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Reportagens Edição 135 - maio de 2019

Mulheres no campo


Produtoras rurais fornecem alimentos saudáveis e movimentam a economia do município

 

Elas estão presentes no escritório, em casa e no campo produzindo o alimento que chega à mesa na cidade. São as produtoras rurais que fazem da terra o principal meio de sustento da família e de promoção de saúde. Nos últimos anos, a agricultura familiar produziu 70% dos alimentos consumidos por brasileiros, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Em Cachoeira do Sul, a prática vem se expandindo rapidamente, sendo a base de sustentação de muitos lares.

No ano passado, a Secretaria Municipal de Educação do município distribuiu 45 toneladas de alimentos adquiridos através de produtores para mais de 6 mil alunos de escolas municipais de ensino. Em 2009 foi criada uma lei do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) que determina que 30% do que é adquirido para a merenda nas escolas públicas deve ser comprado da agricultura familiar.

Outras iniciativas, como a Feira Livre Municipal e a Feira da Agricultura Familiar, contribuem para o encontro da comunidade com a produção familiar, garantindo uma alimentação saudável e movimentando a economia local. Conheça histórias de produtoras rurais responsáveis por esse fenômeno no município. 
 

FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR

Na Praça José Bonifácio, em Cachoeira do Sul, há dois anos ocorre todo mês a Feira da Agricultura Familiar, um ponto de encontro para os produtores exporem e comercializarem suas mercadorias. Coordenado pela professora adjunta em Desenvolvimento Rural Chaiane Leal Agne, 36, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), o evento deriva de um projeto de extensão da universidade em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Afubra e Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária (Smap).

No aspecto social, a feira promove “o rompimento da cultura individualista e a dificuldade de trabalhar em grupo, dividir espaço e compartilhar experiências, além de firmar o protagonismo da mulher na agricultura”, destaca Chaiane. “Se trabalhassem de forma conjunta, as dificuldades seriam menores. É um desafio a ser vencido, da cultura do cooperativismo, de modo a superar as dificuldades de acessar o mercado, o mapeamento dos custos e promover a educação financeira”, frisa.
 

“É importante valorizar a continuidade da forma de alimentação mais natural, relacionada com o artesanal, local e cultural da região”, diz a professora Chaiane Agne

 

FORÇA FEMININA

Há quase duas décadas, Rosane de Borba Loreto, 58, produz e comercializa produtos como milho, mandioca, amendoim e morango em sua propriedade na localidade do Rincão da Guajuvira, distrito de Ferreira. Além de trabalhar com plantas medicinais, condimentares e aromáticas e flores e folhagens como orquídeas e bromélias, Rosane fabrica artesanatos em madeira rústica.

“Atendemos mercados, restaurantes e residências. O público consumidor é formado por pessoas de todas as faixas de idade”, comenta ela, que participa da Feira da Agricultura Familiar da Uergs e do Mercado de Pulgas de Cachoeira do Sul.

Mesmo enfrentando problemas como a má qualidade das estradas rurais, eventos climáticos, como enchentes, e mercado pouco atrativo, como aponta Rosane, a agricultura familiar revela a sua imponência. “Quando trabalhamos com a terra e dela tiramos o sustento, valorizamos mais o esforço que fazemos para obtermos os nutrientes saudáveis para uma boa dieta”, afirma ela.

 

Rosane Loreto: “Plantamos alimentos com amor porque sabemos que estamos alimentando nossa irmandade na cidade, e a nós também”

 

PRODUÇÃO ORGÂNICA

Mere Terezinha Piccinin Morales Savedra, 51, vive desde a infância no campo e orgulha-se de sustentar a família à base da agricultura familiar há mais de três décadas. Mere iniciou no ramo com a venda de alface e de outras verduras a domicílio e hoje fornece produtos em sua propriedade, na localidade do Piquiri, como verduras, frutas exóticas, milho, pães, cucas, geleias e doces de frutas variados. Ela ainda cria gado, ovelhas, porcos e galinhas.

“Vendo meus produtos na Feira Livre Municipal, na Feira da Agricultura Familiar, Casa das Trabalhadoras Rurais, em eventos e nos arredores. Tenho todo o tipo de público, cada local é uma faixa etária diferente”, conta ela. Apesar das dificuldades que enfrenta diariamente para manter a produção, como a distância e a falta de apoio técnico e do poder público, Mere permanece firme com seu negócio e seu amor à profissão.

Produtora de orgânicos, ela garante que a agricultura familiar é um bom negócio. “A sustentabilidade da agricultura passa pela mão da agricultura familiar”, reflete. Mere salienta também sua consciência ambiental e seus impactos ao meio ambiente e à saúde: “Plantamos e trabalhamos na terra com menos interesse financeiro, fazendo dela a nossa aliada através do resultado de produção. Na minha propriedade, veneno entra só no controle do carrapato do gado, em último caso”, afirma a agricultora.

 

“Somos todos dependentes da natureza em seus quatro elementos. A agricultura familiar sempre nos sustentou, no sentido amplo da palavra”, fala Mere Savedra






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