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Reportagens EDIÇÃO 29 - SETEMBRO 2009

Tá na rede!


Virou moda: a cada semana surgem novos e-mails circulando com fotos eróticas de mulheres da cidade

 

O que passa na cabeça de quem se deixa fotografar em momentos de intimidade: erotismo, vaidade ou nada mais que um ato inconsequente? Qualquer que seja o motivo a última coisa imaginada na hora da emoção é que essas imagens podem vazar e tumultuar a vida de quem vive esse constrangimento. Em Cachoeira do Sul virou moda ser fotografada e a cada semana surgem e-mails circulando com fotos de mulheres nuas e em cenas para lá de quentes. Já se fala na cidade em pelo menos 15 meninas personificando esse tipo de história. LINDA conseguiu identificar pelo menos cinco através das imagens que chegaram à redação.
A pergunta que fica é por que esse comportamento está tão comum? Uma das respostas, sem dúvida, é a disseminação dos aparelhos celulares com câmeras cada vez mais potentes. Se fosse preciso ter a mão uma máquina fotográfica dificultaria a produção das imagens. Já com um celular por perto, aliado a emoção do momento, tudo fica mais fácil. Episódios desse tipo ganham repercussão nacional quando envolvem famosos como no caso da participante da última edição do Big Brother Brasil Maíra Cardi. Ainda durante o programa surgiu na internet um vídeo feito por seu ex-marido enquanto ela praticava sexo oral.
Voltando a Cachoeira: quem não lembra da história da modelo cachoeirense Maria da Graça Mello? Hoje com 27 anos, ela viu sua vida virar de cabeça para baixo em 2005 quando as fotos sensuais feitas pelo namorado foram parar na internet após seu computador pessoal ser levado para manutenção. As fotos não só circularam por e-mails como foram publicadas em sites de pornografia nacionais e internacionais. Diferente da maioria, Maria da Graça deu uma guinada na vida e até hoje colhe os frutos do incidente que alavancou a sonhada carreira de modelo. Entretanto, na época precisou ir embora de Cachoeira do Sul devido ao assédio e recriminação sofridos.
DILÉIA - O caso de Maria da Graça é exceção. São raras as histórias que têm um final feliz. A acadêmica de Psicologia Diléia Freitas, 24, foi uma das jovens que viu sua vida mudada após suas fotos sensuais feitas pelo ex-namorado terem vazado na internet. O en-saio em que ela aparecia de lingerie e seminua percorre e-mails da cidade e também foi divulgado em um site especializado em fotos amadoras de mulheres. “Essas fotos ficaram no meu computador e acredito que durante uma ida para a assistência elas tenham sido roubadas. Não acho que tenha alguma coisa obscena, mas acabei perdendo a paz de tanto que fui abordada na rua e até mesmo por telefone”, conta.
Morando hoje em Bagé, ela diz que sua mudança de cidade em nada tem a ver com o vazamento das fotos, mas que a ajudou a voltar a ter uma vida normal. “Em Cachoeira era alvo de comentário e muitas invenções. Quando as fotos começaram a circular surgiram boatos que eu mesma havia colocado na internet para me promover. Quem viu as fotos sabe que se fosse essa a intenção teria feito pelo menos uma produção mais bonita e não em um quarto como o da casa do meu ex”, observa. Além desse tipo de comentário, Diléia já foi vista como garota de programa. “O problema disso são as fofocas que surgem depois. Minha família ficou muito abalada com a situação. Ter vindo morar em Bagé para estudar foi ótimo, pois aqui sou uma anônima”, ressalta a acadêmica.

 

 

Diléia: fotos sensuais foram parar na internet após computador pessoal ir para assistência




 

 

O vazamento de fotos da intimidade de cachoeirenses na internet está tão popular que muitas lendas estão se criando em torno das histórias. Há boatos de que existem fotos de mulheres conhecidas na cidade em poses eróticas e durante relações sexuais. Além disso, também têm se criado muitas brincadeiras. Uma delas é um e-mail que traz como assunto "fulana" na net. Ao abrir os arquivos de Power Point surge uma senhora idosa em poses sensuais e ao mesmo tempo bizarras.




 


Uma vida de cabeça para baixo


Um dos e-mails que está circulando pela cidade é da jovem A.B., 25 anos. Ela concedeu entrevista à LINDA sob a condição de ter somente suas iniciais divulgadas. A.B. viu sua vida desmoronar ao descobrir que fotos feitas pelo ex-namorado há quatro anos durante uma relação sexual estavam sendo expostas para quem quisesse ver. “Eu nem sabia da existência dessas fotos. Na época ele me fotografou mas um tempo depois, na minha frente, apagou as fotos. O que eu não sabia é que ele havia gravado em seu computador antes de apagar”, conta.
“Estava namorando quando o e-mail apareceu. Na mesma hora ele terminou comigo. Não saio mais nem mesmo para ir ao mercado e tive problemas no meu trabalho. Resumindo, vi uma vida estruturada virar de cabeça para baixo e desde disso estou em depressão”, desabafa. Com provas de que foi o ex-namorado que divulgou as imagens, A.B. já está movendo um processo indenizatório. “Me deixei fotografar há quatro anos, hoje ja-mais deixaria. Sou mais madura e me arrependo muito. Não tenho mais paz. Chego a ser apontada nas ruas. A única coisa que eu quero agora é que esse meu ex-namorado pague pelo que fez e tenho a esperança que um dia as pessoas vão esquecer tudo isso e eu vou poder voltar a ter uma vida normal”, relata a jovem, visivelmente abalada.
ESQUECIMENTO - A esperança de quem tem sua intimidade devassada na internet é que com o tempo o assunto caia no esquecimento. Foi isso o que aconteceu com um conhecido casal da cidade que em 2004 viu fotos feitas com eles nus vazarem na rede após o computador pessoal de um deles ir para manutenção. Na época, segundo relato dela - que pediu não ser identificada - a vida se transformou em um verdadeiro inferno, mas hoje ninguém comenta com eles sobre o fato. “Apesar de não ser mais falado, nunca esqueci o nosso sofrimento”, conta. O caso chegou a ser denunciado à polícia mas nunca ficou provado o responsável pela divulgação das imagens.

 

Saída é ir embora


Uma professora do ensino fundamental de uma das maiores escolas da cidade é outra cachoeirense que está vivendo o transtorno de ter sua intimidade devassada na internet. Aos 36 anos, ela se deixou fotografar há cerca de dois anos e meio pelo ex-namorado que alega agora não ser o culpado pela exposição das fotos. “Fizemos as fotos em um momento de paixão, assim como muitos casais fazem. Como ele é bastante conhecido nunca imaginei que fosse divulgar as imagens. Ele justifica dizendo que vendeu o computador e a loja de informática é a responsável por ter espalhado minhas fotos”, conta. Por conta da vergonha que vem sentindo, a professora já pediu transferência para outra cidade.
“Desde que fiquei sabendo que as fotos estavam na internet deixei de ir à escola e quero ir embora daqui. Tenho um filho de 18 anos e isso me abalou muito e pode prejudicar ele, que mesmo não morando mais em Cachoeira, com certeza será afetado”, desabafa. Para a professora, outro ponto da história que está mal explicado é a divulgação somente das suas fotos, sendo que o ex-namorado também protagonizou ensaios eróticos.



 


É crime!


De acordo com o promotor de Justiça João Ricardo Tavares, 39 anos de idade, sendo 17 de profissão, se a pessoa fotografada for menor de 18 anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê ao responsável duas condutas criminosas: ato de fotografar (reclusão de quatro a oito anos) e divulgação das imagens (reclusão de três a seis anos). Já se a pessoa fotografada for maior de 18 anos, como tem acontecido na maioria dos casos, cabe só ação por dano moral pela divulgação das imagens. “Muitos questionam que se existe a foto é porque se deixaram fotografar, mas a divulgação é que não foi permitida e aí está o dano que pode ter que ser indenizado”, observa. João Ricardo salienta que quem repassa esses e-mails com fotos em que a divulgação não foi autorizada também poderá ser responsabilizado, assim como quem iniciou a distribuição do material.

 

 






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