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Reportagens Edição 72 - agosto de 2013

Vingança é mesmo um prato que se come frio?


Controlar os sentimentos e conter-se diante de uma injustiça ou traição não é tarefa fácil

Não é só na ficção que o desejo de vingança toma conta do ser humano. Na vida real, convivemos com ele quase todos os dias. Mais que isso, muitas vezes as pessoas rogam praga sem nem se dar conta e, quando menos esperam, já estão ansiosas para ver o dia em que a pessoa que feriu seja cobrada pela vida.

Com todos estes protestos vivenciados, é normal ver cartazes ou recados nas redes sociais onde as pessoas desejam que alguns políticos tenham que ser atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ficar meses à espera de uma consulta ou que recebam um salário mínimo por mês para ver se conseguem viver com ele. Isto seria um desejo de vingança ou sede de justiça?

Para a psicóloga Marianne Guimarães, 25, sendo dois anos de profissão, muitas pessoas confundem o conceito de vingança com o conceito de justiça. “A justiça busca a aliança na solução de conflitos, a reconciliação, o acordo, e ainda segue princípios éticos”, diz. Já a vingança, segundo a psicóloga, é mais severa e tem por objetivo prejudicar o outro.
Quem nunca viveu sentimentos de raiva, ódio, rancor, orgulho, ciúme e ressentimento que atire a primeira pedra. O desejo de se vingar é, segundo Marianne, algo inerente do ser humano. “Todo ser humano já imaginou que aquela pessoa que supostamente o feriu um dia de, alguma maneira, no futuro, acabasse se dando mal em resposta ao que fez”, observa. A diferença entre as pessoas é que algumas ficam só na fantasia e outras concretizam a vingança.

VINGANÇA CONSUMADA – Quando o assunto é relacionamento, as ideias borbulham. Falar mal do(a) ex é corriqueiro, com acusações do tipo “aquela pessoa tinha mau hálito e disfunção erétil”. Uma entrevistada foi além - ao descobrir a traição do marido, não contou nada, pegou o carro dele e passou várias vezes numa lombada eletrônica a 100 quilômetros por hora. Só sossegou quando teve certeza de que ele perderia a carteira. Outra entrevistada contou que certo dia pegou o Facebook do namorado aberto e aproveitou para olhar as mensagens. Eis que encontrou uma mulher se insinuando e chamando-o para ir ao motel. Ela, sem pensar duas vezes, copiou toda conversa e mandou por mensagem para o noivo (hoje ex-noivo) desta mulher.

De acordo com Marianne, o cuidado que devemos ter é de não agir enquanto as lágrimas ainda estão quentes e rolando face abaixo. Pode ser que mais tarde a vontade de se vingar desapareça. “É crucial olhar para si mesmo e reconhecer e assumir os próprios sentimentos. Feito isto, é mais fácil encontrar maneiras para lidar com a situação”, ressalta.


 

O que os cachoeirenses pensam sobre a vingança?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Acredito que tudo o que a gente faz volta em dobro. Apesar de saber que vingança é um prato que se come frio, na hora da raiva sou daqueles que não consigo pensar e faço coisas que me arrependo depois. Já me vinguei de um ex-namorado contando algumas coisas erradas que ele fazia no local onde trabalhava. Fui traído por ele e não me arrependo do que fiz, pois acho que as pessoas não deveriam trair. Valorizo muito a confiança e a fidelidade nas relações”.
Felipe Fagundes, 22,  maquiador e cabeleireiro

 

 

 

 

 






 

 

 

 

 

“Vontade de me vingar propriamente dita eu não tive, mas tive vontade de devolver na mesma moeda e já fiz. Em uma época de minha vida, dava cursos de danças em várias cidades da região e coordenava vários grupos de danças. Em uma ocasião, fui prejudicado por um erro de um dos jurados e perdi a competição. Isso prejudicou meu trabalho como instrutor de danças, colocando em dúvida minha capacidade. Muito tempo depois, este mesmo jurado estava a minha frente novamente, só que eu como jurado e ele com seu grupo de danças. Não deu outra, ele também não classificou. Não errei e não roubei, apenas julguei conforme meus critérios. Fui, digamos, mais criterioso”.
César Sena da Silveira, 50, funcionário público federal

 

 

 

 

 

 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Todo cuidado é pouco nos momentos em que nossas emoções estão à flor da pele. Sou contra a vingança e jamais pensei em vingar-me de alguém”.
Rosane Deicke, 53, teóloga, radialista e publicitária

 

 

 

 

 

 

 

 





 

 

 

 

 

 

 

 

“A vingança vem no tempo certo. Quando tu menos espera, de alguma forma, se sente vingada, sem precisar mover um dedo para isso. Quem diz que nunca sentiu vontade de se vingar está mentindo. Na hora da raiva, passam mil planos milimetricamente arquitetados para se vingar daquela pessoa que te feriu. Certas situações despertam a nossa pior parte, fria e calculista, mas no meu caso nunca cheguei a me vingar”.
Mariele Tavares, 21, auxiliar administrativo e estudante

 

 

 

 





 

 

 

 

 

 

 

 

“No meu vocabulário não existe a palavra vingança. Ela não cura os machucados e, na maioria das vezes, só os agrava. Portanto, como aprendi, a vingança não é dos homens, e sim de Deus. Ele é o juiz de todas as causas”.
Nádia Escobar, 47, contabilista

 

 







 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Senti algumas vezes vontade de me vingar de uma pessoa que eu considero que tem certa perseguição por mim. Uma vez esta mesma pessoa quase causou-me um acidente de trânsito. Porém, sabiamente, refleti e percebi que não valeria a pena me igualar a esta pessoa tão pobre de espírito”.
Gleice Baumhardt Varaschini, 30, comerciária

 

 

 

 

 

 

 

 






 

 

 

 

 

 

 

 

“Acredito que as pessoas se vingam para tentar se livrar de alguma dor que estão sentindo. Já senti vontade de me vingar, mas foi algo momentâneo, pois tenho o costume de pensar bem antes de tomar qualquer atitude”.
Rodrigo Kury, 32, maquiador

 

 

 

 

 

 

 

 

 






 

 

 

 

 

“Já senti vontade de me vingar fazendo o que eu considerava justiça para uma pessoa arrogante que se sentia superior e acreditava que ninguém poderia se sair melhor que ela. Consegui me controlar mostrando apenas o meu silêncio, sem fazer o mal. Quem é da área da saúde sabe que o sentimento de vingança acarreta prejuízos para a parte física, onde o cortisol liberado pelo organismo estressado reduz as defesas, deixando a pessoa vingativa mais suscetível a doenças. Sem dizer pelo lado psicológico, onde a vingança é um sentimento que corrói nossa capacidade de raciocínio e nos leva a ações descabidas que, mais cedo ou mais tarde, poderá estar arrependido de cometê-las”.
Rodrigo Gomes Machado, 32, fisioterapeuta

 

 

 

 

 





Afaste o desejo de VINGANÇA


. Quanto menor a autoestima, maior o instinto de vingança. Ame-se!

. Orgulho ferido? Levante a cabeça que a vida continua. Deus fecha uma janela, mas abre uma porta.

. Vingar-se significa demonstrar que a atitude do outro feriu e também quer dizer valorizar o alvo da vingança em questão. Então, lembre-se: o silêncio é a melhor resposta.
 






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