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Reportagens Edição 57 - abril de 2012

Novas avós


Elas não têm cabelos brancos nem ficam em casa fazendo doces, mas ainda gostam de mimar os netos


Já foi a época em que a palavra avó remetia à imagem de uma senhora sentada no sofá da sala, de óculos e cabelos brancos, assistindo à televisão e à espera do fim de semana para reunir-se com os netos no almoço de domingo. Hoje, elas têm outro papel na vida social, motivado não só pela mudança nos costumes, mas também pela longevidade. Com a expectativa de vida passando dos 70 e com um cenário onde muitas mulheres são mães aos 40 anos e outras tantas engravidam antes dos 20, as avós têm idade variada, começando na casa dos 35.
Como em geral trabalham fora ou trabalharam durante muito tempo, o próprio mercado as impulsionou a dirigir, dominar aparelhos eletrônicos, usar telefones celulares e navegar pela internet sem dificuldade. O que faz com que as avós modernas transitem facilmente entre as gerações, com capacidade para conversar com os netos sobre sexo, drogas e moda, como se fossem um de seus colegas. Terezinha Duarte Santos, do alto dos seus 70 anos e no topo da família, é uma típica avó dos novos tempos. Ela teve Maristela aos 28 anos, se tornou avó da Maiara com 48 e com 68 já era bisavó da pequena Maria Luiza.
Apesar de não morar na mesma cidade, sempre mantém contato com elas. “Temos em comum o fato de sermos bem ativas, estamos sempre prontas para tudo. Sentar e cruzar os braços não faz nosso estilo”, conta Terezinha. Ao seu lado, a filha Maristela, 42 anos, segue o mesmo ritmo com Maria Luiza. “Também quero participar ativamente da vida da minha neta”, observa Maristela, que ainda arruma tempo para a profissão de fisioterapeuta, para cuidar da beleza e da família.


Maristela, Terezinha, Maiara e Maria Luiza: encontro de gerações é possível pelo aumento da expectativa de vida e não é mais abalado por diferenças culturais

 


Evolução explica essa relação


Toda essa relação de camaradagem entre netos e avós faz parte do fenômeno da modernidade e tem sido alvo de muitos estudos. No Império Romano, quem mais vivia não passava dos 40 anos. Até meados do século XIX, só três em um grupo de 100 pessoas chegavam a viver seis décadas. Como morriam cedo, essas avós conviviam um tempo mínimo com seus netos, o que explica o pouco vínculo entre essas gerações – coisa que já ficou para trás.
Também fora de contexto está a antiga máxima de que as avós são mais amigas dos netos porque, ao contrário dos pais, não têm a obrigação de educar e impor limites. O relacionamento atual, moldado por todas essas mudanças, se dá sobre novas bases. “A modernidade nos permite ser aquela vovó com cara de mãe, ainda jovem, com físico malhado e cabelos coloridos”, completa Maristela, que procura estar sempre atualizada para acompanhar os passos da neta.
Essa relação mais intensa com as avós traz muitos benefícios para os netos. “A possibilidade de conviver com uma família bem estruturada e com a presença das avós traz segurança para a criança. Vínculos afetivos saudáveis são importantes para o desenvolvimento da personalidade”, explica a psicóloga Jeani Jaeger, 41 anos, sendo 18 de profissão.

 

 


 

. Para estreitar ainda mais os laços é interessante as avós ajudarem nas tarefas dos netos. Podendo também ajudar os pais nas tarefas do dia a dia, como acompanhá-los na escola ou em alguma outra atividade.
 
. É importante saber envelhecer, saber descobrir o encanto de cada idade e aceitar o envelhecimento para aproveitar cada fase da vida.
 
. Os netos não precisam esperar o domingo para visitar as avós. Podem e devem fazer uso das tecnologias para fazer contato com mais frequência.
 
Fonte: psicóloga Jeani Jaeger

 


 


 A probabilidade de uma criança de 10 anos ter....


  Uma avó viva Uma bisavó viva
1980 70% 7%
2010 86% 22%
2040 94% 48%

 

Fonte: departamento de demografia da Universidade Federal de Minas Gerais







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