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Reportagens Edição 56 - março de 2012

De volta à escola


Três cachoeirenses visitam as escolas onde estudaram para contar suas lembranças

Grande parte da infância e juventude se passa dentro da escola. É uma época que marca a vida de qualquer um e tanto as lembranças boas quanto ruins são difíceis de esquecer, mesmo depois do passar dos anos. Por isso LINDA convidou três cachoeirenses para voltarem às suas escolas e, acompanhando a visita, registrou o que sentiram ao passear pelo lugar que fez parte de suas vidas.

O melhor lugar do mundo

“Morava no Bairro Rio Branco e todas as manhãs percorria um longo trajeto até o Instituto João Neves da Fontoura. Era um lugar mágico, tudo acontecia lá. Em 1963 me formei e voltei lá só uma vez, há alguns anos, para um compromisso, mas passei só pela direção e pelo auditório. O restante da escola não via há muitos anos. Estava ansiosa para rever o lugar onde passei a maior parte da minha infância e juventude. Ao chegar tive um misto de saudade e expectativa, afinal 49 anos se passaram. Logo na fachada vieram as mudanças. No meu tempo os muros não tinham grades, já que a violência naquela época não era como é hoje.
Ao entrar me deparei com a biblioteca, antes parecia tão grande e, apesar de não ter mudado de lugar, agora parece tão pequena. Continuando a visita, percebi que a maioria das coisas permanece no mesmo lugar, tirando algumas salas que mudaram de andar, nenhuma outra mudança muito grande. Caminhando por lá relembrei das auxiliares de disciplina, que ficavam no corredor fiscalizando o movimento dos alunos para ninguém matar aula. Lembrei da professora de Francês, Lílian Gouvêa, que sempre me dizia que era um descanso olhar para mim. Como poderia esquecer uma professora tão afetuosa?
Continuei a percorrer os corredores da escola e percebi que a diferença era grande. Antes eram sofisticados, bem arrumados. Hoje, as paredes estão descascadas, mostrando que os anos se passaram e que o tempo fez estrago. Durante a visita lembrei-me de como fui feliz ali. Parecia que estava me vendo, com minha saia plissada, meias até o joelho e camiseta branca, uniforme obrigatório na época. No fim da visita estava sentindo muita saudade. Saudade dos colegas, que naquela época pareciam que iam ser para sempre, mas que infelizmente o tempo leva cada um para o seu lado. Exceto um deles, que se tornou meu companheiro para toda a vida. Conheci o meu marido na escola, outro marco importante dessa fase. Que saudade desse tempo que passei lá, afinal cada momento que vivi foi inesquecível e voltar para sentir tudo outra vez foi muito gratificante. Com certeza, naquela época, para mim, era o melhor lugar no mundo”.

Neusa Blaya, 65, empresária


Neusa na biblioteca, que se mantém igual desde que ela saiu do colégio, há 49 anos


Neusa em foto feita na década de 50



Um passeio pela memória

“No segundo ano do primário (atual segunda série do ensino fundamental) fui transferido para o Colégio Marista Roque por escolha dos meus pais, pois ele tinha fama pela qualidade e rigidez do ensino. Terminei o colégio em 1972 e desde então nunca mais tinha entrado lá. Tinha vontade e curiosidade de voltar para rever o lugar onde cresci. Rever as salas de aula onde estudei, rever o campinho onde jogava futebol com o time dos colegas. Aliás, time esse que ganhava sempre. Quando tinha torneio, a vitória era garantida. Ah, como eram bons tempos!
Por ser um admirador e desbravador do passado, uma das minhas professoras inesquecíveis foi a admirável Dorilda Vivian, que ministrava aulas de História, uma das minhas matérias preferidas junto com Geografia. Mas, apesar de gostar de estudar, lembro que todo ano queria entrar em férias logo, então não queria de maneira nenhuma pegar exame. Teve um ano, não estou lembrando qual, que precisava tirar 10 em Língua Portuguesa para me livrar do exame e ir para as tão sonhadas férias. Mas era uma tarefa difícil. Até que surgiu um concurso de redação. Participei e ganhei o concurso, resultado: 10 na matéria que eu precisava. Mas essa é apenas uma história, são tantas que vem à cabeça.
Lembrei também de uma advertência que tive. Antes de começar uma prova, estava sentado à classe, com o pé um pouco para fora. Eis que entra na sala o colega Germano Leusin, alto, muito alto, que tropeça no meu pé e voa até o final da sala. O irmão marista que estava aguardando para começar o exame nos tirou da sala e não deixou que fizéssemos a prova. Nenhum dos dois teve culpa, mas foi engraçado. Essa foi a pequena arte que fiz durante todos os anos de colégio. Eu era um aluno exemplar.
Gostava de ir bem para que no final do ano letivo meu pai me visse recebendo uma medalha por ser um dos primeiros da turma.
Essa visita ao colégio foi muito gratificante. Porque pude ver com os meus próprios olhos como tudo se mantém praticamente como era antes, claro que tudo está muito melhor. Estava ansioso para rever a minha primeira sala de aula. Era o momento mais esperado por mim. Chegando lá, uma surpresa: ela foi transformada em um banheiro.
Esse foi o momento engraçado da visita. Brincadeiras à parte, ver que o colégio segue referência de estudo na cidade me deixa muito orgulhoso, pois sei que fiz parte dessa história”.

Rui Ortiz,
58, secretário de Administração e Planejamento de Cachoeira do Sul



Bom aluno: medalha obtida por Ortiz



Rui admirando o pátio do colégio, onde não pisava desde 1972




Lembranças para toda a vida

“Era 1979. Estava trocando de colégio. Período difícil para uma criança, afinal deixar os amiguinhos da antiga escola e ir ao encontro de novos colegas e novos professores dá um certo medo. Fiquei sabendo que o novo colégio era lindo e renomado na cidade. Assim, a curiosidade só aumentava. Cheguei ao Colégio Barão do Rio Branco e todas as expectativas que criei foram superadas. Fui muito bem recebida, me senti acolhida por todos e logo ele se tornou meu segundo lar. Tanto que nesses 26 anos de formada não me desliguei de lá. Estou sempre participando de eventos e prestigiando o colégio.
Os seis anos que passei no Barão foram de muito estudo e dedicação, mas também de muita amizade e companheirismo. Lembro das horas e horas que passava lendo livros na biblioteca, um vício que trago até hoje. A biblioteca vejo que mudou de lugar, mas as lembranças não. Estão todas aqui, aflorando a cada passo. Cada sala que eu visitei me trouxe uma sensação de saudade. Saudade das professoras que fizeram parte da minha vida. Impossível citar uma ou outra, afinal, todas de alguma forma me marcaram para sempre.
Ver a quadra onde se realizava a Educação Física, ver o pátio onde tanta coisa acontecia me fez muito bem. Quando o vi, logo me lembrei de como ele ficava quando tinham eleições para o grêmio estudantil. Todo coberto de cartazes feitos pelas chapas que estavam pedindo voto. Esse é o tipo de lembrança que só faz bem. É a lembrança que jamais deve ser esquecida. Afinal, é uma parte da vida da gente que não volta mais. Uma fase que não será igual a nenhuma outra. Foi ótimo voltar e saber que eu aproveitei cada dia de aula, cada festa, cada amigo que eu fiz lá dentro.
Vir aqui trouxe também certa nostalgia, pois voltar ao passado é difícil. Ver que o tempo passou, e rápido, faz a gente refletir. A vontade de voltar naquele tempo e fazer tudo de novo também é inevitável. Mas o saldo, sem dúvida, é positivo. Voltando lá pude ter certeza que o colégio está ainda mais bonito e moderno e que mantém aquela filosofia de estudo que me fez a pessoa e a profissional que sou hoje”. 

Mônica Forgearini Nunes,
43, cirurgiã-dentista


Mônica em foto com sua turma de 1985



Mônica em frente ao colégio que fez parte da sua formação








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