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Do amor ao sexo Edição 116 - agosto de 2017

Relações VIRTUAIS

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


A humanidade passou por várias revoluções (agrícola, industrial, tecnológica) e todas elas abriram novos caminhos, levando a sociedade a ampliar a sua forma de se relacionar, trabalhar, lidar com economia, enfim, se redefinir.

Nos nossos dias, o avanço da tecnologia trouxe a rápida difusão da internet. As redes sociais virtuais sustentam vários tipos de relações, como as relações profissionais, as de amizade, as sexuais e as de entretenimento, por exemplo. Todos as usamos de alguma maneira e quem não o faz é visto como alguém “estranho”.

A chamada cultura digital é virtual e real ao mesmo tempo. É dinâmica e fluida, nela se tem liberdade de expressão, de escrita e de acesso. Ela liga indivíduos do mundo inteiro, o que no mundo real, provavelmente, seria muito difícil de acontecer. Os relacionamentos virtuais são muito mais fáceis das pessoas entrar e também sair, necessitando apenas apertar a tecla deletar.

Somos uma sociedade que vive em pares e sem dúvida a tecnologia está mudando a forma desses pares se cortejarem. Não é mais através de bilhetinhos, de encontros na praça da cidade, nem de reuniões dançantes. Hoje este cortejo é feito muito mais por e-mail, Facebook, Instagram, WhatsApp, emotions para expressar emoções, selfies, curtidas e até nudes. Várias regras e tabus de encontros se modificaram na sociedade, mas a forma de amar e a necessidade da mesma não mudaram.


Relações virtuais são muito semelhantes às relações reais no que tange às tramas e emoções suscitadas. Nelas pode haver entrega, amizade, emoções de dor, alegria, tesão, tristeza, frustrações e raiva.

Lilli Milman, psicanalista, disse que a internet ampliaria as relações de contato com o mundo. Os ambientes virtuais não substituem os ambientes reais, eles são um complemento, uma ferramenta para os relacionamentos. O ideal é que se faça tudo para reunir as pessoas ao vivo, pois relações que têm ausência do corpo são sempre mais pobres.

O ambiente virtual também pode ser um facilitador para as pessoas que têm dificuldade com as relações sociais, para os solitários, para os mais velhos e também para os adolescentes, já que para eles o mundo real é mais difícil de certa forma.

Os perigos do mundo virtual também não são diferentes dos perigos do mundo real, já que os pilantras, os psicopatas, os carentes e os vulneráveis sempre existiram - encontros como esses são sempre bastante perigosos. Outro perigo é o tempo despendido nas relações virtuais. As horas que passamos olhando o Instagram, o Facebook e o WhatsApp, respondendo e-mails e mandando mensagens, esse período é um tempo que deixamos de ter relações presenciais - o risco é quando esse tempo virtual passa a ser maior do que o real.

A Associação Americana de Psicologia (APA), em 2006, batizou o “uso patológico da internet” como uma nova doença. A entidade afirma que certos viciados na internet ficam on-line em média 38 horas por semana, o que dá uma média de mais de cinco horas por dia. Em sua análise, isso causa dependência tanto quanto os jogos de azar.

Não há dúvida de que a internet propicia os encontros, experiências e sensações sexuais justamente porque na internet há um espaço entre uma tela e a outra.

Como diz Esther Perel, psicoterapeuta de casais, assim como “o fogo precisa de ar, o desejo precisa de espaço”. Já o amor requer o real porque no amor queremos “grudar”, fundir no objeto amado, queremos diminuir a distância. Por isso que é comum os inícios das relações serem virtuais, mas à medida em que se aprofundam necessitam se tornar reais.



Psicóloga e terapeuta sexual






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