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Reportagens Edição 134 - abril de 2019

Beijinho NA BOCA


Selinho entre pais e filhos é saudável?


É só um selinho! Será? Para alguns pais e tutores, essa é uma demonstração de puro afeto e carinho, enquanto para outros, um ato desnecessário e impróprio. O fato é que este tema segue rendendo polêmica e volta e meia reacende discussão acerca de sua necessidade. Temos exemplos de famosos, como Tom Brady, David Beckham e Alessandra Ambrosio, alvos de críticas por beijarem seus filhos. Contudo, nem mesmo entre os especialistas a aprovação ou rejeição é unânime. Perguntamos a seis profissionais e duas mães o que eles têm a dizer sobre o assunto. Confira!  
 

Jociane Pereira Stracke, 48, psicóloga, especialista em terapia cognitivo comportamental, com 16 anos de formação e atuação na área

 

"Não é considerado saudável nem recomendável a demonstração de afeto por meio do selinho porque a criança se estrutura através da fantasia mediada pela realidade. Esse ato está mais propenso a gerar consequências negativas, dentre elas: o desenvolvimento da erotização da criança, a dificuldade de nomear os sentimentos e sensações ou ela ficar suscetível ao abuso sexual. A conversa é fundamental, onde os pais devem explicar que há algumas formas de carinho que só devem ser realizadas entre familiares (pais e irmãos) e que devemos respeitar a diferença da educação de cada lar”.

 

 

"O bebê, não se deve beijar por uma questão de segurança, pois seu sistema imunológico ainda está se desenvolvendo. Considerando a boca uma zona erógena, que ao ser estimulada pode causar confusão nas crianças, é preciso estar sempre atento à prática, observando e refletindo. Como a educação sexual começa dentro de casa, todos os limites devem estar bem demarcados e conversados. Lembrando sempre que a criança possui uma compreensão relacionada ao corpo bem diferente do adulto. É por isso que beijos inocentes podem criar vínculos emocionais que confundem as crianças”.

Nilda Alonso, 64, psicóloga, especialista em relações
familiares, com três anos de formação e atuação

 

 

"O fato é que existem diversas formas de demonstrar o afeto e cada família vai ao longo do tempo construindo a sua forma de dar e receber carinho. Diversos autores reforçam, no que diz respeito à saúde mental das crianças, que o selinho em si não representa um problema desde que não seja forçado e que não represente, mesmo que inconscientemente, a necessidade dos pais em manter o filho em uma fase de dependência. Contudo, as atitudes dos adultos diante das crianças e para com elas se refletem em seus comportamentos. A partir da imitação do que se vê, surge o interesse em experimentar”.

Letícia da Silva Ventura, 32, psicóloga, especialista em avaliação psicológica e gestão de pessoas, pós-graduada em docência no ensino superior, sendo nove anos de atuação

 

 

"Se analisarmos de forma simplista e reduzirmos o amplo significado dos afetos numa expressão do selinho, podemos considerar como algo puro e sem maiores implicações. Porém, o contexto que envolve essa prática acaba sendo bem mais amplo e podemos evocar vários outros questionamentos que surgem a partir deste. As fases do desenvolvimento da libido na criança irão produzir implicações na vida adulta. Portanto, evocar uma erotização precoce com selinhos ou outras expressões neste contexto, quando ainda as emoções da criança não estão amadurecidas para tal, não é de todo recomendável”.

Paulo Sérgio Gonçalves da Silva, 54, graduado em teologia, filosofia e psicologia e pós-graduado em gestão e docência de ensino superior, com 35 anos de atuação

 

 

"Dentro do desenvolvimento humano, a criança passa por várias etapas, as quais vão exigindo um tipo de comportamento dos adultos responsáveis para tornar este processo saudável. Assim, o selinho, que parece ser inocente, poderá gerar na criança sentimentos ligados a sexualidade, os quais poderão gerar ansiedade por dar conotação fantasiosa para a mente desta criança. Existem outros tipos de demonstrações de afeto mais saudáveis e que podem ser sentidas pela criança como algo que acalma e não as excita (agita). É nesta fase que podemos formar sujeitos do bem e equilibrados para seguir uma vida normalmente”.

Cecília Chaves, 49, psicóloga, com especialização em gestão de pessoas e mentoria do desenvolvimento humano, sendo 17 anos de atuação

 

 

"O selinho entre pais e filhos não é considerado um crime pela legislação brasileira. Dependendo da forma como for praticado, principalmente quando envolve criança e adolescente, pode ser considerado como prática do crime de abuso de incapaz, tipificado no artigo 173 do Código Penal Brasileiro. Nesse caso, seria indução a uma prática sexual e poderia sim configurar crime de abuso de incapaz, dependendo da análise do caso concreto e das circunstâncias em que ele foi praticado. Como conselho jurídico aos pais, indica-se evitar esse tipo de ato, seja entre pais e filhos ou dos filhos com um estranho”. 

Faena Gall Gofas, 28, advogada atuante na área cível familiar, professora do curso de Direito da Ulbra/Cachoeira, mestre em direito e especialista em direito público, com cinco anos de atuação

 

 


"Eu, particularmente, sou a favor do selinho. Acho um gesto carinhoso, assim como o beijo, o abraço e o elogio. Acredito que aderir a essa prática é uma opção pessoal de cada família. Nós aderimos ao selinho quando o Marcos era criança e não me arrependo”.

Janaína Prodorutti, 40, empresária, mãe de Marcos Paulo Prodorutti, 18, estudante e empresário

 

 

"Selinho nunca foi um hábito na minha família até a Joanna nascer. Beijo de ‘boa noite’ ou ‘bom dia’ partiu dela como um ato de carinho e manifestação de gratidão por algumas atitudes. Vejo hoje como uma cumplicidade e proximidade entre nós duas!”.

Malu Riccardi Brendler, 28, cabeleireira, maquiadora e barbeira, mãe de Joanna Riccardi, 4






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