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Reportagens Edição 105 - agosto de 2016

Pais aos 50


Assim como as mulheres têm filhos mais tarde, muitos homens também

Hoje não é difícil encontrar homens de 50, ou até 60 anos, carregando bebês no colo. As paternidades tardias são cada vez mais comuns e o que não lhes falta é disposição e amor para aproveitarem ao máximo cada momento com seus filhos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de homens que se tornam pais após os 40 anos aumentou no mesmo passo que a expectativa de vida, que passou para 75,2 anos em 2014. Com mais tempo para garantir a estabilidade profissional e se dedicar à família, tornar-se pai maduro pode ser uma experiência ainda mais única e realizadora. A LINDA convidou três pais para contar suas histórias e falar das alegrias e desafios da paternidade tardia.


Rafaela, Gabriela e Laura Araújo ao lado do pai Cezar. “Um filho após os 50 faz você querer curtir mais os momentos e não ficar pensando só em aposentadoria ou na idade”, disse


TRÊS FILHOS EM TRÊS DÉCADAS

O advogado e corretor de imóveis Cezar Machado Araújo, 59, foi pai pela primeira vez aos 30 anos, da dentista Rafaela Coelho Araújo, 30. Aos 40, no segundo casamento, Cezar tornou-se pai de Laura Dias Araújo, 14, estudante. Para completar a família veio ao mundo a Gabriela, 2. “O nascimento da Gabriela não foi planejado, mas muito festejado”, resume ele. “Todas as vezes que recebi a notícia que seria pai minha alegria foi indescritível, uma felicidade inexplicável”, conta.
Para Cezar, ser pai é a maior realização do homem. “Na primeira vez, aos 30 anos, uma alegria com algum temor pela inexperiência. Na segunda vez, aos 40 anos, outra alegria com mais consciência. E aos 50 anos, uma alegria inesperada”, descreve. O corretor de imóveis admite que ser pai aos 50 é um grande compromisso, pois as diferenças irão aparecer mais rapidamente, mas garante que a sensação é totalmente diferente.



“Ter um filho na fase mais madura é renascer para a vida”. CEZAR ARAÚJO




ORGULHO DAS FILHAS

Mildo Léo Fenner, 58, advogado, tem duas filhas, a Nathália Fenner, 18, estudante de Publicidade e Propaganda, e Mariana, 4, aluna da escola Barão do Rio Branco, da qual se tornou pai após os 50 anos. “Minhas verdadeiras obras-primas”, orgulha-se Mildo, que se considera um homem sortudo. “Acho que tirei a sorte grande nesta vida. Tenho duas filhas lindas (loiríssimas) e uma esposa maravilhosa, que amo muito”, fala.

“Temos uma visão diferente do mundo. Somos mais experientes e amadurecidos, o que nos leva a ver a paternidade como uma missão divina e transcendental”


PAI PARTICIPATIVO
Mildo ajuda a lavar a louça, arrumar a casa e a cuidar da filha caçula diariamente. Por isso acredita que hoje, de maneira geral, os pais são muito melhores do que antigamente porque valorizam o seu papel na família e estão lado a lado com as mães na criação dos filhos. “Quando a Mariana tinha três meses passei a acumular as funções de pai e mãe durante as noites, já que a Elis (esposa) ia à faculdade, e então dava comidinha, trocava fraldas, vestia o pijama e a colocava para dormir”, lembra. “Pai que é pai não tem vergonha de brincar de boneca com a filha e se emociona, bate palmas e vibra muito quando a vê dando seus primeiros passinhos. Pai que é pai erra, é claro, mas sempre quer acertar mais para oferecer mais”, entende.

“Sempre beijo e abraço minhas filhas. Mais do que patrimônio, riquezas e coisas fúteis que só servem para desavenças e ódios familiares, temos que deixar o que de melhor temos no coração”. MILDO FENNER




 

 

 

FAMÍLIA COMPLETA

Estão sempre juntos, não se separam por nada. Assim as pessoas viam o casal Paulo Ricardo Garcia Ortiz, 52, comerciante, e Rosana Silveira Ortiz, 43, professora. Paulo confidencia que, na verdade, tanto ele quanto a esposa sempre levaram uma vida muito focada no trabalho. “Isso não quer dizer que não tínhamos tempo para aproveitar a vida da nossa maneira, aquele simples mate no final da tarde, umas boas risadas, algumas viagens...”, justifica. O tempo foi passando e Paulo, que sempre gostou de crianças, ficava olhando os pais felizes com seus filhos e ao mesmo tempo tinha em mente que a vida do casal era boa como estava. O que ele não esperava é que a vida podia ficar melhor ainda: tornar-se pai de Maria Paula, nascida no último dia 5 de julho. “Fui pai nesta idade por um olhar de Deus, que nos abençoou mais uma vez”, afirma.
Paulo nunca foi cobrado por não ter sido pais mais cedo, recebendo apenas alguns conselhos de amigos e a torcida da família. “Acredito muito no tempo de Deus, se foi para ser agora, este é o meu tempo certo. Quero me cuidar para poder amar e cuidar deste presente que nos foi concedido, ensinando-a o lado do bem”, declara.

“Não tínhamos filhos e éramos tocados de felicidade e alegria, mas agora é algo mágico, como um anjo que chegou a nossas vidas”. Paulo Ortiz





PALAVRA DE PROFISSIONAL

O médico urologista Lauderi Luiz Ladwig, 63, sendo 40 anos de atuação, explica que o homem pode ser pai desde jovem até encerrar a atividade sexual, mas a melhor idade é aquela em que ele se considera apto, e quer ter filhos, para ser um pai responsável, criando e educando seus filhos nas melhores condições. “Isto pode ser com 20, 30, 40 ou 50 anos”, observa. No entanto, do ponto de vista médico, o ideal é que o homem deva ter filhos enquanto jovem porque com o avanço da idade, após os 40 anos, a chance de ocorrerem alterações genéticas dos espermatozoides está aumentada, podendo gerar filhos com síndromes e anomalias. “Exemplo disto é a síndrome de Down. Esta possibilidade se agrava quando a mãe também tem idade mais avançada”, ressalta.
Lauderi lembra que a fertilidade diminui bastante a partir dos 40 anos e por isto é aconselhável tentar gravidez mais cedo. “No caso de não consegui-la, possibilita o diagnóstico da infertilidade mais precoce, dando a chance de melhor investigação e tratamento adequado. A infertilidade deve ter abordagem do casal, já que em 30% dos casos o fator masculino é a causa isoladamente e em 20 a 30% está associado ao fator feminino”, finaliza.
 






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