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Reportagens Edição 100 - março de 2016

Gírias da internet: criatividade ou atrocidade?


Você acha que sabe tudo sobre gírias? Só que não (SQN). Com a crescente popularidade das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, novas palavras, frases e expressões surgem o tempo todo. A linguagem simplificada e informal utilizada na internet, conhecida como internetês, se estendeu para o mundo real colocando em dúvida se esta é uma demonstração de criatividade ou de atrocidade à língua portuguesa. Confira as gírias e os memes* mais utilizados do momento. #Partiu leitura.

 

 

Já acabou, Jéssica?

O meme surgiu com um vídeo do YouTube que mostra a briga entre Jéssica e Lara, estudantes de uma escola em Minas Gerais. Após sofrer vários golpes, Lara, vestindo uma camiseta do Pará, levanta, arruma os cabelos e revida: “Já acabou, Jéssica?”. A frase virou bordão instantâneo, podendo ser utilizada quando terminamos algo difícil. O vídeo superou meio milhão de acessos e virou até jogo disponível para celulares Android. A briga foi ocasionada por ciúmes, mas as jovens voltaram a ser amigas.


Falsiane


Esta expressão se refere a uma mulher falsa e traidora, podendo ser utilizada em tom de brincadeira, ou não. Existem também outras variações, como a escrotiane, usada para chamar alguém de escrota (no português coloquial, uma pessoa de baixo valor).


Crush


É uma gíria que significa paixão súbita em inglês, usada para se referir a alguém que você está a fim. Numa tradução próxima, seria o mesmo que “ter uma quedinha”.


Shippo

O termo surgiu da abreviação ship, que em inglês significa casal. É usado para dizer que você aprova um casal, ou seja, você shippa ele.



Seja menas

É uma variação de seja menos com erro gramatical proposital cujo sentido é ironizar alguém dramático ou exagerado. É o mesmo que dizer “bem menos”.


Taca-le pau


A expressão taca-le pau virou sucesso na internet com o vídeo de Marcos descendo o morro da Vó Salvelina com um carrinho de rolimã em 2014. O primo Leandro, além de gravar o vídeo, faz a narração. Os bordões “Taca-le pau nesse carrinho, Marco!” e “Mazá, Marco véio” tornaram-se frases de incentivo.



Partiu

Partiu academia, partiu facul, partiu balada. Esta gíria geralmente aparece acompanhada de hashtag (#) nas redes sociais quando alguém quer dizer que vai a algum lugar ou vai fazer algo.

 



Foi fazer a unha, né Fabíola?

A desculpa de Fabíola originou este bordão após ser pega em flagrante pelo marido com o próprio amigo no motel, em dezembro do ano passado, no estado de Minas Gerais. Revoltado, ele aparece dando chutes e socos no veículo e depois vai tirar satisfação com sua esposa: “Foi fazer a unha, né Fabíola?”. A cena foi postada no YouTube e o vídeo já recebeu mais de 2 milhões de acessos.



MEMES – O termo meme provém do grego “imitação” e é utilizado para descrever vídeos, imagens ou frases engraçadas que se espalham pela internet alcançando popularidade imediata.

 

 

 


Miga, sua loca

Esta frase representa as indiretas trocadas pelas amigas nas redes sociais, sem origem definida. A página no Facebook “Miga, sua loca” acumula quase 400 mil acessos e reúne imagens e citações engraçadas.


De boas

A página do Facebook “Deboísmo”, cujo mascote é o bicho-preguiça, foi criada por um casal de Goiás com a intenção de propagar o espírito “de boas”, que caracteriza a paz, a tranquilidade e o sossego. O meme tornou-se tão conhecido que chegou a ser usado pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Facebook.


Sabe de nada, inocente

O bordão “Sabe de nada, inocente”, dito pelo cantor Compadre Washington em uma propaganda da OLX, viralizou na internet em 2014, mas continua fazendo sucesso. É usado para contrariar alguém inocente ou ignorante em determinado assunto.


Sofrência

Sofrência é uma mistura de sofrimento com carência que aparece com frequência nas redes sociais e na música sertaneja. Este termo ganhou fama com a música “Porque homem não chora”, do cantor Pablo, conhecido como o “rei da sofrência”.


Stalkear


Esta expressão deriva da palavra inglesa stalker, que significa perseguidor. É utilizada para dizer que você está vigiando alguém nas redes sociais.




Só que não


A gíria é utilizada nas redes sociais para ironizar algo ou alguém dando sentido contrário à frase. Pode ser abreviada como SQN.





Me solta

A imagem da mulher segurando o alienígena com frases bem-humoradas tornou-se viral na internet, tanto que já foi usada pela presidenta Dilma Rousseff no Facebook. O meme foi criado por um artista brasileiro conhecido como Mandrakem, que fez uma montagem baseada no quadro “O amor desarmado”, do pintor francês William-Adolphe Bouguereau, durante um concurso de Photoshop em 2008, mas só agora veio a fazer sucesso. A página “Me solta, miga” já passou de 1 milhão de curtidas.





O OUTRO LADO

A professora de Português Tânia Schaurich Cíceri, 57 anos, tendo 34 anos de atuação no magistério, entende que o uso de gírias e abreviações no ambiente virtual virou costume devido ao crescimento da internet e da busca por agilidade. “O objetivo é digitar de forma mais ágil, enviando, assim, mensagens cada vez mais rápidas”, explica. Tânia entende que essa prática não deveria ser uma preocupação caso permanecesse somente em aplicativos e redes sociais.

Segundo a professora, a maioria das crianças e adolescentes chega à sala de aula escrevendo da mesma forma. “Essa atitude vem do fato de que estão em formação, o que dificulta a distinção entre os diferentes tipos de língua - coloquial e culta”, atenta. Tânia ressalta que os professores, independentemente da área de atuação, devem deixar claro que a linguagem utilizada na sala de aula e no dia a dia é diferente da utilizada nos computadores e celulares.


GABRIEL RODRIGUES
 






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