulho”. Filho dos empresários Simone Soares Rosa Lemos, 48, e Adão Reni Mendonça, 50, ele conta que a família recebeu a notícia de forma positiva e somente fortaleceu a sua relação.

 

“Acredito que é mais complicado contar para os pais, pela criação conservadora, mas as mães, na sua maioria, são mais compreensivas – costumo dizer que elas sempre sabem. Todo esse processo depende muito do meio social em que estamos inseridos e da base familiar, uma boa criação e um ensino de qualidade, o que não torna fácil, mas menos doloroso”, diz Renan, que reside atualmente em Candelária, onde é estagiário no gabinete da comarca.

 
APOIO INCONDICIONAL
“Dou todo o apoio possível ao meu filho, me sinto orgulhosa de tê-lo ao meu lado sempre e grata a Deus por escolher sabiamente quem colocar em nosso caminho”, diz Simone, que se entristece com a rejeição e incompreensão de pais para com seus filhos gueis: “Até mesmo certos pais instruídos e que se dizem ‘mente aberta’ discriminam e desencorajam seus filhos”, finaliza ela.

 
BALADA COM A MÃE 

Conforme Renan, a família sempre lhe deu apoio e incentivo em todas as suas escolhas. E a cumplicidade entre ele e Simone é grande, com direito a histórias inusitadas: “Minha mãe me levou pela primeira vez a um bar guei em Porto Alegre. Como tinha 17 anos e não podia entrar, ela me acompanhou. Em Florianópolis (SC), fui a uma boate guei e ela, como sempre, parceira, permaneceu firme e forte na fila por duas horas de salto até entrarmos”, conta ele, orgulhoso de sua mãe, que o acompanhou também na primeira Parada Gay de Santa Cruz do Sul, ocorrida em maio último. 
 
 
“VIVER QUEM EU SOU”
Leandro e Heloísa Maria Haetinger junto das filhas Lisa e Diuli
 

Diuli Haetinger, 22, é acadêmica de Fisioterapia e motivo de orgulho para a família. Lésbica assumida, a jovem recebeu total apoio dos pais, a professora aposentada Heloísa Maria Haetinger, 50, e o construtor Leandro Otmar Haetinger, 48. Irmã da modelo Lisa, 19, que reside em São Paulo, Diuli é só elogios à família: “Minha família sempre entendeu muito bem, me aceitou rápido, nunca tive nenhuma dificuldade em casa em relação a isso. Claro que para os pais sempre é um ‘choque’ de início, não por ter um filho homossexual, mas por saber tudo o que vão enfrentar nessa sociedade que ainda é muito preconceituosa”. 
 
 
ENGAJAMENTO DOS PAIS

“Sempre foi muito tranquilo eu entender o que eu era, do que eu gostava e que isso não era errado. Não tem nada de errado em ser eu mesma. Nunca quis viver uma mentira, muito menos uma vida paralela. Apenas quero ser eu mesma”, diz Diuli, que destaca o apoio dos pais também a outros jovens. E não é para menos: “Nossa filha foi tão, mas tão desejada, que não poderia ter nascido mais especial do que é. Uma pessoa estudiosa, de caráter e engajada nas causas sociais. Que pais não teriam orgulho? Sua orientação sexual não a muda em nada”, afirmam eles.
 
 
PALAVRA DE ESPECIALISTA

“A diversidade sexual e a de gênero, muitas vezes, são tratadas como algo anormal e patológico. Entendo a importância de construirmos bases seguras para esta população no sentido da normalização, inclusão e igualdade, pois homossexualidade, bissexualidade e transexualidade não são doenças e não são anormalidades. A falta de aceitação e de apoio tanto por parte da sociedade em si como, principalmente, da família podem gerar grande sofrimento para estes indivíduos.
Compreendo o quão difícil é para pais e mães lidarem com questões de filhos não heterossexuais. Sugiro que busquem ajuda de um profissional da psicologia, tanto os pais quanto os filhos. O psicólogo pode ajudar na compreensão e manejo na tentativa de evitar o afastamento da família. Não afaste seu filho, tente entender e respeitar as escolhas dele. Liberdade é ser você. Somos diferentes e está tudo bem assim”.
 
Caroline Vargas, 28, psicóloga clínica, um ano de formação, atuante na Clas Psicologia





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