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Reportagens EDIÇÃO 18 - OUTUBRO 2008

Para quem você acende vela?


Experiências religiosas e espirituais dos cachoeirenses revelam um povo de fé

 

Possuir uma religião, uma crença ou um ponto de apoio espiritual é uma questão de sobrevivência na vida dos seres humanos. Crer numa força maior e depositar esperanças nas palavras da Bíblia e em outras tantas doutrinas existentes é quase unanimidade na vida dos brasileiros, segundo apontam 10 entre 10 pesquisas sobre este assunto. Em um povo genericamente católico, vêm se revelando grupos, seitas, filosofias e até derivações de religiões já existentes, mostrando que todas as pessoas querem buscar algum comprometimento com a fé. Além do conforto da palavra, de alguma explicação, de um apoio, a fé é a única coisa que une todos os seres sem distinção de cor, raça, dinheiro, status e outros rótulos que a sociedade gera.
Em Cachoeira, os exemplos estão por toda parte. A jovem Marcela Morisso, 29, é um desses modelos de doação. Integrante da Igreja Local do Senhor Jesus Cristo em Cachoeira do Sul desde 2000, ela confessa ter resistido a crer na palavra de Deus logo no início, quando seu pai já fazia parte do grupo. “Meu pai insistiu tanto e tinha tanto gosto em freqüentar os encontros que um dia eu e meu irmão resolvemos conhecer a Igreja”, conta a fonoaudióloga.

 

Marcela: “Um caminho, uma verdade, uma vida. Esse é o lema que o Senhor traz para nós e que meu pai conseguiu me transmitir ainda em vida”.

 

Após começar a freqüentar as missas, Marcela virou adepta e até hoje leva suas experiências adiante. “No início minhas amigas me chamavam de louca, porque aquilo tudo me fazia tão bem que eu queria de alguma maneira mostrar a elas. Hoje eu entendo que cada um tem seu tempo e procuro sempre respeitar todas as crenças”, revela a jovem, que também conta ter sentido grande diferença no modo de enxergar as coisas. “O mais difícil é a conversão de atitudes. No momento em que você acredita naquilo, fica submissa a Cristo, mas para mim foi puro amadurecimento. Eu realmente precisava que Deus entrasse no meu coração”, confessa.
Assim como Marcela, muitas pessoas resistem à entrega total a uma religião. O empresário Anderson Corrêa Santos, 33, era totalmente contra qualquer tipo de crença, quando foi convidado por um primo a fazer o Emaús, curso de valores humanos que pertence à Igreja Católica. “Sem motivo algum, eu era radicalmente contra qualquer coisa ligada à religião. Um dia resolvi fazer o Emaús, mas sem intenção de me entregar, bem pelo contrário. Então quando cheguei ao retiro fui recebido por uma menininha com uma rosa na mão. Não tive como resistir àquele gesto”, conta. Desde 1999 ele é integrante ativo do grupo e devoto da religião católica. “Participar do retiro foi a melhor coisa que fiz na vida, pois me ajudou a encontrar sabedoria para entender as provações da vida. Tudo que tenho hoje eu devo a minha fé”, observa Anderson, pai de Mariana, sete meses, e marido de Joseane Bredow, 28, que também aderiu a sua religião. Segundo ele, ter Deus em sua vida é uma forma de conforto, de orientação. “Muitas vezes não tinha como dar seguimento ao meu negócio, então eu e minha esposa orávamos e do nada alguém surgia para me pagar, ou me ajudar”, revela o acadêmico de Administração. “Quanto maior for sua crença, maior fica sua responsabilidade, o seu comprometimento com a palavra, pois um dia todos vão faltar, Jesus não”, salienta.



Anderson: o missionário de Emaús revela que acende sua vela exclusivamente para Jesus


 

Uma crença em outro plano


A experiência ligada a crenças e seres divinos iniciou cedo na vida da professora Gisele Riccardi Passos, 43, que aos dois anos de idade sentiu a presença do avô já falecido. “Pude sentir meu avô tocando meu ombro e até hoje não esqueço dessa experiência”, conta a espírita kardecista que desde 1990 faz estudos sistematizados da doutrina. “Acredito na lei da causa e efeito”, ressalta. Ela diz ter achado respostas nunca antes obtidas somente através do espiritismo. A religião surgiu aos poucos na vida da professora, que buscou naturalmente o espiritismo, levando-o também à mãe, Edna Passos. “Todos nós temos mediunidade, mas apenas em algumas pessoas isso acontece de forma mais expressiva e comigo foi assim, todas as direções me levaram ao que considero minha base de vida”, observa.
Em meio a doutrina, Gisele acumula uma série de situações e provações que a levaram para o espiritismo, como a perda da irmã em 1994. “Depois que a Simone foi para o outro plano espiritual, recebemos mensagens psicografadas por um médium da cidade de Uberaba, em Minas Gerais. Cartas que diziam coisas sobre nossas relações e nossa família é prova concreta de que o espiritismo está presente em nossas vidas ”, lembra ela. “Os centros espíritas de Cachoeira são muito bons e os devotos estão cada vez mais buscando essa ciência, pois ela tem o dom de amenizar dores e explicar fatos cármicos em nossas vidas, através de palestras e passes isolados e em correntes”, conclui.


 

Para a professora de línguas Gisele Passos, o espiritismo é o lenitivo para alma



 

 Fala cachoeirense


Para quem você acende sua vela?



Maria Helena Feldmann, 49
Dona de casa


"Acendo minha vela para Deus, pois como dizia santo Anselmo, eu não tenho a intenção de compreender para crer, mas crer para compreender."




 


Werner Bittelbrunn, 73
Vice-presidente Associação dos Aposentados e Pensionistas


"Fui criado na Igreja de Confissão Luterana do Brasil com a crença de que Jesus Cristo é o centro da nossa vida espiritual e também o único elo que nos conduz a Deus. Nesta fé permaneço."




 


Janaína Rejane Spalding Ribeiro, 36
Funcionária Pública


"Acendo a vela para Oxalá, o pai de todos os orixás dentro de nossa crença, e também para Deus, que é o maior de todos os pais."




 


Marília Ribeiro, 50
Comerciante


"Acendo para meu anjo da guarda, Anjo Miguel, porque é protetor do domingo, dia em que nasci."




 


Carlos Eduardo Dreyer, 43
Publicitário


"Fui batizado na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), onde fiz a primeira comunhão e freqüento até hoje. Já fui a centenas de missas católicas, freqüentei centros espíritas, cursos sobre parapsicologia. Há 12 anos sou maçom. A maçonaria não é uma religião, mas uma filosofia, que parte do princípio que é preciso crer em Deus, seja qual for a religião."

 






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