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Reportagens Edição 116 - agosto de 2017

Meu pai, meu herói


Pais que fizeram a diferença para seus filhos e para o mundo

Eles não têm superpoderes. Não podem voar. Nem mesmo mover montanhas. Mas foi o que eles fizeram para cuidar e educar seus filhos com muito amor, carinho e disciplina. Para muitas crianças, seus pais são verdadeiros super-heróis, o que não deixa de ser realidade. A partir do momento em que se viram pais pela primeira vez, eles foram designados a nobres e dignas missões, como ensinar seus filhos a defenderem seus próprios ideais, transmitir bons valores e combater o inaceitável. Por isso os pais têm um papel muito importante na vida dos filhos. Segundo a Associação Americana de Psicologia, as memórias relacionadas à figura paterna durante a infância desencadeiam uma série de sintomas comportamentais e psicológicos na fase adulta, afinal de contas, os pais são exemplos para seus filhos. Mas os pais desta reportagem são também exemplos para o mundo.


Confira quatro histórias inspiradoras de pais e filhos


FILHA DE CORAÇÃO


Assim que o engenheiro civil José Gilmar Machado, 52, e Simone Cardoso Machado, 44, empresária, casaram-se, em 1994, surgiu a vontade de juntos compartilhar seus sonhos e de completarem a família, “de ter mais alguém junto para participar de suas vidas e ocupar um certo vazio”, como descreve Gilmar. Da decisão de ter filhos à consolidação deste sonho, o casal enfrentou dificuldades, percalços, uma gravidez que não prosperou e frustrações após anos de tentativas e idas a médicos. Até que chegaram à conclusão que algo, ou melhor, alguém especial estava reservado a eles, que o fruto do seu amor não seria concebido de forma natural, mas de uma forma um pouco diferente.

A CAMINHO DA ADOÇÃO


Sem saber que a sua futura filha (Rosana Cardoso Machado, hoje com 17 anos de idade, estudante) já lhe esperava, o casal, então, partiu para a adoção. “É um processo lento e burocrático, demanda paciência, horas de espera, lidar com advogados, juízes, um monte de coisas que acabam atrasando a convivência entre quem quer ser pai e quem precisa de um. Por isso sempre digo que a ‘gestação’ de minha filha foi de mais de dois anos, ou seja, um tempo muito longo, mas que ao invés de diminuir uma vontade que já estava dentro de mim, ao contrário, só fez aumentar, e no final, quando tive nas mãos a certidão de nascimento e a presença física dela em nossa casa, vejo que tudo valeu a pena e que não existe sensação melhor na vida do que poder dizer que agora sou pai”, emociona-se o engenheiro.


“A alegria de ser pai é incomparável. Ela está presente nos pequenos progressos do dia a dia, no sorriso retribuído, na companhia, no abraço ao se retornar para casa”, diz Gilmar


Minha filha faz com que todo dia eu acorde tentando ser melhor, com ânimo e vontade de enfrentar as adversidades, que a cada manhã eu me sinta uma pessoa completa”.
JOSÉ GILMAR MACHADO



Rosana, Gilmar e Simone

QUANDO NASCE UM PAI


José Gilmar conta que a chegada de Rosana modificou a vida do casal, e junto com ela vieram as sensações de medo e de dúvidas advindas da paternidade. “Sabia que deste momento em diante seria responsável pela formação, proteção e encaminhamento dela na vida, ou seja, que nossos destinos estavam entrelaçados de uma forma especial e única. Somente aos poucos me dei conta que por mais que pensemos que não estamos prontos para esta tarefa, o dia a dia me mostrou que sempre tive forças suficientes para lutar por algo melhor para ela, e para mim mesmo, e que a paternidade fez com que me tornasse uma pessoa melhor”, relata ele.
Para o engenheiro, todos os momentos ao lado da filha são especiais, mas lembra-se com carinho do primeiro dia que foi buscá-la com sua esposa na creche. “Naquele instante sabíamos todos nós que finalmente a família estava completa”, confidencia. E assim, José Gilmar segue presente em suas atividades escolares e sociais demonstrando que além de pai, é um grande amigo.


FOTOS: FABIANA TISCHLER



“... COM O CORAÇÃO SE CRÊ PARA JUSTIÇA”


Já dizia a Bíblia: “Porque com o coração se crê para justiça [...]”. Por trás de toda valentia atuando no combate aos crimes e às mazelas sociais e na defesa da ordem jurídica, pouco se imagina sobre seu lado terno junto da família. O promotor de justiça de Cachoeira do Sul João Ricardo Santos Tavares, 47, é casado com Luiza Amaral Tavares, 51, sócia-proprietária da Le + Li Gourmet, há mais de 20 anos, com que tem duas filhas, Mariana, 27, advogada, e Vitória, 17, estudante. João Ricardo e Luiza conheceram-se quando ambos haviam saído de uma separação, na época em que Mariana, fruto do primeiro casamento de Luiza, tinha seis anos de idade. “Eu não tinha filhos e fui conhecer a alegria de ser pai quando decidimos casar e criar a Mariana como nossa filha. Já havia visto fatos semelhantes pela minha atividade profissional, mas vivê-la na minha vida foi uma experiência maravilhosa que só me enriqueceu como ser humano”, diz Tavares.


Promotor João Ricardo Tavares acompanhado da esposa Luiza e das filhas Vitória e Mariana. Para ele, um dos melhores momentos é “estar na arquibancada da vida assistindo e participando do viver da vida delas”

Segundo o promotor, a filha Mariana o ensinou o que a força do amor é capaz de transformar. “Ela tem um coração maravilhoso, é uma pessoa extremamente generosa. Mostrou-me que ser pai é definitivo e ao mesmo tempo fascinante pela certeza da continuidade de nossa existência”, orgulha-se. Mais tarde veio a Vitória para completar esse sentimento e a sua família. “Ambas são pessoas do bem, e isso é muito importante nos dias de hoje, onde um dos maiores desafios para nós, pais, certamente é conseguir manter acesa a crença e a esperança de um futuro melhor e de que agir corretamente sempre vale a pena, apesar de tudo”, observa ele.

 

 

DESAFIOS DA PATERNIDADE
Se a alegria é imensa por essa certeza e realização, há também desafios enormes e responsabilidades proporcionais. Para João Ricardo, a maior contribuição que um pai pode passar aos seus filhos é “não deixar que o desânimo ou a desesperança fulmine com seus sonhos e ter a certeza de que eles podem, com suas atitudes e decisões, construir esse país que tanto queremos, mais justo, solidário e desenvolvido”.

 

 

“Costumo dizer que me considero um homem abençoado por ter tido a oportunidade de ser pai de duas mulheres lindas por dentro e por fora”.
JOÃO RICARDO TAVARES





FABIANA TISCHLER

PRESENTE SURPRESA


A notícia de que seria pai pela primeira vez chegou repentinamente, de forma inesperada. O empresário Maurício Rezende, 30, recém havia se formado em Fisioterapia, não tinha um emprego fixo e estava realizando o sonho de estudar mestrado na faculdade de medicina de Córdoba, na Espanha. Além disso, seu relacionamento com a ex-namorada já havia acabado, e ser pai era um sonho distante. Apoiado pela família, Maurício teve sua vida transformada com o nascimento de Maria Eduarda Rezende, a Duda, que está com 8 anos de idade. “Eu acompanhei desde os últimos dias de gestação até assistir ao parto, buscando sempre ter muito carinho e amizade com minha ex, mesmo passando por situações complicadas”, conta.
Presente desde a gestação até os primeiros passos, as trocas de fraldas e a primeira mamadeira, Maurício foi criando um elo com a filha e quando percebeu estava totalmente envolvido com aquele sentimento. “De uma forma que eu não me imaginava ficando nem mais um minuto longe daquele pedacinho de gente”, resume. Em um acordo amigável, o empresário ficou com a guarda de Duda, e viu-se cada vez mais apaixonado pela filha. “Cada dia aprendi muito, minha família sempre me apoiando, meus amigos sempre dando força e em especial minha mãe (Maribel Rezende, 51, empresária), que assumiu o papel de mãe-avó”, relata ele. “Hoje não sei dizer se sou eu quem cuido dela ou ela quem cuida de mim (risos). Aquela história que no início me assustou tanto, até por eu ter uma vida alternativa, se tornou, com certeza, a história mais plena e linda da minha vida”, conclui.


“Ser pai é a maior plenitude que alguém pode ter. Foi meu crescimento como ser humano, como pessoa, como profissional. Hoje posso dizer que a Duda é minha inspiração para tudo, me dá forças até nos dias mais difíceis”, fala Maurício


NOME DE RESIDENCIAL


Tamanha importância de Duda em sua vida, Maurício homenageou-a batizando com o seu nome o Residencial Duda Rezende, empresa de hospedagem de idosos que conta com cinco filiais na cidade. “Ela, desde pequena, frequenta as clínicas diariamente comigo e já tem um papel importante dentro das casas, onde brinca, alegra e até ajuda os idosos em suas atividades”, conta.


“Minha relação com a Duda sempre foi algo diferente, desde bebê. A gente se entende muito, se cuida, curtimos muito um ao outro, é uma relação de amizade, respeito e amor que eu nunca tinha vivido”.
MAURÍCIO REZENDE


SEMPRE JUNTOS


Para o empresário, estar junto de sua filha é sinônimo de felicidade e por isso prefere ir a lugares em que ela possa sempre acompanhá-lo. “Fora das clínicas também estamos quase sempre juntos, meus amigos já sabem que todos os convites que vêm para mim de festas, jantares e passeios automaticamente já se estendem à Duda. Se vou sem ela sempre fica aquela dúvida: ‘Será que ela está bem?’, mesmo sabendo que minha mãe a cuida melhor que eu e ela adora estar em sua companhia”, fala Maurício. “Temos dias e noites só nossas, saímos pra jantar só eu e ela, viajamos muito juntos, às vezes só eu e ela. Adoramos pegar um avião e ir para longe ficar dias só nossos, curtir praias, teatro, passeios, coisas que nos ligam ainda mais”, diz ele lembrando da última viagem que fizeram juntos para Arraial do Cabo (RJ) e das “aulas” de stand up paddle com Duda.
Maurício passou seu maior apuro quando Duda, com apenas um ano de idade, teve um problema de saúde, o qual não foi diagnosticado, e ficou desacordada durante dois dias. “Eu me senti tão impotente, tão triste, eu só pensava que não aguentaria se acontecesse algo com ela. Após passar por muitos médicos, muitas avaliações, medicações, do nada ela acordou e disse ‘Tô fome, dá um patél’, pedindo um pastel”, recorda-se ele, que naquele momento teve a certeza que não conseguiria mais viver sem a sua filha.



DUPLAMENTE ABENÇOADO

Casado com a crocheteira Eunice Hamann, 50, há 25 anos, Júlio Roberto Ferreira Lopes, 50, coordenador da agência FGTAS/Sine de Cachoeira do Sul, tornou-se pai pela primeira vez aos 28 anos de Juliana Hamann Lopes, 23, estudante de Psicologia e princesa da 19ª Fenarroz. Passados 10 anos, percebeu-se novamente pai, desta vez de uma filha com raros problemas de saúde, Poliana, que hoje tem 12 anos de idade e estuda no sexto ano do Colégio Barão do Rio Branco. “Após a paternidade fiquei bem mais criterioso com meus atos e decisões, pois minha forma de vida influi diretamente na condição de vida delas”, reconhece.


Júlio Lopes ao lado da esposa Eunice e das filhas Juliana e Poliana. “Acho que o amor é a definição de tudo. Amo minhas filhas mais do que amo a mim mesmo!”, afirma ele


“Tudo o que faço, planejo ou construo é pensando no futuro das minhas filhas. Procuro ter uma relação de amor, respeito e dignidade com elas. Nunca as deixo desassistidas!”.
JÚLIO LOPES


IGUALDADE ENTRE AS FILHAS


Conforme Júlio, a experiência da paternidade de Juliana foi imprescindível para enfrentar todas as dificuldades advindas da chegada de uma filha com necessidades especiais. “A paternidade é um aprendizado diário e desta forma venho caminhando, um dia de cada vez, sempre com a certeza que amanhã nada será igual, porém estarei um dia mais maduro e duro para o embate da vida paterna”, pensa ele. Para o coordenador, um dos desafios mais contundentes na sua vida de pai é conseguir estabelecer um tratamento isonômico com suas filhas. “Visto que as necessidades e preocupações da Juliana são extremamente distantes dos anseios que Poliana apresenta, é um verdadeiro malabarismo”, esclarece Júlio, que procura estar sempre ao dispor das filhas para atender o que lhes é necessário com atenção, disponibilidade e zelo.


ALEGRIAS DA PATERNIDADE


Sobretudo, a chegada das filhas trouxe muitas alegrias ao casal. Para Júlio, dois dos momentos mais inesquecíveis ao lado das filhas foram quando Poliana resistiu a uma hemisferectomia funcional (cirurgia na cabeça) que durou em torno de oito horas, em agosto de 2005, e quando Juliana foi eleita princesa da 19ª Fenarroz, em novembro de 2015. “São marcos de plena felicidade em minha vida paterna!”, resume ele, recordando-se também de seus aniversários. “Lembro que sempre levava flores pra Juliana na saída do colégio e as dou até hoje. Com a Poli é sempre um abraço bem apertado, que é o que ela prefere”, comenta Júlio.






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