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Reportagens Edição 129 - outubro de 2018

Hiper CONECTADOS


Crianças se integram ao mundo virtual mais cedo e pais têm a missão de monitorar o uso. Psicólogas avaliam esse fenômeno

Não é de se estranhar se o pedido de Dia das Crianças do seu filho for um smartphone ou tablet. Enquanto as gerações passadas sofrem certa resistência com o uso da tecnologia, as crianças estão conectadas quase 24 horas por dia, e muitas delas parecem já ter nascido sabendo usar um celular e acessar jogos, vídeos e aplicativos – tudo de forma instantânea, a alguns cliques ou toques na tela.
A evolução digital irá aumentar em ritmo exponencial nos próximos anos. Essa é apenas a ponta do iceberg: “As novas mudanças irão balançar o mundo ainda mais”, aponta o cientista da computação e físico britânico Tim Berners-Lee.



Além do virtual: “A criança e os pais precisam encontrar prazer em outras atividades visando favorecer a construção de limites estruturantes para toda a família”, frisam as psicólogas Natália Kämpf e Natália Leusin

 


GERAÇÃO Y
A geração atual (designada por Geração Y ou “Millennials”) já nasce inserida em uma cultura que tem a tecnologia como elemento marcante. Este fato é reflexo das rápidas transformações culturais que vêm acontecendo nos últimos anos. “As gerações passadas precisaram se aproximar, conhecer e se adaptar à tecnologia durante o curso de sua vida. Pode-se dizer que as crianças são ‘nativas’ dessa cultura e os adultos, ‘estrangeiros’”, explicam as psicólogas do Centro Criação, Natália Couto Barreto Leusin, 33, sendo 10 anos de atuação, e Natália Rösing Kämpf, 31, há seis anos na área. Segundo as profissionais, o efeito positivo ou negativo da tecnologia sobre a vida da criança está diretamente relacionado ao uso que ela faz do digital.
“A tecnologia é uma ferramenta que pode ser utilizada para aproximar e comunicar ao mesmo tempo em que pode afastar e silenciar. Os processos ‘no digital’ são mais rápidos e intensos dos que ‘na vida real’ e, dessa forma, há o favorecimento do imediatismo, baixa tolerância, frustração, perda do contato com a realidade e isolamento social”, explicam as psicólogas.


USO SAUDÁVEL

“A Sociedade de Pediatria orienta que crianças menores de três anos não sejam expostas a nenhum tipo de eletrônicos. Entendemos que esse é um posicionamento difícil de manter porque a tecnologia faz parte do nosso dia a dia e está inserida em todas as esferas de nossa sociedade”, analisam.
Elas fazem um alerta: “Os eletrônicos podem ser instrumentos para experiências compartilhadas, tornando o uso da tecnologia mais saudável. Contudo, as interações virtuais nunca devem substituir as experiências afetivas reais. A medida do uso normalmente está relacionada à idade da criança e à forma como ela utiliza estas ferramentas”.


QUANDO PROCURAR AJUDA PROFISSIONAL
O prejuízo trazido pelo uso excessivo dos eletrônicos é sempre decisivo para indicação de tratamento. Desta forma, deve-se levar em consideração a qualidade das interações sociais reais da criança e seu nível de tolerância à frustração, bem como a dependência dos aparelhos.
Fonte: Natália Leusin e Natália Kämpf




Com os pais Janine e Rafael Horbach, 40, engenheiro civil, o acesso dos filhos à tecnologia é permissível. “Se usada com equilíbrio e bom senso, acreditamos que os efeitos negativos sejam amenizados”, dizem eles, juntos, na foto, de Lucas e Laís

OLHARES ATENTOS

Nesse mundo on-line, os pais enfrentam a árdua tarefa de supervisionar as crianças. Para a fisioterapeuta Janine Horbach, 35, mãe de Lucas, 5, e Laís, 3, conviver com a tecnologia é um desafio. Enquanto Lucas se diverte com jogos como Minecraft e Sonic e assiste a vídeos relacionados no YouTube, Laís prefere assistir a desenhos animados e videoclipes, porém, com supervisão e tempo de uso pré-determinado. “O acesso à internet traz benefícios e facilidades, mas, ao mesmo tempo, oferece riscos, como a facilidade em acessar conteúdos que não são adequados para a idade”, frisa.




SEGURANÇA REDOBRADA


Aos 2 anos de idade, a pequena Sofia já acessa o seu smartphone, onde assiste a desenhos animados e acessa brincadeiras educativas cerca de uma hora e meia todos os dias. É claro, sob moderação e restrição, enfatiza o pai Jonas Felix Barbosa, 27, bancário. “Me preocupo muito com o conteúdo acessado e faço o monitoramento diariamente. Instalei um aplicativo em meu smartphone e no de minha esposa (Maiara Rosa Lopes Barbosa, 28) que só permite acessar desenhos animados selecionados por nós. Acredito que os efeitos sejam mais positivos do que negativos. As mídias não vão sumir, então devemos nos adaptar a elas”, salienta.


“Nós, pais, devemos estar atentos para os riscos de um smartphone nas mãos dos nossos filhos”, fala Jonas Felix Barbosa, ao lado de Maiara e da filha Sofia


FOTO: GRAZY SOARES


MAIS INTELIGENTES E PREDISPOSTOS A DOENÇAS MENTAIS

Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), mostra que as crianças e adolescentes de hoje são mais inteligentes que os das gerações passadas. Por outro lado, a nova geração é mais vulnerável a doenças mentais.
Segundo um estudo da BDA - Morneau Shepell, um em cada cinco Millennials sofria de depressão nos Estados Unidos em 2015 (correspondente a 20% da população millennial). No Brasil, o número é ainda maior: um em cada três adolescentes no país sofre de transtornos mentais, indica o Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica) realizado pelo Ministério da Saúde e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2016.






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