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Reportagens EDIÇÃO 47 - MAIO 2011

Depressão pós-formatura


Depois da euforia da colação de grau, a ressaca: além da saudade dos colegas, a incerteza sobre as opções profissionais

Desde que começou a faculdade de Direito, o jovem Luan Poetini Graeff, contava as horas para finalmente estar formado. Foram cinco anos de dedicação e quando enfim colocou a mão no diploma percebeu que ele veio carregado de sentimentos que iam bem além da alegria. Da rotina diária de aulas ficou o vazio, da convivência com os colegas, a saudade, e do sonho de ser advogado na área de Direito Social, a incerteza. Aos 23 anos e trabalhando como consultor de vendas, Luan é mais um do grupo de recém-formados que se sente perdido sem saber que rumo escolher e ao mesmo tempo pressionado a tomar uma decisão rápida e fazer uso do tão batalhado diploma de ensino superior.
“Como o Direito é uma formação que oferece diversas áreas para serem seguidas, meu maior medo é errar e acabar frustrado no futuro”, observa. Enquanto a resposta não chega, ele se prepara para encarar uma pós-graduação na área de Advocacia Pública. “Percebo que aperfeiçoar os estudos logo após a formação ou já buscar uma colocação no mercado é uma grande dúvida não só minha, como de boa parte dos meus colegas. Eu optei por já fazer uma pós para quando for mesmo entrar no mercado de trabalho estar mais preparado”, ressalta Luan. De acordo com a psicóloga Marcele Tonet, 30 anos de idade, nove de profissão, é comum depois da formatura sentir insegurança em relação ao futuro. “Encerrou-se uma fase e outra já se descortina exigindo decisões firmes, seguras e ainda mais responsabilidade”, explica.
Segundo Marcele, é possível diminuir essas dúvidas ainda durante o curso.“Além de se dedicar aos livros, faça estágios na área, peça ajuda e conselhos sobre atividades para profissionais que admira ou professores, se mostre interessado, faça contatos e tenha uma rede de relacionamento, o famoso network, que pode fazer toda a diferença e contribuir para diminuir a insegurança pós-formatura”, observa a psicóloga. Para Luan, por enquanto, a vida vai seguir parecida com a de antes da formatura. “Vou continuar no meu emprego na área de vendas e vou fazendo a pós-graduação para só dar uma guinada na minha vida quando tiver realmente certeza do que quero”, ressalta.


Luan: “Dúvidas pós-formatura atormentam tanto pela pressão de fazer logo bom uso do diploma”.



MERCADO -
Se para Luan, as opções de caminho são tantas que chegam a deixá-lo inseguro em relação a qual escolher, para a recém-formada em Serviço Social, Daniela Costa, 22 anos, o problema é outro: conseguir já uma colocação no mercado de trabalho que se mostra restrito em sua área. Sem planos de sair da cidade, a jovem mantém seu trabalho como comerciaria, sempre sonhando com a hora que poderá finalmente colocar em prática o que estudou. “Eu adoro meu emprego, no entanto, quero trabalhar na área a que tanto me dediquei”, observa. Diante das dificuldades do setor privado para a Assistência Social, Daniela já planeja migrar para o lado dos concursos públicos. “Enquanto não encontro meu lugar ao sol vou me mantendo atualizada em meus estudos para estar bem preparada quando finalmente minha oportunidade chegar”, ressalta Daniela.



Daniela: “Apesar de se deparar com um mercado restrito para os assistentes sociais, não me arrependo do curso que escolhi”.



Da formatura para o batente

“Primeiro a euforia de encerrar uma etapa, depois a incerteza sobre como será o futuro profissional”, assim resume Letícia Cuba a mistura de sentimentos que traz uma formatura em ensino superior. Aos 22 anos e já com o diploma de dentista, a jovem buscou durante os cinco anos de curso definir bem seus propósitos e antes mesmo de concluir os estudos prestou concurso para o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, o qual foi aprovada e já assumiu o cargo. “Como a Odontologia abre um leque de opções – montar consultório, seguir para carreira pública, trabalhar na iniciativa privada ou ainda partir para a docência – é preciso ter os planos bem definidos para não acabar frustrado. Eu sempre estudei com o intuito de ser aprovada em um concurso e me dediquei tanto a isso que deu certo até antes do que eu imaginava”, diz. Nos planos de Letícia, o próximo passo é conciliar a carreira pública com um consultório particular.
De acordo com Marcele, assim como Letícia definiu suas metas bem cedo, outros demoram meses e até anos após a formatura para decidir para onde realmente irão. “Não existe fórmula que funcione para todos. Alguns são decididos ao ponto de nem terem dúvidas sobre o que querem fazer, outros precisam de mais tempo e até de um empurranzinho, o que não significa que estão errados. A única coisa certa é que é um período de muita pressão pessoal e que todos precisam correr atrás de seus sonhos, afinal ninguém consegue nada fácil e o começo é difícil para todos”, conclui Marcele.


Letícia: “Defini bem meus objetivos durante o curso e assim que me formei já garanti o primeiro grande sonho: a nomeação em um concurso público”.



Como fugir da depressão pós-formatura

. Devido a longa duração dos cursos de ensino superior, sentir falta da rotina de aulas e a convivência com os colegas é normal. A saída é encontrar outras atividades para o tempo agora livre e que antes era ocupado com as aulas e buscar não perder o contato com as amizades conquistadas durante a faculdade;
 
. Um empurrãozinho de vez em quando não faz mal, ouça um pouco mais seus pais e pessoas com mais experiência;
 
. Dedique-se durante o curso a saber mais sobre ele, procure profissionais, faça estágios, assim quando sair da faculdade já estará com uma ideia formada para onde seguir;
 
. E sempre dê ouvidos ao coração, pois trabalhar naquilo que não gosta formará um profissional frustrado.
 
Fonte: psicóloga Marcele Tonet





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