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Reportagens Edição 103 - junho de 2016

Mães depois dos 35


A frase “Ser mãe é padecer no paraíso” procede, mas para muitas mulheres a chegada ao paraíso pode exigir uma longa caminhada, já que a prioridade é organizar a vida profissional e pessoal antes de encarar a maternidade. Se tem algo que elas não podem duvidar é o quanto valeu a pena esperar todo esse tempo. A revista LINDA entrevistou cinco leitoras que se tornaram mães depois dos 35. Elas dividiram conosco suas histórias e falaram sobre o capítulo mais importante de suas vidas: o nascimento dos filhos.



Para Tatiana, a mulher não deve esperar muito tempo para ter filhos construindo planos. “Nada nunca está pronto na nossa vida”, acredita

 

 

 

RECÉM-MÃE

A empresária e proprietária do Espaço Espelho Mágico, Tatiana Proença da Silva, 40, deu à luz ao pequeno João, que tem apenas sete meses de vida. Tatiana confidencia que não engravidou antes porque queria se estabilizar para esperar com tranquilidade a chegada do bebê, mas, para ela, isso era uma ilusão. “Queria estar com tudo organizado na minha vida pra poder receber e cuidar meu filho com mais tempo e dedicação. Até hoje existe uma contínua adaptação das necessidades do João com a minha rotina de trabalho, mas é tranquilo. De vez em quando olho pra ele e penso que passei anos da minha vida planejando e hoje eu o tenho”, diz.
Tatiana diz que sua gestação foi 100%, não teve nenhuma complicação e manteve a rotina de atividades quase igual. Pressionada por pessoas próximas para engravidar, Tatiana conta que achavam que ela seria mais feliz se tivesse um filho. Mas se pudesse voltar atrás, ela diz que gostaria de ter engravidado mais cedo. “Se meu filho tivesse vindo antes eu já estaria curtindo ele há mais tempo, pois eu teria adaptado ele na minha rotina, como hoje também estou fazendo. Mas considero que eu só tenho essa visão hoje porque tive essa experiência”, pensa.
A dica que Tatiana deixa para as mamães trintonas é cuidar da saúde e escolher um bom pai. “Já que vai ter mais tempo para escolher, escolha um bom pai”, recomenda. “Hoje nem sei como teria sido se eu não tivesse o César (marido) na minha vida. Ele torna tudo mais feliz”, afirma.




EXPECTATIVA SUPERADA

A cirurgiã-dentista Mirela Lopes Marques, 45, foi mãe a primeira vez aos 42 anos. Ela começou a faculdade aos 28 anos e concluiu aos 35, por este motivo não imaginava ser mãe antes. “A partir da minha formatura já comecei a tentar engravidar”, conta. O que ela não esperava é que tivesse endometriose, uma alteração nos ovários, que os médicos demoraram a diagnosticar. Após o tratamento veio a notícia da gravidez.“Meu marido viu o resultado do exame no site do laboratório e chegou ao meu trabalho com um presente. Como ele não sabia que eu havia feito o exame, não imaginei o que era, quando abri era uma roupinha de bebê... Fiquei muito feliz e choramos abraçados”, lembra.

TRISTEZA RECOMPENSADA – Mirela perdeu o primeiro bebê com sete meses de gestação. Em seguida foi mãe de dois meninos: o Daniel, que hoje está com 4 anos, e o Tiago, prestes a comemorar 2 aninhos em setembro. A cirurgiã-dentista, em todos os partos, deu à luz por cesárea e considerou a maternidade muito tranquila. Se sofreu alguma cobrança para engravidar, Mirela responde: “Acho que a sociedade cobra muito sim, mas todos que conviviam comigo sabiam o quanto eu me desdobrava para trabalhar e fazer a faculdade, então não tinham como cobrar”.



“Não consigo imaginar que seria melhor se tivesse sido antes”, diz Mirela




DUAS CESARIANAS E TRÊS FILHOS

Após sete anos de tentativa, a professora aposentada e empresária Lourdes Ache Ribeiro, 58, teve a primeira gravidez aos 31 anos. A emoção foi em dose dupla seis anos depois, quando ela deu à luz aos gêmeos Mateus e Igor no auge de seus 38 anos. “Foi uma gravidez delicada pela idade”, lembra. O primogênito Vinícius tem hoje 26 anos. Mateus e Igor comemoram 20 anos em junho, com uma diferença de apenas cinco minutos.
Lourdes lembra que a primeira gestação foi tranquila. Vinícius nasceu numa sexta-feira 13 após 13 horas de espera, mas trouxe muita sorte para o casal. Passados seis anos começou tudo de novo, e com dois bebês ao mesmo tempo. Ela conta que no primeiro mês de consulta ao pediatra com os gêmeos ouvia “Que lindos seus netos”, então precisava esclarecer a situação.

ÁGUA NO LEITE –
Para a empresária, a maternidade dos gêmeos deu um pouco mais de trabalho. “Com 38 anos tu não tens mais o mesmo ‘pique’”, salienta. Se ela recebeu algum tipo de cobrança, Lourdes acredita que é normal que as pessoas desejem ver uma família completa, mas o casal tirou isso de letra. “O Valdomiro (Valdô), com o resultado do teste de gravidez do Vini, foi na vizinhança provar que não tinha água no leite. Para quem achava que não poderíamos ter filhos, pensando já em adotar, imagina vir um e depois mais dois. É uma bênção”, diz. Ela aconselha as mamães tardias: “Se cuidem, pratiquem esportes, não fumem nem bebam, alimentem-se bem, tenham muita fé e um marido como o meu, que ‘pega’ junto”.


“Sou muito feliz com os filhos que tenho e a idade não foi empecilho”, afirma Lourdes




VOCAÇÃO MATERNAL


Mãe há um ano, Fernanda dos Santos Nascente, 39, explica que não engravidou antes porque estava focada na profissão, além de que não tinha encontrado o amor de sua vida. A chegada do filho Davi trouxe muita alegria, pois era muito desejado. Mãe por cesárea, Fernanda afirma que a gestação foi tranquila. “Não senti enjoos nem cansaço, tanto que trabalhei até uma semana antes do nascimento do Davi”, conta. Sobre a maternidade, a advogada confirma que é verdade quando se diz que “quando nasce um bebê nasce uma mãe também”, já que, para ela, o instinto maternal fala mais alto. “Não tive dificuldade na hora de enfrentar os cuidados com meu filho, mas o apoio do meu marido foi fundamental”, reforça.
Fernanda admite que não recebeu nenhuma cobrança da sociedade para engravidar além de “Quando vai encomendar o bebê?”, mas nada além disso. A advogada acredita que a mulher depois dos 30 anos está mais preparada emocionalmente para a chegada do bebê.


Mãe aos 38 anos, Fernanda encara a maternidade como uma bênção




MÃE DE SEGUNDA VIAGEM

A cabeleireira Claudia de Araújo Rosa, 45, teve a primeira filha na juventude, com 19 anos, e ganhou a segunda menina com 22 anos de diferença. Mãe de Nenci, 25, Claudia decidiu que queria ter outro filho, então planejou a chegada da Nicole, que hoje está com 2 anos. Mãe de parto normal, a cabeleireira conta que a gestação foi ótima e não sentiu nenhum desconforto, mas passou algumas noites em claro por causa das cólicas. “Tudo vale a pena para ser mãe”, justifica.
Como já havia sido mãe cedo, Claudia diz que as pessoas perguntavam quando teria outro filho. “Não precisava ter esperado tanto, mas tudo acontece no momento certo”, reflete. Para ela, hoje as mulheres estão mais seguras de si e tomam esta decisão quando realmente estão prontas para a maternidade.


“Estou muito feliz com essa nova experiência”, diz Claudia, mãe pela segunda vez aos 42 anos




PALAVRA DE PROFISSIONAL

Segundo a médica ginecologista e obstetra Roberta Bulsing dos Santos, 36, sendo 11 anos de atuação, não existe um momento “certo” para engravidar. A profissional afirma que as gestações entre 20 e 35 anos sem nenhuma outra comorbidade (diagnóstico de uma ou mais doenças) são consideradas de baixo risco. “Em pacientes com idade materna avançada (a partir dos 35 anos), todas as comorbidades relacionadas a gravidez, como, por exemplo, diabetes gestacional, pré-eclampsia e trabalho de parto pré-termo, ocorrem com maior frequência”, frisa.
Roberta explica que a mulher tem um período de vida fértil, chamado de “menacme”, que vai da primeira menstruação até a última (menopausa). “O que se sabe é que nos extremos da vida reprodutiva, na adolescência e após os 35 anos, os riscos aumentam proporcionalmente à idade”, salienta. Sobre o motivo pelo qual algumas mulheres levam mais tempo para engravidar, a médica esclarece que a causa é muito individual, mas existem alguns fatores que ajudam a demora, como a idade do casal e doenças congênitas ou adquiridas previamente.
A ginecologista destaca que as gestantes com mais idade, assim como quaisquer outras, devem fazer o pré-natal, mas no caso delas deverá ser um pouco mais cuidadoso, com consultas e exames mais frequentes. “O ideal também é fazer uma consulta pré-concepcional para atualizar o calendário vacinal e iniciar o ácido fólico ao menos três meses antes de engravidar”, instrui.


Roberta já atendeu gestantes de até 53 anos


GABRIEL RODRIGUES






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