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Reportagens Edição 67 - março de 2013

Adolescência com duas caras


Filhos são uma eterna apreensão para os pais. Só o que muda com o passar dos anos são os motivos dessa aflição.

Já diz o ditado popular: filhos criados, trabalho dobrado! A verdade é que, para os pais, o encaminhamento da vida de seus herdeiros nunca deixa de ser alvo de preocupação. Como tudo muda e evolui, essas aflições a respeito do presente e futuro dos filhos também não são as mesmas a cada década que passa. Quem já  esteve dos dois lados, foi filho e hoje é pai, conhece bem o que assustava em sua adolescência e os vilões de hoje. LINDA conversou com seis cachoeirenses sobre suas recordações de “ex-adolescentes”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

ANOS 50

“A maior preocupação da minha família era que eu estudasse e tivesse um comportamento social compatível com as convenções da época. Passei minha adolescência nos anos 50, onde o grande rei da época na esfera musical era o Cauby Peixoto. Também ouvíamos muito Nelson Gonçalves, Emilinha Borba, Ângela Maria e Chico Alves. A moda era o uso de terno completo, inclusive gravata nos fins de semana. Éramos mais discretos e não usávamos cabelos compridos e nem calça jeans. O namoro não tinha tanta ousadia como hoje e os rapazes que bebiam muito e tinham várias namoradas ficavam “falados” e as moças que trocavam muito de namorado e que andavam desacompanhadas de amigas e parentes caíam na boca do povo. Moça fumante era considerada muito ‘moderninha’, mas era coisa bem rara. Bem diferente de hoje, não? Tive cinco filhos, um falecido e os outros têm hoje 52, 49, 47 e 37 anos. Minha preocupação maior era que eles não se envolvessem demais com as drogas lícitas (cigarro e bebida), já que na época as drogas ilícitas não eram tão comuns”.
Armando Fialho Fagundes, 75, advogado

 

 

 

 

 

 

 



ANOS 60/70

“Minha adolescência foi na década de 60. Nesta época a maior preocupação dos meus pais era em relação a eu ter uma boa educação, terminar os estudos, casar virgem, ter filhos, ser uma boa esposa e uma pessoa feliz. Ficavam malfaladas aquelas gurias que engravidavam antes do casamento e andavam soltas pela rua. Tínhamos que andar sempre acompanhadas, até nos bailes. Sair antes dos 18 anos era impensável e, mesmo assim, tinha que ir alguém mais velho junto. As moças não poderiam jamais fumar na frente dos mais velhos. Naquela época não tinha esta história de que o cigarro faz mal e eu acho que a gente fumava para se exibir mesmo, mostrar que já era adulta. Para os rapazes, era feio beber muito e provar as drogas do momento. Tive um estilo hippie nesta fase da minha vida e adorava ouvir Beatles, Roberto Carlos, Elis Regina, Bob Marley e Rolling Stones. Eu tenho duas filhas, uma de 33 e outra de 35 anos, e minha preocupação com elas sempre foi que se envolvessem com más companhias e drogas. Pensava muito no futuro delas e queria que tudo fosse feito etapa por etapa, sem filhos e casamento muito cedo”.
Maria da Graça Vidal Smidt, 61, professora aposentada




 

 

 

 

 

 

“Na época da minha adolescência, lá pelos anos 60, a Jovem Guarda ditava moda no Brasil. A mulher deu início ao uso da minissaia e aos vestidos curtos, mas nem com esta “liberdade feminina” podíamos ir às festas sozinhas, tínhamos que estar sempre acompanhadas de um responsável. Para namorar, era necessário ter o consentimento dos pais e era proibido ter relações sexuais cedo. ‘Ficar’ era impensável, isto deixava as mulheres malfaladas. A maior preocupação da minha família era ter bom caráter, conseguir tudo honestamente. Eu tenho três filhos, com idades de 35, 33 e 27 anos. Minhas atenções são para que eles sejam felizes e estudem bastante”.
Marilene de Azevedo Crespo, 61, empresária

 

 

 




 

 

“Os Beatles marcaram uma época muito feliz da adolescência. Mais adiante, Elvis Presley, John Travolta e Bee Gees convidavam o público a dançar, prática que gosto e exercito até hoje. A sociedade era muito mais machista. Mas, mesmo com as conquistas femininas merecidas, ainda há fortes resistências para o reconhecimento da desejada igualdade entre homens e mulheres. As maiores preocupações dos meus pais eram com os estudos. Eles também eram exigentes e vigilantes quanto às minhas companhias, sendo rígidos nas orientações sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas. Tenho dois filhos, uma com 30 anos e outro com 27. Sempre os acompanhei na escola e nas atividades sociais. Participava com eles até mesmo nas boates, eventos em que os pais normalmente não se faziam presentes. Os estudos deles e uma boa formação sempre foram motivos de preocupação, mas acredito que os resultados mostraram-se positivos, uma vez que os meus dois filhos já estão encaminhados”.
Wanderlei José Herbstrith Willig, 58, advogado







 

 

 

ANOS 80

“Fui adolescente na metade dos anos 80. Minha família, como penso que a maioria das famílias dos adolescentes da época era, tinha grande preocupação em esclarecer sobre o perigo das drogas, que nos anos 80 não eram tão pesadas e nem oferecidas na escala de hoje, pelo menos nas cidades do interior. Tenho duas filhas, uma com 22 e outra com 12 anos. Minha maior preocupação é encaminhá-las para que tenham sucesso e felicidade pessoal e profissional. Procuro estar sempre atento para que elas fiquem longe dos perigos de hoje, principalmente em relação às drogas e à violência. Na minha adolescência os jovens começavam a sair à noite aos 14 anos e eu gostava de ouvir Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Cazuza e RPM. A moda eram as calças jeans e as marcas como Adidas, All Star, Ocean Pacific, Lighting Bolt, entre outras”.
João Ricardo Santos Tavares, 43, promotor de Justiça

 

 





 

 

 

ANOS 90

“Minha adolescência foi vivida lá pelo final dos anos 80, início de 90. Vivi nessa época a onda “New wave”, a moda de roupa rasgada, das cores verde limão e laranja cítrico, como também das calças Deandê. O feio desta geração, para ambos os sexos, era ‘ficar’ (beijar) com uma pessoa em uma festa e com outra diferente na festa seguinte. Isso a tornava malfalada, bem como o uso de drogas ou bebidas de álcool em excesso. Tive uma educação padrão da época que conferia liberdade, porém controlada, onde as escolhas implicavam restrições, como, por exemplo, não frequentar boates antes de debutar. Comigo foi assim, somente com 15 anos e após meu debut é que pude ir a bailes na Sociedade Rio Branco e no Clube Comercial. Antes disso só podia frequentar festas particulares (reuniões dançantes). A preocupação dos meus pais era com relação à bebida de álcool e cigarro, além de uma gravidez precoce. A droga foi e continua sendo a preocupação dos pais de hoje e creio que sempre será. Eu tenho dois filhos, um com 5 anos e outro de 4 meses”.
Lisiane Doebber Cerentini, 38, advogada




 






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