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Reportagens Edição 115 - julho de 2017

Turma do Carrossel: RELEMBRE!


Shows covers de artistas e personagens infantis reuniam multidões em Cachoeira

Você sabia que Xuxa, Angélica, Mara Maravilha e até a Turma da Mônica já estiveram em Cachoeira? Se você morou na cidade no final dos anos 80 até a década de 90 possivelmente se lembrará dos shows de crianças que imitavam e dublavam artistas e personagens infantis nos palcos do Ginásio Dom Pedro I (Arrozão, no Parque da Fenarroz), no Estádio Joaquim Vidal e no extinto Cine Astral. A responsável e idealizadora pela atração, professora ANI FREY (a Tia Ani), 65, colunista do Clube do JPzinho (suplemento infantil do Jornal do Povo) há 29 anos, conta que a Turma do Carrossel surgiu inicialmente para agregar conteúdo à coluna – na época chamada JP Criança –, mas fez tanto sucesso que chegava a ter público de mais de 3 mil crianças e filas se formavam para tirarem fotos com os “artistas”. A festa dos baixinhos era patrocinada por lojas da cidade e até pela Coca-Cola.



 

 

Tia Ani criou a Turma do Carrossel para abrilhantar a coluna JPzinho, mas teve um significado bem maior: “O projeto despertou nas crianças da época autoestima, liderança e busca por crescimento pessoal”, diz

 

Ani e Luis Delgado com a chegada do Papai Noel

ARQUIVO PESSOAL

 

 

PODERIA O CARROSSEL VOLTAR?

Ani fala que no momento que surgirem ideias ou projetos bem organizados, sempre um show infantil terá sua chance de dar certo. “Inclusive acho que deveriam acontecer outros projetos assim, com outras valorizações musicais”, confia.


TALENTOS QUE MARCARAM ÉPOCA

Uma equipe composta por 60 crianças ensaiava falas, gestos e músicas nas residências de Ani e Leni Comassetto, 66, dona de casa, que também era coordenadora e auxiliava no figurino das peças com a parceria de Luis Delgado, 63, comerciante, Hélio Comassetto (já falecido) e outras mães. “Adorava estar junto com as crianças nos ensaios. No fim sempre levava uma a uma até a sua casa. Os shows lotavam o Arrozão e a renda era revertida para caridade”, relembra Leni.
Vestida a caráter e com um microfone em mãos, a trupe alegrava e contagiava famílias nas apresentações que ocorriam todos os anos em julho, em comemoração ao aniversário do JPzinho, e também em outras datas comemorativas, como Natal, e em eventos beneficentes. “A turma com o tempo ficou conhecida e vários shows foram feitos em cidades vizinhas”, recorda-se Ani. O que despertava o interesse das crianças em participar da Turma do Carrossel é que elas tinham a liberdade de escolher o seu artista ou personagem preferido. “Esta liberdade fazia as crianças surpreenderem em suas apresentações, pois estavam fazendo o que gostavam. Muitas entravam inibidas e apresentavam um excelente show”, afirma a professora.


O FIM DO CARROSSEL

Com a chegada da nova geração houve uma mudança de gostos musicais e isso levou a Turma do Carrossel ao fim. “Tínhamos os covers da dupla Sandy & Junior e as crianças cantavam ‘O que você foi fazer no mato, Maria Chiquinha?’. As músicas que eram puras e infantis começaram a ter letras fortes e pervertidas. E de lá para cá tudo mudou. Os valores de vida mudam e o nosso prazer em expor as crianças fez nós nos adaptarmos. Com isso, a turma partiu para o encerramento. Lembramos com saudades”, justifica Ani, que responsabiliza a era digital por esta mudança de comportamento. “A tecnologia evoluiu tanto que hoje qualquer show ou apresentação é muito cobrado, exigido em seus aspectos riqueza de palco, de roupagem e de cenário e tudo isto sai muito caro. Por isso, organizar um projeto deve ter planejamento e despertar o interesse desta galerinha dos smartphones”, reconhece Ani, que destaca a importância de acompanhar as crianças nesta era.


QUEM É QUEM

Conforme Ani, os baixinhos cresceram e hoje muitos deles lembram com saudades desta época. “Eram covers de artistas conhecidos e muitos residem em Cachoeira, como em outras cidades também. Muitos seguiram ramos diferentes e hoje assumem cargos como jornalistas, comerciários, políticos e advogados”, conta.



LEILA DELGADO: “ENSINAMENTOS PRA VIDA”

A farmacêutica Leila Schreiner Delgado, 37, coordenadora de suprimentos hospitalares no Hospital de Caridade e Beneficência (HCB), fez sua estreia na Turma do Carrossel interpretando uma das integrantes da Turma do Balão Mágico, depois Maíra, uma cantora sertaneja revelada pelo Programa do Faustão. “Participei da turma dos 10 aos 13 anos e tenho ótimas recordações desta época. A repercussão das apresentações era sempre muito positiva. O público era bastante participativo, cantando e acompanhando as coreografias”, conta. Sua irmã, a empresária Estela Schreiner Delgado, 29, diretora da Lara Interiores, também integrou a equipe por volta dos cinco anos de idade e participou da abertura de duas apresentações – uma de Páscoa, no Cine Astral, e outra de Natal, no Arrozão.
Leila garante que ter feito parte da turma contribuiu para a sua formação pessoal e profissional. “Apesar de ser uma ‘brincadeira’ de crianças que interpretavam seus ídolos, o preparo para as apresentações, a rotina dos ensaios e a organização para as viagens contribuíram para o desenvolvimento de características como comprometimento, dedicação e disciplina”, fala.

Leila diz que a turma lhe despertou o espírito de solidariedade. “Este ensinamento era sempre lembrado nos ensaios pelos organizadores: dedicar um pouco do nosso tempo e do nosso esforço para auxiliar o próximo”, lembra

FABIANA TISCHLER





Fernanda Matusiak, Edegar Comassetto e Leila Delgado interpretando a Turma do Balão Mágico no aniversário de primeiro ano do JP Criança, no Arrozão



Leila interpretando a Maíra

ARQUIVO PESSOAL




LUCIANE PFÜLLER, A ETERNA XUXA

Uma das estrelas da Turma do Carrossel, a empresária Luciane Pfüller, 41, foi cover da apresentadora Xuxa por dois anos, na época com 12 anos de idade, e enlouquecia o público quando subia nos palcos. “Uma experiência linda, na qual pude me realizar. Éramos dedicados à causa, e quando penso que fiz parte de um projeto onde ajudamos crianças carentes e doentes meu coração se enche de orgulho”, emociona-se.


Luciane Pfüller como Xuxa e as paquitas Janaina Willig Prade, Elinka Matusiak, Andressa Mazuim Schirmer e Mairu Scherer em show no Ginásio Arrozão em 1989

ARQUIVO PESSOAL

“A coragem de enfrentar grandes públicos acontecia porque amávamos o que fazíamos. Agradeço eternamente em especial a Tia Ani e a Leni pelo amor e dedicação com todos nós”. Luciane



 

RENATA BATISTA, DE “ARTISTA” A COORDENADORA

Aos sete anos de idade, a publicitária Renata Batista, hoje com 41 anos, sócia-proprietária da Triomidia Comunicação & Marketing, já coordenava a Turma do Carrossel, sendo responsável por ensaiar as crianças para os shows, cuidar das coreografias e escolher o repertório. Mas sua estreia ficou marcada como a Mônica, personagem principal antes da Turma do Carrossel (quando esta ainda se chamava Turma da Mônica), atuando também como cover da cantora Patricia Marques mais tarde. “Lembro até hoje das músicas, da roupa, do cheiro da máscara e de cada apresentação. Desde muito pequena encarava com profissionalismo”, conta ela, que seguiu no grupo até os 14 anos. Seu irmão, o advogado Rogério Batista, 39, também integrou a equipe dos cinco aos 13 anos de idade fazendo o papel de Cebolinha (Turma da Mônica) e de um dos integrantes do grupo Os Abelhudos.


“Éramos idolatrados. Lembro com carinho da alegria de cada criança que passou pela Turma do Carrossel. Tenho certeza que marcou a infância de muita gente”, diz Renata, que guarda um álbum com reportagens e fotos da época

 


 



Luciane Pfüller e Renata (Patricia Marques), nos anos 90

ARQUIVO PESSOAL



P.S. Confira nas próximas edições mais histórias e personagens da Turma do Carrossel!
 






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