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Do amor ao sexo Edição 99 - janeiro/fevereiro de 2016

Obsessão de amor

» Izabel Eilert (izabeleilert@terra.com.br)/psicóloga e terapeuta sexual


Certamente você  conhece alguém que viva uma relação de amor obsessivo, aquele onde parece evidente que o relacionamento não dá certo, que brigam o tempo todo, se maltratam, muitas vezes chegam até a se desrespeitar em público, separam e voltam várias vezes e em todas elas juram que irão mudar, que não vão mais agir daquela maneira e acreditam que o outro irá ser diferente, mas isto dura só até a próxima briga... São relações intensas, onde geralmente o sexo é muito bom e quando reatam é o ponto alto, mas também é o sexo o causador de grandes desavenças, brigas por ciúmes, inseguranças e crises que parecem infundadas. Mas do ponto de vista do casal, aquelas queixas fazem o maior sentido e para serem escutados e respeitados um pelo outro parece que o volume da voz acaba se elevando excessivamente, e o descontrole verbal e até físico não tarda a chegar...

Mas que tipo de amor é esse? Que obsessão é essa que faz manter essa relação tão ruim, tão destrutiva para o casal, para os filhos, familiares, chegando muitas vezes a refletir no trabalho, na saúde física e até financeira deste casal? O que faz com que as pessoas que sofrem desse mal – obsessão de amor – não consigam se dar conta de que estão se autodestruindo?

As pessoas ficam literalmente obcecadas uma pela outra, como se sem a outra a vida não seria possível... Mas é! Só que enquanto estão ligadas pelo vínculo neurótico não conseguem enxergar que estariam mais saudáveis sozinhas, ou com outro par que não funcionasse daquela maneira obsessiva.

Pena que as pessoas que estão sofrendo desse mal só se dão conta dos danos (emocionais, físicos e muitas vezes até financeiros) após pagarem um preço muito alto.

Muitas podem ser as causas desse tipo de ligação tão doentia, mas na grande maioria das vezes a origem está na primeira infância, com modelos de pais desestruturados, famílias conflitivas, que deixam marcas emocionais enormes e uma tendência a repetição do padrão doente. Claro que não é uma regra que funcione para todas as pessoas que se originam de famílias pouco estruturadas emocionalmente, no  sentido de que sempre terão encontros amorosos desastrosos. Mas é um fato bastante comum de se encontrar nas relações obsessivas históricos de famílias desestruturadas. Pessoas que foram muito rejeitadas na infância também tendem a se “grudar” neuroticamente no parceiro como se temessem, inconscientemente, serem rejeitadas novamente. Assim procedendo, também inconscientemente, aumenta-se muito as chances de se levar as relações à rejeição. Enfim, existem várias causas que podem conduzir uma pessoa a se relacionar dessa forma tão destrutiva.

Infelizmente, quem está numa relação assim só consegue buscar uma saída quando já está muito machucado. As pessoas próximas podem tentar mostrar como estão percebendo o que aquele casal deixa muitas vezes evidente, que aquilo não é um padrão saudável, que existe tratamento psicoterápico para pessoas que sofrem deste tipo de relação. Com auxílio de um profissional pode ser mais fácil perceber como seria mais saudável o convívio ou a separação. Viver junto num processo de relacionamento doentio que traz constante sofrimento não é amor, é obsessão.


Psicóloga e terapeuta sexual






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