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Reportagens Edição 128 - setembro de 2018

Ai, como dói!


Comparável à dor do parto, cálculo renal é uma das piores dores que o ser humano pode sentir.  Saiba como prevenir e tratar

 

No meio do caminho tinha uma pedra”, diz o poema de Carlos Drummond de Andrade. Mas, segundo o dito popular: “Mais vale uma pedra no caminho do que duas no rim”. A litíase urinária – doença crônica conhecida como cálculo renal, ou popularmente “pedra nos rins” – é marcada pelo surgimento de cálculos ou pedras nas vias urinárias e pode acometer desde os rins até a uretra (canal condutor da urina). A doença atinge cerca de 10% da população mundial de ampla faixa etária, mas os homens sofrem duas a três vezes mais do que as mulheres, com pico de incidência entre os 40 e 60 anos de idade, atesta o médico urologista GENARO PEREIRA TROJAHN, 36, com 13 anos de formação e seis meses de atuação no Centro Clínico do HCB.


“O HCB oferece tratamento da crise de cálculo renal por fragmentação a laser, que, associado à técnica de acesso ureteroscópico (vídeo), é o que tem de mais moderno no mundo”, diz o médico urologista Genaro Trojahn

 

 

COMPLICAÇÕES
As consequências dos cálculos urinários sintomáticos são variáveis, destacando-se a dor recorrente relativa à obstrução parcial ou total e infecções relacionadas ao cálculo, podendo levar a pielonefrites (inflamação do rim devido a uma infecção bacteriana), abscessos renais e até perda do rim, conforme destaca Genaro.
“Ainda, o paciente com cálculo obstrutivo bilateral pode evoluir para a insuficiência renal aguda, que é a perda aguda da função dos rins, exigindo tratamento cirúrgico de urgência, assim como a infecção urinária com cálculos associados”, salienta.


O QUE É E A CAUSA


A maior parte dos cálculos (ou pedras) é formada por cálcio, totalizando 80%, sendo mais comum o oxalato de cálcio (composto químico formador de cristais). Outros compostos, como cistina (aminoácidos que compõem as proteínas) e ácido úrico (substância produzida naturalmente pelo organismo a partir da metabolização das proteínas ingeridas), também aparecem na composição dos demais cálculos, podendo surgir concomitantemente, como explica Genaro.
“Os cálculos são formados pela agregação dos ‘cristais’ que ocorre após a supersaturação (elevada concentração) e precipitação de algumas substâncias que costumeiramente são solúveis na urina, sendo por uma maior eliminação renal e/ou por um menor volume urinário”, esclarece.


SOBRE GENARO

Natural de Bagé (RS), Genaro Trojahn é médico graduado pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e cirurgião-geral formado no Complexo Hospitalar Professor Edmundo Vasconcelos (CHEV), em São Paulo (SP). Concluiu sua especialização no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), de Porto Alegre. A urologia é uma especialidade da medicina que trata do sistema urinário de homens e mulheres e do aparelho reprodutor masculino.


TRATAMENTO

As pedras renais podem ser expelidas naturalmente, mas em alguns casos, somente através de cirurgia. “Estatisticamente, cálculos de dois a cinco milímetros têm de 50% a 80% de probabilidade de passar pelo trato urinário, enquanto cálculos de sete a oito milímetros têm possibilidade mais reduzida de serem eliminados espontaneamente, em torno de 20%”, esclarece.
Segundo o médico urologista, alguns fatores determinam a necessidade de intervenção cirúrgica, tais como: dor refratária à analgesia ou recorrente (ou seja, dor que mesmo utilizando analgésicos não cessa), presença de febre (infecção), deterioração aguda ou progressiva da função renal e obstrução urinária em pacientes com rim único.
“Nessas situações, independentemente do tamanho dos cálculos, é mandatório uma intervenção cirúrgica com brevidade”, alerta.

TIPOS DE INTERVENÇÃO – “O tratamento cirúrgico da litíase urinária (cálculos) é amplo, podendo ser realizado por cirurgia aberta, técnicas laparoscópicas (cirurgia por vídeo) e também por endourologia, que trata doenças através da manipulação endoscópica, sendo cirurgias minimamente invasivas”, explica.  
De acordo com Genaro, atualmente o tratamento mais moderno é a fragmentação/ pulverização dos cálculos por via endoscópica (endourologia) utilizando o laser como fonte de energia. “Essa técnica proporciona ótimos resultados e menor morbidade aos procedimentos, com tempo menor de internação”, assegura.


HIDRATE-SE!

A ingestão hídrica é importante para evitar a formação de cálculos visto que o consumo adequado de água diminui a concentração de alguns compostos formadores (solutos) de cálculos. Recomenda-se a ingestão de no mínimo dois litros de água por dia.
Medidas complementares de prevenção: diminuição da ingestão de proteína animal, restrição de sal, diminuição de peso em pacientes obesos e tratamento da síndrome metabólica – intolerância à glicose, pressão arterial elevada, dislipidemia (colesterol anormalmente elevado ou gorduras – lipídeos – no sangue) e obesidade central, frisa o médico.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é inicialmente clínico. “Exames de sangue e de urina são importantes para avaliar a presença de infecção e se há perda aguda da função renal”, ressalta.
Exames de imagem devem ser feitos, destacando-se o ultrassom (ecografia) e a tomografia computadorizada. “A tomografia computadorizada é o exame padrão ouro para a identificação dos cálculos e também para avaliar o volume e a posição dos mesmos, indicando qual é o procedimento cirúrgico mais adequado para a resolução dessa patologia”, atenta.


RECIDIVA DA DOENÇA

Mesmo após a cirurgia, há chance do reaparecimento de cálculos renais. “Uma pessoa que apresentou cálculo pela primeira vez tem 50% de risco de recorrência nos próximos 10 anos”, aponta. Pacientes com forte história familiar de litíase, portadores de rim único, com doença intestinal (diarreia crônica) ou que foram submetidas a algumas cirurgias intestinais, fraturas patológicas do esqueleto e osteoporose, história pessoal de gota, entre outras condições, necessitam de investigação adicional, salienta Genaro.

 




SINTOMAS
O principal sintoma da litíase urinária é a dor lombar (dor nas costas) que avança para a região lateral (flanco) e inferior do abdome, muitas vezes apresentando náuseas e vômitos associados, hematúria (sangue na urina) e febre, sendo este um sinal de alerta para uma possível complicação. “É importante frisar que nem todo paciente portador de cálculo apresentará sintomas, estando estes associados a possíveis complicações”, enfatiza.


Pedras renais vistas de perto

 






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